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O melhor jeito de medir produtividade não é solicitando uma lista de tarefas por e-mail

Um dos problemas de pedir para profissionais listarem suas principais atividades da semana é que essa abordagem tende a medir ocupação, não impacto

Microgerenciar o dia a dia das pessoas não é uma das maneiras eficientes de avaliar a produtividade  (Nuthawut Somsuk/Getty Images)

Microgerenciar o dia a dia das pessoas não é uma das maneiras eficientes de avaliar a produtividade (Nuthawut Somsuk/Getty Images)

Sofia Esteves
Sofia Esteves

Fundadora e Presidente do Conselho Cia de Talentos/Bettha.com

Publicado em 6 de março de 2025 às 08h01.

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Por Sofia Esteves, Fundadora da Cia de Talentos, Bettha.com e Instituto Ser+

Pelo título deste artigo, suspeito que você já imagine a que estou me referindo. Sim, ao evento do último fim de semana, quando Elon Musk virou notícia por enviar um e-mail no sábado, dia 22, pedindo que servidores e servidoras federais detalhassem o que fizeram no trabalho na semana passada.

Quem me conhece sabe que não sou afeita a polemizar acontecimentos como esse porque acredito que isso não contribui para o debate saudável sobre o mercado de trabalho. Portanto, em vez de discutir as condutas do bilionário ou as suas posições políticas, quero focar em um assunto mais interessante para o mundo corporativo: maneiras eficientes de avaliar a produtividade de uma equipe. E já adianto que microgerenciar o dia a dia das pessoas não é uma delas.

Como avaliar a produtividade?

Um dos problemas de pedir para profissionais listarem suas principais atividades da semana é que essa abordagem tende a medir ocupação, não impacto.

A produtividade não se resume a um conjunto de tarefas concluídas, mas, sim, ao valor gerado por elas. Ou seja, um relatório cheio de atividades até pode parecer impressionante à primeira vista, só que ele não diz muita coisa sobre a relevância dessas entregas para os objetivos estratégicos da empresa.

Além do mais, convenhamos que não parece prático fazer uma análise de dezenas — dependendo do porte da empresa, centenas ou milhares — de "listas de tarefas”. Mesmo usando recursos de inteligência artificial para consolidar dados e gerar insights, a missão é demandante.

Por isso, em vez disso, me parece mais eficiente apostar em outras abordagens, como:

  • Definir objetivos claros e mensuráveis: como já expliquei, a produtividade deve ser avaliada com base nos resultados, não nas horas trabalhadas ou na quantidade de tarefas realizadas. OKRs e outras metodologias ajudam a alinhar expectativas sem a necessidade de controle excessivo.
  • Fomentar a autonomia com responsabilidade: profissionais que têm clareza sobre o que precisa ser entregue e como seu trabalho contribui para o todo tendem a se autogerenciar melhor. Isso reduz a necessidade de acompanhamento constante, poupa o tempo já escasso da liderança e cria um ambiente de confiança.
  • Priorizar feedbacks qualitativos e periódicos: reuniões individuais e de equipe focadas em progresso e desafios são mais eficazes do que um e-mail cobrando relatórios semanais. Isso porque o diálogo contínuo permite ajustes e melhorias sem criar um clima de vigilância.
  • Acompanhar indicadores relevantes: medir produtividade não significa ignorar números, mas escolher os que realmente importam. KPIs alinhados ao negócio, como tempo de resposta ao cliente ou taxa de conversão, são mais úteis do que uma lista de atividades sem contexto.
  • Criar um ambiente de alta performance, não de medo: a sensação de estar sempre sob vigilância reduz a criatividade e a inovação, o que, por sua vez, impacta diretamente na capacidade de entrega das pessoas. Empresas produtivas são aquelas que promovem um ambiente onde todo mundo se sente seguro para experimentar, errar e aprender.

No fim das contas, avaliar produtividade não precisa ser um exercício de controle minucioso. Esse tipo de abordagem só vai desperdiçar tempo e energia da liderança, que tem tantas coisas mais importantes para resolver.

Minha recomendação? Adote práticas mais eficientes que facilitem sua rotina e verdadeiramente contribuam com o processo de melhoria do negócio.

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