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Nova engrenagem: A aposta da Ford no Brasil não é mais produzir carros, mas gerar talentos digitais

A montadora americana tem 9 centros de tecnologia no mundo – e um deles é no Brasil e faturou R$ 500 milhões com inovação só em 2024

A Ford conta com 1.500 engenheiros em Camaçari (BA) desenvolvendo veículos elétricos e híbridos, aprimorando baterias e implementando IA para otimizar a condução (Ford /Divulgação)

A Ford conta com 1.500 engenheiros em Camaçari (BA) desenvolvendo veículos elétricos e híbridos, aprimorando baterias e implementando IA para otimizar a condução (Ford /Divulgação)

Publicado em 19 de março de 2025 às 13h20.

Última atualização em 19 de março de 2025 às 14h43.

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A Ford vem passando por uma transformação global em seu modelo de negócio, apostando em segmentos estratégicos como SUVs, picapes e veículos comerciais. Essa mudança já está impactando diretamente a gestão de pessoas, com a busca por profissionais altamente qualificados em tecnologia e engenharia.

Para Fernanda Ramos, diretora de Recursos Humanos da Ford América do Sul, a companhia, que tem sede nos Estados Unidos e está presente em mais de 125 países, está reformulando sua estratégia para atrair e desenvolver talentos cada vez mais digitais – especialmente no Brasil.

"Hoje, um terço das tecnologias presentes nos carros da Ford no mundo são desenvolvidas aqui. Estamos exportando inteligência e gerando receita", afirma.

Um centro digital no Brasil para o mundo

Essa força tecnológica vem de um centro de tecnologia que a empresa tem em Camaçari, na Bahia, criado em 2021. Lá trabalham cerca de 1.500 engenheiros, do total de 2.000 funcionários no Brasil, que estão desenvolvendo soluções como veículos elétricos e híbridos da Ford globalmente, pesquisa e aperfeiçoamento de baterias, sistema de monitoramento remoto do carro, implementação de IA para otimizar a condução, o consumo de combustível e até prever falhas mecânicas antes que aconteçam.

Só em 2024, o centro de desenvolvimento brasileiro gerou mais de R$ 500 milhões em receita para a companhia, vendendo serviços de engenharia para as operações globais da Ford. Segundo Ramos, esse é um dos grandes diferenciais da operação no Brasil.

Fernanda Ramos, diretora de Recursos Humanos da Ford América do Sul: “No Brasil, estamos exportando inteligência e gerando receita" (Ford /Divulgação)

A peça que faltava: a formação de pessoas com IA

Em 2021, a Ford tomou a decisão estratégica de encerrar a produção de veículos no Brasil, fechando suas fábricas em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE). A medida impactou cerca de 8 mil funcionários e faz parte da estratégia global da empresa de focar em tecnologia e inovação no Brasil.

Nesse novo cenário, a Ford quer mostrar que não é só empresas de tecnologia, como o Google, que está de olho em profissionais digitais.

“A empresa também quer atrair esses talentos digitais e se posicionar como uma opção de peso para quem busca uma carreira em tecnologia”, afirma Ramos.

Além de buscar talentos no mercado, a companhia decidiu desde 2020, investir em requalificação e aprendizado contínuo, com um foco crescente em inteligência artificial e análise de dados.

"O nosso papel no RH é fomentar o uso dessas ferramentas para que os times estejam preparados para o futuro do trabalho", afirma Ramos.

Acelerando a diversidade

A capacitação de jovens não é uma aposta da Ford apenas para o time interno. Em 2023 a Ford criou um programa chamado Ford Enter, iniciativa gratuita que busca capacitar pessoas em situação de vulnerabilidade com cursos de tecnologia. Criado no Brasil, o programa já se expandiu para outros países da América do Sul e prevê formar 540 pessoas em 2025, segundo Ramos.

O curso inclui aulas de inglês técnico, programação front-end, Power BI e Python - além de suporte financeiro para transporte e alimentação. Segundo Ramos, o diferencial do Ford Enter é o suporte integral ao aluno: "Temos psicólogos, pedagogos e mentores acompanhando cada participante. Queremos reduzir a evasão e garantir que eles estejam prontos para o mercado de trabalho".

O impacto já é visível: 50% dos alunos formados já estão empregados na área de tecnologia, incluindo alguns que foram contratados pela própria Ford.

Oportunidades e futuro

Com uma média de 300 a 400 novas contratações por ano, a Ford continuará expandindo suas operações em tecnologia e engenharia no Brasil. As principais habilidades buscadas, segundo Ramos, são:

  • Análise de dados,
  • Software,
  • Engenharia elétrica e
  • Ciência de dados.

Mas, segundo a executiva de RH, a empresa também valoriza competências comportamentais. "O profissional ideal é aquele que busca desenvolvimento contínuo, tem foco, excelência e sabe colaborar", conta Ramos.

Com um modelo de negócio sustentável e foco na inovação, a Ford segue consolidando sua presença na América do Sul como um polo de inteligência automotiva.

"Nosso centro no Brasil é um dos 9 globais da Ford e já se tornou referência para o desenvolvimento de veículos elétricos e autônomos", afirma Fernanda. “O futuro da Ford está cada vez mais conectado à tecnologia e à formação de profissionais para essa nova era da mobilidade."

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