Valéria Balasteguim, VP de RH do Electrolux Group América Latina: “Saímos do papel de ‘tirador de pedidos’ para nos tornarmos parceiros de negócio. Hoje o RH tem voz e participa das decisões (Electrolux/Divulgação)
Repórter
Publicado em 17 de maio de 2025 às 07h57.
Última atualização em 17 de maio de 2025 às 10h05.
Quando começou sua carreira como estagiária no Grupo Electrolux, Valéria Balasteguim jamais imaginava que passaria três décadas no mesma companhia - e muito menos que seu trabalho seria espelho para líderes de outros países. Hoje, aos 54 anos e como vice-presidente de Recursos Humanos do Electrolux Group América Latina, ela acumula passagens pela matriz na Suécia, lidera programas inovadores e colhe os frutos de uma transformação cultural que já virou referência global.
“Quando entrei, achava impossível alguém passar 20 anos em uma empresa. Hoje, sou eu quem conta essa história aos novos estagiários”, diz Balasteguim.
Sua missão atual vai além de cuidar de folha de pagamento e estrutura organizacional: o RH que ela lidera se posiciona como parceiro estratégico do negócio, com foco em cultura, liderança e bem-estar.
A executiva destaca que o maior salto do RH nas últimas décadas foi deixar de ser um setor burocrático e regulador para se tornar estratégico e voltado a soluções.
“Saímos do papel de ‘tirador de pedidos’ para nos tornarmos parceiros de negócio. Hoje o RH tem voz, participa das decisões e propõe soluções com equilíbrio entre resultados e cuidado com as pessoas.”
Essa visão impulsionou a criação de um dos programas mais emblemáticos da empresa: a Academia de Liderança Humanizada, implantada em 2022 com base na metodologia dos 5 comportamentos das equipes de alta performance, de Patrick Lencioni (palestrante e consultor norte-americano especializado em liderança, cultura organizacional e trabalho em equipe).
O modelo da Electrolux espera de seus líderes equilíbrio: 50% foco no negócio e 50% foco em pessoas.
“A liderança tem um grande poder de transformação. Não é só sobre entregar metas, é sobre criar um ambiente seguro, saudável e inspirador”, afirma Balasteguim.
O programa inclui workshops com líderes de todos os níveis, rodas de conversa, leitura coletiva de livros e um assessment de clima e cultura. Entre os indicadores já percebidos estão:
O sucesso foi tanto que o programa, iniciado no Brasil, passou a ser adotado também por equipes globais da companhia.
Em 2025, o foco da área é consolidar o pilar de saúde mental com um programa mais robusto. Um dos braços dessa iniciativa é o Employee Assistance Program, que oferece apoio 24 horas com psicólogos, orientações jurídicas e financeiras — também disponíveis para os familiares dos funcionários.
“Queremos que o funcionário saiba que ele não é só um número. Que ele é cuidado quando mais precisa”, afirma Balasteguim, destacando que o programa vem sendo bem recebido especialmente por promotoras e mulheres da operação.
Assim como Balasteguim e o CEO da Electrolux na América Latina, Leandro Orsini, outros líderes da empresa começaram como estagiários. O programa de estágio da Electrolux tem como foco ampliar a diversidade e alcançar talentos fora dos centros tradicionais de recrutamento.
“A ideia é não selecionar apenas por inglês fluente ou faculdade renomada, mas abrir portas reais para quem tem potencial de crescimento”, diz Balasteguim. As novas vagas serão abertas em setembro.
Ao falar sobre talentos, Valéria destaca que habilidades técnicas podem ser ensinadas, mas comportamentos não. Entre os atributos mais valorizados hoje estão:
Segundo ela, essas competências são globais - e fundamentais para um profissional que quer se manter relevante.
Valéria explica que a Electrolux trabalha com diferentes modelos de expatriação:
“Temos funcionários que foram para os Estados Unidos e para a Europa. Muitos começaram no Brasil e hoje ocupam posições no exterior”, diz a vice-presidente de RH.
A Electrolux também está implementando inteligência artificial e automação de tarefas repetitivas para liberar o tempo dos profissionais para o que exige pensamento crítico e empatia. Um chatbot interno, por exemplo, já ajuda a resolver questões do dia a dia com agilidade.
“Em vez de o colaborador mandar um e-mail ou procurar alguém do RH, ele pode usar o chatbot para tirar dúvidas simples, como consulta de folha de pagamento, saldo de férias ou regras de benefícios”, diz.
O objetivo, segundo Balasteguim, é que a tecnologia nos ajude a fazer melhor o que só humanos conseguem: pensar, inovar e cuidar das pessoas.
Com mais de um século de história, o Electrolux Group é uma empresa multinacional sueca fundada em 1919, com sede em Estocolmo, e reconhecida como uma das maiores fabricantes de eletrodomésticos do mundo, tendo como uma das principais concorrentes a Whirlpool. A companhia vende anualmente mais de 40 milhões de produtos em 120 países e em 2024 alcançou uma receita de 136 bilhões SEK (coroas suecas).
Presente em todos os continentes, a Electrolux mantém fábricas e centros de desenvolvimento na Europa, América do Norte, América Latina, Ásia e Oceania. No Brasil, completará 100 anos no próximo ano, e hoje mantém quatro fábricas no país: duas em Curitiba (PR), uma em São Carlos (SP) e outra em Manaus (AM), produzindo desde refrigeradores e lavadoras até micro-ondas e aparelhos de ar-condicionado.
A operação brasileira é uma das mais relevantes da companhia, com cerca de 7 mil funcionários, dentro de um total global de aproximadamente 41 mil.