A recente enxurrada de fabricantes de celulares, atraídos pelo crescimento de 70% projetado para o mercado brasileiro nesse ano e pelo seu potencial ainda grande, pode ser explicada também por um motivo mais prosaico: importar celulares é caro e inviabilizaria a atuação das companhias. A tarifa de importação é de 21% por aparelho muito menor que as alíquotas dos componentes trazidos do exterior e usados na fabricação local. "Em um mercado extremamente competitivo como o brasileiro, não faz sentido trazer o aparelho pronto", diz Edson Melo, diretor da estatal chinesa ZTE, que assinou em julho um acordo de fornecimento de mais de um milhão de aparelhos para a Vivo.

As empresas encontram benefícios para produzir localmente. "As isenções de impostos para os produtores da Zona Franca de Manaus compensam os custos de trazer uma linha de produção para o Brasil", diz Eduardo Tude, diretor da consultoria Teleco. Segundo ele, os volumes do mercado brasileiro compensam os investimentos necessários para a fabricação. "E, claro, produzir celulares é muito mais simples que fabricar um carro, por exemplo, já que as plantas são mais flexíveis".