Você sabia que alguns dos melhores e mais concorridos games para disputas em rede são produzidos em casa, distribuídos gratuitamente pela internet e geralmente seus autores não recebem sequer um tostão por isso. Loucura? Não para quem é ardentemente apaixonado pela jogatina e manja tudo de programação e design gráfico.

É justamente esse o perfil dos gamers responsáveis pela criação dos mods, os jogos nascidos a partir de adaptações em cima do engine de games oficiais das grandes distribuidoras, principalmente os de tiro em primeira pessoa, como Half-Life, Quake 3: Arena e Unreal Tournament. Neste processo são alterados ou mesmo criados novos elementos, personagens, armas, fases, cenários, enredos e tudo mais que possa tornar o game ainda mais eletrizante. Dependendo da categoria e criatividade das pessoas que resolvem encarar essa missão, o resultado pode ser tão bacana que acaba até superando o jogo original. A maior prova disso é o game de tiro em 3D Counter-Strike. Lançado há dois anos, esse mod do Half-Life domina com folga a preferência dos usuários que batem cartão em sites de jogos como o GameSpy (www.gamespy.com) e o UOL Games (www.uol.com.br/jogos) e nas LAN houses.

Sem precisar queimar os neurônios desenvolvendo o engine, que é o verdadeiro motor e a parte mais complexa de um game, quem se aventura a criar mods encontra terreno livre para usar e abusar da criatividade. Tanto que na rede não param de pipocar sites oferecendo modificações dos mais variados estilos. É claro que existem mods meia-boca, mas não é difícil encontrar outros inusitados e com qualidade profissional. Aqualung, por exemplo, consegue levar Quake 3, um jogo de tiro baseado na velocidade, para debaixo dágua, mexendo com toda a física do jogo e desafiando os fãs do game a mudar seu estilo de atuar. Já Day of Defeat faz sucesso ao aproveitar a estrutura de Half-Life para ambientar os tiroteios durante a Segunda Guerra Mundial.

Um outro mod de Half-Life que foge do lugar-comum, misturando elementos de aventura e terror à adrenalina típica dos jogos de tiro, é They Hunger. Depois de um misterioso acidente numa estrada, o jogador descobre que está numa região dominada por zumbis nada amistosos e que o único jeito de sobreviver é metendo bala nessas criaturas. Um dos responsáveis pelo sucesso de They Hunger é o brasileiro Einar Saukas, 31, um consultor de software em sistemas distribuídos que não esconde seu fascínio pelos games. Coube a ele trabalhar os códigos e elaborar o roteiro do jogo e as situações onde a estratégia acaba sendo mais importante que a pontaria. Saukas faz parte de um time internacional de gamemaníacos comandado pelo designer 3D canadense Neil Manke, 46. A equipe conta ainda com um modelador 3D americano e um engenheiro de som sueco.

"Cada um dos episódios demorou cerca de seis meses para ser desenvolvido", diz Saukas. Nesse período cada pessoa abraçou uma tarefa específica, como o trabalho com os códigos, o design, as texturas etc. "São mais de 50 mapas, uma dúzia de novos armamentos e dezenas de monstros." O jogo agradou tanto que rendeu três episódios e o patrocínio da PC Gamer, uma das principais revistas de games do mundo. Além da distribuição pela internet, o jogo foi incluído em cds encartados na revista. Com isso, faturaram 10 mil dólares por episódio.

Mas o lucro não é o objetivo de quem produz os mods, pois, tirando as modificações oficiais, eles são feitos para ser baixados gratuitamente. Já os estúdios e as distribuidoras de games vêem com ótimos olhos o empenho da comunidade gamer. Apesar de os mods não custarem nada, para rodá-los é preciso ter o game original. "Os mods geram comunidades em torno do jogo e acabam aumentando a sua sobrevida", afirma Gerson Souza, gerente de produto da BraSoft, distribuidora do Half-Life no país. Mais do que isso, a indústria incentiva os designers de mods empacotando, junto com os games, editores como o WorldCraft e outras ferramentas para produzir as modificações.

Counter-Strike carioca
Mas não são só os mods que conseguem dar vida nova aos jogos. Mapas, skins e add-ons são outros recursos que, mesmo sem promover alterações tão profundas quanto os mods, podem incrementar os games. Graças a um mapa produzido por Rogério Sodré, 26, o Mataleone, e João Carlos Prado, 26, o Crocodilo, aficionados de Counter-Strike do mundo todo podem trocar tiros tendo ao fundo a Cidade Maravilhosa. Em busca de um cenário barra-pesada para o mapa, eles resolveram levar as equipes de terroristas e contra-terroristas para uma favela carioca. Os detalhes do mapa CS_Rio (www.uol.com.br/info/ aberto/download/1905.shl) impressionam. Além dos cartões-postais ao fundo, como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, o mapa reproduz todo o clima de uma favela. Tem barracos amontoados, vielas estreitas, boteco com radinho tocando Bezerra da Silva e até o campinho de futebol. Nem mesmo as balas perdidas foram esquecidas. O CS_Rio e um tutorial para os candidatos a mappers estão disponíveis no site de Mataleone (mataleone. counter-strike. com.br). O endereço traz ainda uma pequena amostra do próximo mapa para Counter-Strike da dupla, que deve estar pronto ainda neste ano. O cenário? São Paulo, com direito a muitos tiroteios em estações de metrô, no Minhocão, na rua Augusta e na avenida Nove de Julho.

Montando o seu time

Os jogos de ação em 3D são os campeões de variedade de mods graças à maior flexibilidade do seu ambiente de criação. Porém os adeptos dos simuladores também colocam a mão na massa para incrementar seus jogos favoritos.

O FIFA 2002 não tem os times do São Paulo e do Palmeiras, certo? Mas não por muito tempo, pelo menos no que depender do site Fifa Brazil Network (www.fifabrasil.com.br), que está concluindo as skins que vão colocar tricolores e palmeirenses nos gramados virtuais do FIFA 2002. Em sites como o Your-Fifa.com (www.sportplanet.com/yourfifa) e SoccerGaming (www.soccergaming.com), as comunidades de boleiros do PC trocam add-ons para personalizar times, jogadores, estádios, bola etc. Tudo produzido por fãs como Leandro Becker, 15, do Fifa Brazil, que divide seu tempo entre os estudos e a edição de estádios. As ferramentas usadas são um editor gráfico e o EA Graph, um programa que permite exportar e visualizar os arquivos de textura do FIFA. Outros games repletos de add-ons são o Flight Simulator e o The Sims. Fãs do simulador de vôo encontram cenários, mapas e uma infinidade de aeronaves em sites como o Simviation (www. simviation.com), que traz nada menos que 6 GB de arquivos. No caso do The Sims, a parada obrigatória é no The Sims Resource (www.thesimsresource.com). Por quê? Que tal mais de 7 400 skins ou 2 500 objetos? Os itens oferecidos no site oficial (thesims.ea.com) do game também não decepcionam.

Veja os melhores sites para encontrar skins, patches e add-ons para simuladores em www.uol.com.br/info/aberto/sites/site61_1.shl

Confira os mods mais quentes

Day of Defeat

www.uol.com.br/info/aberto/download/1894.shl

O front de batalha durante a Segunda Guerra Mundial é o pano de fundo para as missões de Day of Defeat. Lutando com os Aliados ou pelo Eixo, o jogador tem de roubar documentos secretos, capturar postos inimigos etc.

Action Half-Life

www.uol.com.br/info/aberto/download/1895.shl

A precisão no gatilho é muito valorizada no sangrento AHL, pois o game tem capacidade para diferenciar o estrago causado por um tiro na perna e outro bem no meio da testa do inimigo.

They Hunger

www.uol.com.br/info/aberto/download/1896.shl

Além da qualidade gráfica e da riqueza de detalhes, conquistou os jogadores ao adicionar terror e aventura à ação. O jogador enfrenta uma legião de zumbis.

Half-Life

Counter-Strike

www.uol.com.br/info/aberto/download/1356.shl

A força do fenômeno Counter-Strike se deve ao fato de o game fugir da linha "não pense, apenas atire em tudo que se mover" dos outros jogos de tiro em 3D. Além da mira precisa, as equipes de terroristas e contra-terroristas precisam usar muita estratégia para completar suas missões, como resgatar reféns, plantar e desarmar bombas ou escoltar pessoas até um ponto determinado do mapa.

Team Fortress Classic

www.uol.com.br/info/aberto/download/1893.shl

O Team Fortress Classic é uma modificação oficial lançada pela Valve Software que faz um enorme sucesso pela possibilidade de o jogador escolher entre nove classes de personagens diferentes. Atirador de elite, espião, incendiário, médico e engenheiro são algumas das opções. Todos têm armas, habilidades e pontos fracos diferentes. Por isso, o jogador que não souber adaptar uma tática diferente para cada classe de personagem acaba se dando mal.

Unreal Tournament

Strike Force

www.uol.com.br/info/aberto/download/1897.shl

Os fãs de Unreal Tournament não gostam de muitas firulas na hora de sair atirando, tanto que as partidas nos estilos Capture the Flag e Death Match são as mais procuradas nos servidores para disputas pela internet. Mas quem quiser jogar sozinho vai encontrar diversão certa em Strike Force. Seus pontos fortes são o ótimo suporte para bots e a função pulse rate, que dificulta a mira do jogador quando ele é ferido durante o tiroteio.

Strangelove

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Lazy Matrix

www.uol.com.br/info/aberto/download/1900.shl

Os fãs de jogos de tiro também se amarram em cinema. No mod Strangelove, inspirado no filme Dr. Fantástico, do mestre Stanley Kubrick, o jogador pode sentar sobre mísseis e guiá-los rumo ao alvo. Além da estética inspirada no filme Matrix, Lazy Matrix traz o efeito bullet-time, que permite esquivar-se das balas e também foi utilizado em Max Payne.

Quake 3: Arena

Rocket Arena 3

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Sem precisar recolher armas, munição ou itens durante o jogo, dois jogadores de cada vez se enfrentam numa arena e o que acaba valendo mesmo é a habilidade de cada um. Os combates também podem ser em equipe.

FreakBall

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Aqualung

www.uol.com.br/info/aberto/download/1904.shl

A liberdade e a criatividade dos desenvolvedores de mods parecem não ter limites. Ou você conseguiria imaginar uma mistura de jogo de tiro com futebol americano e os sangrentos combates de Quake embaixo dágua, com os inimigos atacando também por baixo e por cima do jogador?

Baixe as melhores mods para jogos de ação em www.uol.com.br/ info/aberto/download/wcat37_1.shl

Counter-Strike 2 vem a

A elaboração da seqüência de Counter-Strike está sendo marcada por um mistério digno de um projeto militar de verdade, mas um fato é certo: o novo game será baseado no engine de um outro jogaço multiplayer de tiro em 3D, o Team Fortress 2.0.

Quem garante é o programador e autor de modelos de armas em 3D Minh "Gooseman" Le, 24, contratado no início do ano pela Valve Software para desenvolver a versão comercial de Counter-Strike 2, que vai tentar repetir o sucesso da modificação mais popular de todos os tempos. Gooseman, um canadense fissurado por desenhos animados e tudo relacionado a computadores, é considerado uma das mentes mais criativas do mundo dos gamers e o grande responsável pelo fenômeno Counter-Strike.