Quando pensou em adotar um sistema de gestão corporativa, a siderúrgica Acesita, líder do mercado brasileiro de aços planos especiais e dona de uma receita líquida que alcançou 696 milhões de reais no primeiro trimestre deste ano, queria integrar desde o chão de fábrica até a gestão do negócio. A intenção era modernizar o ambiente de TI e caminhar para que o mainframe pudesse um dia ser desligado. A empresa conseguiu, mas o caminho foi duro.

 Hoje, além do ERP, o projeto de modernização deu à Acesita uma camada de Business Intelligence para servir de base para as decisões gerenciais e a possibilidade de planos mais ousados, como o investimento num sistema de e-business com o objetivo de integrar pela web seus fornecedores ao ERP. A Acesita colhe ainda os frutos de um novo modelo de gestão de TI, totalmente orientado a negócios, em que a equipe de TI cuida de atividades estratégicas. "Ganhamos agilidade. Hoje sabemos, por exemplo, a rentabilidade por tipo de cliente, de produto e até de mercado", afirma o CIO Ilder Camargo.

O projeto de modernização tecnológica da Acesita teve início em 2002 e recebeu o nome sugestivo de Alcançar. Ele era baseado na implementação do SAP R/3 e para tocá-lo a Acesita convocou um executivo da área de produção, que conhecia bem o negócio, mas não tinha formação em TI. Esse líder era o próprio Camargo, que, à época, ocupava o cargo de gerente-geral de laminação. "O primeiro passo foi construir um business case que envolveu a redefinição dos processos de negócios e dos fatores-chave para o sucesso. A partir daí, definimos o software necessário, o integrador de sistemas e a equipe do projeto", afirma Camargo, que acredita ter contado muito a seu favor o fato de não vir da área de tecnologia. "Todo o projeto foi idealizado com uma visão de negócio", diz. O Alcançar deu tão certo que virou referência dentro do Arcelor, um dos maiores grupos siderúrgicos do mundo, ao qual a Acesita é associada.

Camargo afirma que o investimento no programa, que incluiu ainda a instalação de uma nova rede local, de 1 gigabyte, com backbone de fibra óptica e equipamentos fornecidos pela Cisco, pagou-se em um ano. Ao aposentar o mainframe, em janeiro de 2005, a Acesita também fez uma revisão do outsourcing de TI, que no passado chegou a ser total. Atualmente, a operação do data center está a cargo da BMS (Belgo Mineira Sistemas), que também pertence ao grupo Arcelor. O desenvolvimento de programas, contudo, continua sendo encomendado a outras empresas parceiras.

Convivência

Depois de receber o sinal verde da diretoria do Arcelor, o projeto Alcançar começou com a implantação do SAP R/3. Foi um trabalho de dez meses, que contou com a assessoria da IBM Business Consulting Services e envolveu cerca 90 pessoas da Acesita, entre usuários e técnicos. Um dos desafios da equipe foi integrar ao novo ERP os sistemas legados, especialmente os da área operacional, que a empresa queria manter. "Foi preciso preparar os sistemas legados, para garantir que os recursos e as funcionalidades estariam disponíveis no novo. Por dois meses mantivemos alguns sistemas, como o de folha de pagamentos, rodando em paralelo, para evitar possíveis riscos de interrupção no trabalho", afirma Camargo.

Para facilitar a comunicação entre o R/3 e o legado foi criada uma camada intermediária (middleware) baseada na ferramenta WebSphere Business Integration, da IBM. Com isso, os diversos módulos do SAPR/3 implantados na Acesita - finanças, contabilidade, controle de custos, gestão de investimentos, vendas e distribuição, gestão de materiais, administração da qualidade, planejamento da produção e recursos humanos - hoje convivem com sistemas de chão de fábrica, como o SIP e o PCP, usados na usina de Timóteo, em Minas Gerais. Também fazem parte da integração o Maximo, da área de manutenção, o GRH, de avaliação de pessoal, o correio eletrônico Lotus Notes e um aplicativo de gerenciamento eletrônico de documentos. A esse ambiente foram adicionados o novo sistema de informações gerenciais, baseado no SAP Business Information Warehouse, e um software específico de comércio exterior, que dá apoio às negociações realizadas em 57 países. Hoje a equipe de TI da Acesita cuida de atividades estratégicas e colhe os frutos de um bom sistema de governança. "Ganhamos agilidade na tomada de decisão e uma visão mais detalhada dos custos", afirma Camargo. O caminho agora é partir para a internet, com a criação de um portal de compra e venda que vai funcionar integrado ao sistema de gestão.

INFRA-ESTRUTURA DE TI

• SERVIDORES: 13 máquinas Dell PowerEdge, com processadores Intel Xeon
• SISTEMA OPERACIONAL: Windows Server 2003
• FERRAMENTA: SAP R/3
• BANCO DE DADOS: Oracle 9i
• USUÁRIOS: 1 300
• EQUIPE DE TI: 18 profissionais