Volkswagen: este título de campeão em 2016 é uma forma de renascimento após um ano de 2015 ofuscado pelo escândalo da adulteração de seus veículos a diesel (Fabian Bimmer/Reuters)
AFP
Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 18h29.
O fabricante de automóveis japonês Toyota, que dominava o mercado mundial há vários anos, foi destronado em 2016 pela alemã Volkswagen, que pela primeira vez chega à liderança mundial de vendas apesar do escândalo do "dieselgate".
A Toyota vendeu no ano passado 10,18 milhões de veículos (+0,2% anual), enquanto o gigante alemão chegou aos 10,3 milhões (+3,8%), segundo números divulgados nesta segunda-feira, e se proclamou novo campeão mundial.
Oficialmente, a Toyota, líder mundial de 2008 a 2015 - com exceção do ano de 2011, do terrível tsunami no nordeste do Japão - não dá grande importância a esta mudança.
"Ser número um ou dois é algo que nunca importou a eles", comenta Hans Greimel, especialista do Automotive News, com sede em Tóquio.
"Secretamente há um orgulho em ser líder, mas não é algo que seja um objetivo da empresa", afirma o especialista à AFP.
"A Toyota tem problemas na China", um mercado essencial, "onde Volkswagen é muito forte", ressaltou.
Se essa tendência for confirmada, o grupo japonês da região de Nagoia (no centro do arquipélago), que agrupa reúne quatro marcas- Toyota, Lexus (luxo), Daihatsu (miniveículos), Hino (caminhões)- poderia pagar muito caro por seu atraso na China.
Para o grupo Volkswagen (VW) - matriz de doze marcas, entre elas Audi, Porsche, Seat, Skoda e Bentley - , este título de campeão em 2016 é uma forma de renascimento após um ano de 2015 ofuscado pelo escândalo da adulteração de seus veículos a diesel.
No final de 2015, a Volkswagen teve que reconhecer que equipou 11 milhões de seus veículos no mundo, entre eles 600.000 nos Estados Unidos, com um programa que minimizava o nível real das emissões de gases poluentes.
Para 2017 no duelo Toyota-VW deverá levar-se em conta a influência de Donald Trump, que ameaça taxar os automóveis fabricados no México, uma importante base industrial para os fabricantes de automóveis.
Trump ameaçou explicitamente a Toyota, que respondeu com uma promessa de 10 bilhões de dólares de investimentos nos Estados Unidos.
O novo presidente americano também já mencionou de forma mais geral o Japão, acusado de inundar os Estados Unidos com seus produtos.
Segundo a imprensa japonesa, o primeiro-ministro Shinzo Abe se reunirá na sexta-feira com o presidente da Toyota, Akio Toyoda, uma semana antes de encontrar Trump em Washington.
Em terceiro lugar aparece o gigante americano General Motors, com 9,8 milhões de veículos, que ainda não comunicou seus números, e que devem ser próximos aos do grupo fruto da aliança franco-japonesa Renault-Nissan.
A Nissan informou nesta segunda-feira ter vendido 5,6 milhões de veículos no ano passado (+2,5%), uma cifra inédita graças a uma "sólida demanda" nos Estados Unidos e na China.
Sua sócia Renault assegurou ter colocado no mercado 3,18 milhões de automóveis no mundo todo (+13,3%), graças ao dinamismo na Europa, no Irã e na Índia.