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1. Quando o martírio vai acabar?
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1/27 (REUTERS / Bogdan Cristel)
São Paulo - Mais de dois anos após um
tsunami e um terremoto terem detonado as estruturas da usina de
Fukushima, uma série de quedas constantes de energia e vazamentos de água radioativa para o mar reacendem o temor público sobre o futuro incerto da central. A crise nuclear virou um pesadelo que não termina nunca. Veja nos próximos slides, como a usina japonesa foi do inferno ao limbo, de onde luta para sair.
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2. Detectado vazamento de água radioativa
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2/27 (TEPCO via JIJI PRESS/AFP)
A Tepco admite que água radioativa dos reatores de Fukushima está vazando para o oceano a partir de uma rachadura no poço de manutenção perto do reator. Além disso, a operdadora intencionalmente despeja quase 12 mil toneladas de água radioativa no mar, ignorando os protestos de outras nações e de sua população. As medições mostram níveis de iodo radioativo 131 em água salgada 5 milhões de vezes superior ao limite legal.
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3. O acidente é, oficialmente, catastrófico
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3/27 (Toshifumi Kitamura/Reuters)
Em 12 de abril, o Japão finalmente classifica o desastre nuclear como de nível 7, o mais grave na escala Escala Internacional de Acidentes Nucleares (mais conhecida pelas suas siglas, INES). Diante disso, o governo admite oficialmente que os níveis de radiação continuam a ser demasiado elevados, e aumenta o raio de classificação de áreas contaminadas, obrigando mais pessoas a deixarem suas casas.
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4. Cresce o medo do que comer e beber
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4/27 (Getty Images)
A Tepco admite uma situação de crise nos reatores 1,2 e 3 da usina. E à medida que a crise se intensifica, o governo japonês fecha o cerco sobre o comércio de alimentos da região, proibindo a venda de peixes capturados na provínvia de Fukushima, após descobrir amostras contaminadas. Durante o vazamento ou explosão de um reator, elementos radioativos, frutos da fissão do urânio, são liberados na atmosfera na forma de gás e partículas microscópicas. Entre os principais estão o Iodo-131, o Césio-137 e o Estrôncio-90.
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5. Por um Japão livre de energia nuclear
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5/27 (Toru Hanai/Reuters)
Julho de 2011 – O então primeiro-ministro Naoto Kan vai a público pedir um Japão livre de energia nuclear. Sob pressão, mais tarde, ele diz que este é o seu ponto de vista pessoal e não a política do governo. Kan acabou sendo substituído por Yoshihiko Noda, que é considerado mais pró nuclear.
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6. E começa o jogo de esconde...
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6/27 (Divulgação/Tepco)
Setembro de 2011 - Cientistas da Agência de Energia Atômica do Japão (AJEA) lançam um relatório que diz que o desastre pode ter lançado uma quantidade de radiação na água e no mar mais de três vezes superior ao inicialmente relatado pela TEPCO.
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7. ...e esconde
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7/27 (AFP)
Outubro de 2011 – A Tepco anuncia a descoberta de xenon 133 e 135 no reator n º 2, um sinal de que uma possível fissão nuclear está ocorrendo (e de que a situação só piora). Pouco tempo depois, a operadora volta atrás na sua declaração. O incidente evidencia a instabilidade dos reatores, bem como a falta de informação sobre as condições de degradação reais da usina.
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8. O começo da calmaria?
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8/27 (.)
Dezembro – O novo primeiro-ministro, Yoshihiko Nod, anuncia que os reatores de Fukushima alcançaram o estado de “desligamento frio”. Isso significa que a água usada para resfriar as barras de combustível nuclear permanece abaixo do ponto de ebulição, impedindo que o combustível se reaqueça. O marco é simbólico e político, projetado para aderir a um cronograma anunciado em setembro pelo ministro da Crise Nuclear Goshi Hosono e acalmar os receios públicos.
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9. Jornalistas visitam a central
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9/27 (AFP / Issei Kato)
Fevereiro de 2012 – Com a perspectiva de dias melhores, jornalistas e representantes da mídia conseguem acesso à usina de Fukushima Daiichi. A visita revela os danos generalizados e altos níveis de radiação, quase um ano após a crise começar. No mesmo mês, a comissão de Segurança Nuclear do Japão (NSC), revela que o governo escondeu da população casos de exposição à radiação de crianças. Um total de 1.080 crianças foram testadas e algumas registravam níveis altíssimos de contaminação por radiação.
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10. Japão lembra um ano do desastre
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10/27 (Getty Images)
Março de 2012 - Em meio às cerimônias de homenagem aos cerca de 20 mil mortos e desaparecidos, os japoneses ainda lutam para reconstruir cidades inteiras e tratar outras feridas que ainda não cicatrizaram. Além das residências, o país também precisa reerguer hospitais, escolas e outras estruturas públicas. Estima-se que a reconstrução custará cerca de 400 bilhões de reais, o equivalente ao PIB de Portugal.
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11. Como a negligência levou à tragédia
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11/27 (©AFP/Arquivo / Rie Ishii)
Um ano depois do desastre, um painel independente libera um relatório altamente crítico e mordaz sobre as falhas da TEPCO, e em seguida, sobre o primeiro-ministro Naoto Kan, e outras agências do governo. O documento discorre sobre a "negligência sistemática" da operadora feita à luz de uma cultura de segurança nuclear despreparada para lidar com um acidente grave.
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12. Japão vive "apagão nuclear"
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12/27 (Getty Images)
Maio de 2012 – O Japão fecha seu último reator nuclear em operação, deixando-o sem energia pela primeira vez desde 1970. É uma mudança importante. A energia nuclear garantia cerca de 30 por cento da electricidade do país até 2011. Apesar do recio da população, o desligamento da indústria nuclear japonesa ocorreu sem grandes apagões.
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13. Tepco faz mea culpa
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13/27 (Yoshikazu Tsuno/AFP)
Junho de 2012 – Em uma nova revelação, a TEPCO admite que estudara o efeito de um tsunami de 13,5 metros na usina de Fukushima Daiichi, em 2006, e que sabia que toda a produção de energia da central estaria perdida se a usina fosse atingida por um tsunami.
Estima-se que para fazer os upgrades para evitar a perda de energia em uma enxurrada de água, a Tepco teria que investir US$ 25 milhões, o que não aconteceu.
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14. Usina rompe "apagão nuclear"
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14/27 (Johannes Eisele/AFP)
Julho de 2012 - Ignorando a oposição pública generalizada, a empresa Kansai Electric Company (KEPCO) decide reiniciar o reator n º 3 em uma planta da cidade de Fukui, rompendo o “apagão nuclear” no país.
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15. Em Fukushima, as coisas voltam a esquentar
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15/27 (HO/AFP)
Enquanto isso, em Fukushima, o sistema de refrigeração na piscina de combustível gasto do reator N º 4 é interrompido inesperadamente, resultando num aumento de temperatura de quase 10°C por 33 horas. A piscina de combustível contém mais de 1.500 barras de combustível e tem sido amplamente rotulada como precária por especialistas nucleares. Se derretesse, toda a área metropolitana de Tokyo possivelmente teria de ser evacuada.
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16. Vítimas serão indenizadas
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16/27 (Getty Images)
Agosto de 2012 - O Japão injeta US$ 12.78 bilhões na TEPCO, numa aquisição maioritária do governo, a fim de evitar que a operadora declare falência. Além disso, cerca de 11 bilhões de dólares do financiamento público será usado para garantir a indemnização das vítimas
do desastre nuclear de Fukushima.
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17. Nada de novos reatores
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17/27 (Issei Kato/Reuters)
Setembro 2012 - O Japão anuncia que planeja abandonar a energia nuclear até 2030 e não vai começar a construção de nenhum reator nuclear durante esse período.
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18. Vazamento de água radiotiva na usina
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18/27 (AFP/arquivo / Tepco)
Outubro 2012 - A Tepco continua a lutar contra o aumento da quantidade de água contaminada nos porões dos prédios dos reatores. Embora a empresa esteja utilizando água reciclada para resfriar o combustível derretido, as águas subterrâneas continuam a infiltrar-se nos prédios dos reatores danificados, tornando-se também radioativas.
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19. "Nós falhamos"
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19/27 (Toshifumi Kitamura/AFP)
Dezembro 2012 - Takefumi Anegawa, líder de uma força tarefa interna na Tepco admite uma "falta de cultura de segurança e de maus hábitos" na indústria nuclear levou ao desastre nuclear de Fukushima. É a admissão de culpa mais aberta da empresa até agora. Em uma reviravolta completa das declarações anteriores, incluindo um abrangente relatório divulgado em junho em que negou toda a culpa, a Tepco admite que o desastre nuclear de Fukushima poderia ter sido evitado se a usina estivesse preparada para tsunamis.
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20. Japão lembra dois anos do tsunami e tragédia de Fukushima
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20/27 (Getty Images)
Março de 2013 - Com orações, homenagens às vítimas e também protestos contra o uso de energia nuclear, os japoneses lembram no dia 11 de março os dois anos do aniversário da tragédia dupla, que deixou cerca de 20 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos. Em paralelo às homenagens, ativistas promovem uma série de manifestações contra o uso de energia nuclear, exigindo o encerramento das operações de todas as centrais do país, onde a intensa atividade sísmica aumenta o risco de acidentes.
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21. Entrando no limbo
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21/27 (Tepco/AFP)
Abril de 2013 - Uma série de incidentes envolvendo quedas de energia para o resfriamento dos reatores danificados afetaram a usina entre março e abril e 2013. Os incidentes representam um revés para a empresa, que tenta tranquilizar a opinião pública e o governo japonês sobre sua capacidade de gerenciar o problema da água contaminada. Três dos sete poços de armazenamento de água contaminada agora estão com vazamento.
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22. 300 toneladas de água por dia
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22/27 (Kyodo/Reuters)
Junho de 2013 - Em mais um capítulo do martírio atômico, a Tepco afirma ter encontrado um novo vazamento de água contaminada, com altos níveis de um isótopo radioativo, mesmo na água subterrânea, contrariando uma afirmação inicial de que a contaminação era insignificante. Cerca de 300 toneladas de água contaminada estariam indo para o oceano por dia. Especialistas nucleares estrangeiros critiam duramente o operador da usina nuclear de Fukushima por sua demora em revelar que as águas subterrâneas estavam altamente contaminadas e vazando do local para o oceano.
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23. Morre de câncer um dos heróis de Fukushima
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23/27 (AFP)
Julho de 2013 - Masao Yoshida era o diretor da usina de Fukushima durante a crise nuclear em 2011, e permaneceu em seu posto mesmo após o alarme soar, coordenando as operações no interior da central. Em novembro de 2011, durante uma coletiva para anunciar sua demissão, Yoshida disse que não esperava sair com vida do acidente nuclear. O ex-diretor morreu aos 58 anos vítima de um câncer de esôfago.
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24. Radiação que vai longe
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24/27 (Issei Kato/Reuters)
O vazamento de água contaminada para o mar tem potencial de afetar drasticamente a fauna marinha mesmo em regiões afastadas, onde a concentração de sustâncias tóxicas seria menor. Em julho, a dezenas de quilômetros da usina de Fukushima, um robalo capturado revelou um nível de radioatividade inédito em um pescado desta espécie, 10 vezes superior ao limite autorizado no Japão. O governo proibiu a pesca comercial na área, cerca de 200 quilômetros a nordeste de Tóquio. Mas a contaminação parece não encontrar barreiras. Em fevereiro, quase do outro lado do planeta, pesquisadores encontraram, na costa da Califórnia, nos Estados Unidos, um atum contaminado pela radiação de Fukushima.
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25. O vazamento é grave, muito grave!
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25/27 (Jonathan Nackstrand/AFP)
Agosto de 2013 - Nas últimas semanas, o governo japonês elevou a classificação de gravidade de um recente vazamento de água tóxica na usina nuclear de Fukushima para o nível 3. Cada subida de nível na escala INES representa um aumento de 10 vezes na gravidade, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica. Antes, o vazamento havia sido classificado com o nível de "anomalia".
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26. Césio e estrôncio em alto mar
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26/27 (AFP)
O vazamento de água contaminada com materiais radioativos, entre eles iodo, estrôncio, césio e plutônio tornou-se, hoje, o principal desafio da operadora, a Tokyo Electric Power Co, ou Tepco. Em seu balanço mais recente, a operadora da central calculou em 30 trilhões de becquerels a quantidade de césio e estrôncio radioativos que teriam chegado ao Oceano Pacífico desde maio de 2011 através da água subterrânea acumulada no subsolo.
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27. E agora?
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27/27 (Getty Images)
A TEPCO tenta, no momento, instalar um sistema capaz de bombear 100 toneladas de água subterrânea contaminada por dia. Para conter o vazamento no longo prazo, no entanto, a Tepco e as autoridades do Japão estudam adotar uma medida radical: congelar o subsolo, criando assim uma barreia ao fluxo de água que segue para o mar. A expectativa é que o governo solicite fundos do orçamento do próximo ano fiscal para ajudar a financiar a empreitada. A árdua tarefa de desmantelar a central tem duração estimada de 30 a 40 anos.