Mundo

Custo total da crise de Fukushima será o dobro do previsto

Custo total do acidente nuclear de Fukushima chegará a 11,08 trilhões de ienes, quase o dobro do previsto pelo governo japonês em 2011


	Fukushima: cálculo se baseia em dados oficiais do governo e da proprietária da usina
 (Koji Sasahara/AFP)

Fukushima: cálculo se baseia em dados oficiais do governo e da proprietária da usina (Koji Sasahara/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2014 às 09h39.

Tóquio - O custo total do acidente nuclear de Fukushima chegará a 11,08 trilhões de ienes (aproximadamente R$ 241.976.292.143), quase o dobro do previsto pelo Executivo japonês em 2011, informou um estudo apresentado nesta terça-feira por duas universidades japonesas.

De acordo com os autores do relatório, Kenichi Oshima e Masafumi Yokemoto, professores de Economia e de Política do Meio Ambiental nas universidades de Ritsumeikan e de Osaka, respectivamente, o cálculo se baseia em dados oficiais do governo e da proprietária da usina, Tokyo Electric Power Company (Tepco).

O valor total inclui 4,91 trilhões de ienes destinados a pagar compensações à população retirada pela catástrofe, 2,48 trilhões para as tarefas de descontaminação radioativa e 2,17 trilhões para desmontar a usina. Somado a isso há 1,06 trilhão de ienes para custear o armazenamento dos resíduos e materiais radioativos recolhidos durante os trabalhos de descontaminação.

Um primeiro cálculo, realizado pelo governo japonês em dezembro de 2011, situava o custo mínimo da crise de Fukushima em 5,8 trilhões de ienes.

O estudo das universidades japonesas inclui despesas que o Executivo descartou em seu cálculo inicial por considerá-los difícil de estimar, como o do armazenamento temporário de resíduos radioativos. No entanto, segundo os autores, a fatura final poderia ser ainda maior se se for levado em conta as futuras despesas para construir um depósito permanente para os resíduos radioativos, ou o previsível aumento do orçamento para as tarefas de desmantelamento devido a sua dificuldade técnica.

Um estudo do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Avançadas do Japão (AIST) situava o custo dos trabalhos de descontaminação radioativa em 5,13 trilhões de ienes, quatro vezes mais do que o orçado pelo governo e o dobro do calculado pelas universidades japonesas.

Atualmente, o governo japonês financia o custo das tarefas de desmontagem e de descontaminação, e criou um fundo especial para ajudar a Tepco a pagar as compensações aos moradores da região que foram obrigados a abandonar suas casas.

No futuro, a companhia deverá reembolsar as quantidades fornecidas pelo Estado, o que poderia ter repercussão nas faturas elétricas dos consumidores.

Além disso, a justiça condenou hoje a Tepco a pagar uma indenização pelo suicídio de uma mulher que foi retirada de sua casa após o acidente da usina.

A empresa terá que pagar 49 milhões de ienes à família da mulher, o que representa o primeiro caso em que a justiça japonesa impõe uma indenização à companhia por um suicídio relacionado ao desastre nuclear.

O tribunal de Fukushima se pronunciou assim sobre o litígio iniciado pelo viúvo da mulher, chamada Hamako Watanabe, e outros três parentes, que reivindicavam uma indenização de 91 milhões de ienes, conforme informa a agência 'Kyodo'.

Mais de 50 mil moradores da cidade de Fukushima ainda vivem fora de suas casas, apesar de já ter mais de três anos da catástrofe nuclear, a pior desde a de Chernobyl (Ucrânia) em 1986 e que também afetou gravemente à agricultura, a pecuária e a pesca no local.

Acompanhe tudo sobre:acidentes-nuclearesÁsiaEmpresasFukushimaJapãoPaíses ricosTepcoUsinas nucleares

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'