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Nissan abandona fusão com Honda após impasse nas negociações, diz jornal

Negociações que poderiam criar a 3ª maior montadora do mundo são encerradas; Honda queria controle total da Nissan, que recusou proposta, segundo Nikkei

Vincenzo Calcopietro
Vincenzo Calcopietro

Redator na Exame

Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 08h42.

A Nissan desistiu da fusão com a Honda, encerrando um acordo que poderia dar novo fôlego à montadora após seguidos resultados negativos, segundo o jornal Nikkei. Após sete semanas de negociações, as companhias não chegaram a um consenso, colocando fim ao que seria a terceira maior montadora do mundo.

As conversas começaram em dezembro de 2024, com um plano inicial de criar uma holding conjunta em 2026. No entanto, segundo fontes próximas ao acordo, a Honda demonstrou interesse em comprar toda a Nissan, ideia que foi fortemente rejeitada pela companhia. Mesmo com o impasse, uma nova estrutura de negociações – já adiada uma vez – deve ser anunciada até meados de fevereiro.

Por conta da indefinição, a bolsa de Tóquio suspendeu temporariamente a negociação das ações da Nissan. Enquanto os papéis da Honda subiram 8,2%, os da Nissan caíram 4,9%.

A crise da Nissan

A Nissan enfrenta uma de suas piores crises financeiras, e o acordo com a Honda era visto como uma possível salvação para a empresa. No primeiro semestre de 2024, os lucros operacionais despencaram 90%, enquanto o lucro líquido caiu 94% em relação ao mesmo período de 2023.

Diante desse cenário, a Nissan adotou medidas drásticas, como:

  • Corte de 9 mil empregos
  • Redução da capacidade de produção em 20%
  • Reestruturação da liderança e corte de 50% no salário do CEO
  • Revisão da previsão de lucro anual, reduzindo-a em 70%

O Financial Times relatou no início de janeiro que, caso a situação não melhore, a Nissan teria recursos financeiros para operar por apenas mais 14 meses. No entanto, a empresa negou essa afirmação.

A crise da Nissan é atribuída, principalmente, à forte concorrência com montadoras chinesas, que dominam o mercado de veículos elétricos e pressionam os preços globais.

As condições da fusão

Com quatro vezes o valor de mercado da Nissan, a Honda tinha vantagem nas negociações e exigia uma reestruturação profunda da montadora antes de concluir o acordo.

Vincent Sun, analista da Morningstar Inc., afirmou à Bloomberg que ambas as empresas enfrentam desafios no setor de veículos elétricos e, mesmo unidas, teriam dificuldades para se consolidar. “É difícil para a Nissan se ela precisar desempenhar um papel menor na nova entidade, em vez de atuar em pé de igualdade com a Honda”, disse Sun.

Outro fator complicador foi a Renault, que detém 36% da Nissan e demonstrou preocupação com a fusão. A montadora francesa buscava compensação financeira por sua participação no negócio.

Se o acordo fosse concluído, Honda e Nissan planejavam atuar juntas para recuperar mercado nos EUA, avançar no setor de veículos elétricos e híbridos e competir com as montadoras chinesas.

A Mitsubishi, que tem parceria com a Nissan, também pode entrar na fusão, mas informou que só tomará uma decisão após um acordo definitivo entre as duas japonesas.

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