O otimismo generalizado nos mercados globais não conseguiu segurar a alta do Ibovespa na sessão desta quinta-feira, 19, que fechou em queda de 0,47%, aos 133.123 pontos. Apesar do apetite a risco após o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) cortar os juros pela primeira vez em quatro anos, o cenário local pesou.

Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 25 pontos-base para 10,75%. A decisão ficou em linha com as expectativas, o que agradou investidores. Entretanto, o mercado já visualiza um aperto monetário de 50 pontos-base na próxima reunião. Esse aumento dos juros futuros, por sua vez, pressiona o índice.

Os juros de 10 anos subiram 0,84% na bolsa para 12,03%, enquanto os juros de 5 anos avançaram 0,89% para 12,07%.

Ibovespa hoje

• IBOV: -0,47% aos 133.123 pontos

Rali no exterior

Na véspera, o Federal Open Market Committee (Fomc) também decidiu suas novas taxas de juros. Em uma votação de 11 contra 1 optou por cortar em 50 pontos-base sua taxa para o intervalo de 4,75% a 5,25%.

O movimento, amplamente esperado, agradou os investidores que aguardavam um afrouxamento monetário após números mais fracos do mercado de trabalho.

Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 subiu 2,24%, enquanto o índice Hang Seng, de Hong Kong, fechou com alta de 2%. Nos EUA, o índice Nasdaq foi destaque ao encerrar o dia com ganho de 2,49%.

Em comunicado, o Fed atribuiu o corte ao progresso na inflação e afirmou que agora sente confiança de que os preços estão convergindo de forma sustentável à meta de 2%.

Também citou o equilíbrio dos riscos e a atividade econômica que "continua a se expandir em um ritmo sólido” como fatores que justificam a queda dos juros. A diminuição dos ganhos de emprego e a manutenção da taxa de desemprego em patamares mais baixos colaboraram para o corte.

Apesar da queda do Ibovespa na sessão de hoje, o início do ciclo de queda dos juros americanos e a elevação da Selic podem beneficiar, em partes, o mercado local. Além do maior apetite a risco no exterior, empresas brasileiras com dívidas em dólar se favorecem – já que o dólar enfraquece. A queda nos EUA e a alta por aqui também atraem capital estrangeiro para o Brasil.

Alta do minério de ferro ajuda bolsa

Na contramão da véspera, quando o minério de ferro caiu mais de 4%, na sessão desta quinta-feira o metal encerrou as negociações em alta.

O movimento ocorre na esteira de novos estímulos monetários da China, principal mercado consumidor do minério, e estoques menores, o que diminui as preocupações com o enfraquecimento da demanda chinesa.

O contrato para janeiro de 2025, o mais negociado na bolsa de Dalian, encerrou a sessão com alta de 1,69%, a 693,0 iuanes (US$ 98,10) a tonelada. A valorização da commodity puxou Vale (VALE3) para cima, com alta de 1,20%.

Dólar hoje

O fim do aperto monetário nos EUA comumente favorece as moedas de outros países. Isso porque há a saída de capital dos EUA, que se beneficiava das taxas mais elevadas, e a entrada de capital em outros países. Ainda com a alta de juros por aqui, há ainda mais atratividade para o investimento estrangeiro.

O dólar fechou em queda de 0,70%, cotado a R$ 5,424. Na última sessão, a moeda fechou em queda de 0,47%, cotada a R$ 5,463.

Como é calculado o índice Bovespa?

O principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, é o Ibovespa, calculado em tempo real com base na média ponderada de uma carteira teórica de ativos. Cada ativo possui um peso na composição do índice.

O Ibovespa funciona como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações no mercado, onde cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Portanto, se o Ibov está em 100 mil pontos, isso significa que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de R$ 100 mil.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o aftermarket acontece entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.