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Fundo vê Herbalife como pirâmide e ação é atacada na bolsa

Investidor publica uma análise de 300 páginas para provar que papéis deveriam valer zero no mercado

O embate entre Ackman e a Herbalife tem um novo capítulo marcado para a próxima quinta-feira  (REUTERS/Jack Cusano/Files)

O embate entre Ackman e a Herbalife tem um novo capítulo marcado para a próxima quinta-feira (REUTERS/Jack Cusano/Files)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2013 às 09h09.

São Paulo - As ações da Herbalife (HLF) começaram o ano em forte alta – hoje elas sobem quase 10% na NYSE -, mas a arrancada ainda não é suficiente para fazer os papéis se recuperarem da grande queda nos últimos dias do ano, quando em duas semanas caíram 44,3%.

O ponto mais crítico começou em 18 de dezembro, quando o investidor Bill Ackman, da gestora Pershing Square Capital Management, fez uma apresentação de 3 horas com 334 slides para investidores tentando provar que o negócio da Herbalife deve ser classificado como “esquema de pirâmide” e que por essa razão a empresa estaria fadada a falência – Ackman estipulou, inclusive, o preço-alvo para os papéis em zero.

Ackman deixou claro que tem uma posição vendida nas ações e que lucraria com a queda dos papéis, mas que qualquer valor que ele ganhasse com isso seria destinado para caridade, sendo que 25 milhões de dólares já estavam destinados para The Sohn Conference, entidade conhecida por levantar dinheiro entre os grandes investidores para pesquisas sobre câncer.

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A posição vendida normalmente consiste em tomar uma ação emprestada e vendê-la no mercado, na expectativa de recomprá-la mais tarde a um preço inferior ao da venda para devolvê-la no vencimento do contrato e embolsar a diferença.

Como muita gente de fato acreditou em Ackman, a Herbalife enviou um comunicado ao mercado para tratar do assunto. De acordo com o texto, as afirmações do investidor são um “malicioso ataque ao nosso modelo de negócios e está baseado grandemente em informações antigas, distorcidas e equivocadas”. 

Pirâmide

Em sua cruzada contra a Herbalife, Ackman elenca uma série de fatores que causam estranhamento no modelo de negócios da empresa, entre eles, o fato dos produtos serem “commodities” (há diversos outros similares à venda nas lojas, de empresas conhecidas e por preços mais baixos). A conta fica difícil de fechar ao olhar os números de faturamento: em 30 anos, a empresa saltou de uma receita líquida de 23 mil dólares para 5,4 bilhões de dólares.


Ele afirma que a empresa ganha com o recrutamento de seus distribuidores e não com a venda dos produtos de fato, o que seria classificado como “esquema pirâmide”.

Segundo a Federal Trade Commision (FTC), órgão do governo americano responsável pela proteção do consumidor e pela prevenção de práticas de negócios anti-competitivas, uma empresa é considerada como “esquema pirâmide” quando os ganhos financeiros vêm primeiro do recrutamento de outros participantes do que da venda dos produtos e serviços aos consumidores finais.

“Esquemas pirâmide são tidos como fraudulentos por definição porque eventualmente eles colapsam. Nesse tipo de organização, o dinheiro que quem está no topo da pirâmide ganha vem das perdas das pessoas que estão na base”, diz um trecho apresentando pelo investidor atribuído à FTC.

A maior crítica de Ackman é em relação às pessoas que entram no negócio encantadas pela promessa de ser seu próprio chefe e enriquecer facilmente. Ele estima que desde sua fundação em 1980, 2 milhões de pessoas foram enganadas ao tentar participar do negócio e perderam cerca de 3,8 bilhões de dólares.

Milagre de Natal

Após a apresentação de Bill Ackman, as ações caíram 30% em 2 pregões, mas no dia 26, após o feriado de Natal, as ações “milagrosamente” voltaram a subir. Na reabertura do mercado no dia 26, os papéis tiveram alta de 15%. Uma das possíveis explicações seria que os investidores estariam comprando ações para cobrir as posições vendidas, já que precisam entregar os papéis no vencimento dos contratos de aluguel.

O embate entre Ackman e a Herbalife já tem um novo capítulo marcado para o dia 10 de janeiro, quando a empresa convocou uma reunião com investidores e analistas.

Veja abaixo a apresentação de Bill Ackman na íntegra: 

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