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Mudanças climáticas influenciam avanço de caça e pesca ilegais de espécies amazônicas ameaçadas

Peixe-boi-da-amazônia é uma das espécies que passaram a ser perseguidas pelas facilidades criadas pela baixa dos rios; infratores usam redes de pesca malhadeira, arpões, martelos e até armas de fogo na caça e pesca ilegais

Fragilidade: com nível dos rios mais baixos, espécies ficam mais vulneráveis à ação humana e teme-se o desequíbrio ambiental (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Fragilidade: com nível dos rios mais baixos, espécies ficam mais vulneráveis à ação humana e teme-se o desequíbrio ambiental (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Agência Brasil
Agência Brasil

Agência de notícias

Publicado em 27 de setembro de 2024 às 17h03.

Última atualização em 27 de setembro de 2024 às 17h09.

O diretor de fiscalização ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Johnatan Santos, declarou em entrevista à TV Brasil, que a estiagem intensificada pela mudança climática tem favorecido a intensificação da caça e pesca ilegais de espécies amazônicas ameaçadas de extinção.

“Em virtude da baixa da água, a visualização se torna mais fácil pelos criminosos que conseguem capturar os animais de forma rápida”, diz.

A declaração foi feita após a apreensão de um de peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis) abatido na orla do Rio Tefé, no estado do Amazonas.

A operação promovida pelo órgão ambiental, na última terça-feira, 24, apreendeu ainda 422 kg de carne de pirarucu (Arapaima gigas) que estaria sendo comercializada na Feira Municipal de Tefé, sem comprovação de procedência de manejo autorizado.

De acordo com Santos, a intensificação da ação predatória representa uma ameaça de extinção efetiva desses animais em médio e longo prazo.

“Se o peixe-boi for extinto, ocasionará um desequilíbrio enorme no ecossistema aquático. Uma vez que o peixe-boi tem [seu papel na] cadeia alimentar”, explica.

R$ 12 mil em autuações

A denúncia dos crimes partiu de organizações não governamentais e da unidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que atua na região e segundo o Ibama, já resultaram na aplicação de R$ 12 mil em autuações.

“O Ibama monitora os rios em conjunto com outros órgãos, monitorando a qualidade da água, a temperatura e recebendo informações da vazão desses rios. Além disso, é claro, realizando a fiscalização de ações que possam piorar a situação, não somente dos níveis da água, mas principalmente da fauna aquática e do garimpo ilegal que tem modificado o curso dos rios onde operam”, explica Santos.

O trabalho dos órgãos de fiscalização tem apontado que os infratores utilizam redes de pesca malhadeira, arpões, martelos e até armas de fogo na caça e pesca ilegais. Depois, a carne desses animais é levada para o corte em locais sem autorização sanitária, para ser disponibilizada no comércio.

“O Ibama tem realizado ações de fiscalização em ponto estratégicos onde a caça tem maior número e riscos ao equilíbrio de vida desse animais”, diz o diretor.

Segundo Santos, devido às dimensões da Bacia do Amazonas é necessário que volte a chover em toda a região, para que os rios recuperem o volume de água e superem a mínima histórica observada em várias regiões da Amazônia.

“Esperamos que a partir de fim de outubro a chuva chegue e os rios possam voltar aos seus níveis normais”, conclui Santos.

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