Motivação “Tapa-Buraco” !
Desde que saímos do Brasil em fevereiro do ano passado visitamos 26 países. Durante essa jornada tivemos a oportunidade de sentir um pouco...
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2012 às 16h39.
Última atualização em 18 de novembro de 2017 às 19h51.
Desde que saímos do Brasil em fevereiro do ano passado visitamos 26 países. Durante essa jornada tivemos a oportunidade de sentir um pouco mais do que é o mundo real, conhecê-lo não só pelo que vemos pela TV ou por aquilo que pesquisamos na internet, nossos olhos estavam lá, nossos pés também, em cada um dos incontáveis passos que demos. Filosofia à parte, traçar comparações entre cada país não foi intencional, mas se tornou algo inevitável.
E comparando percebemos que o Brasil é o país dos remendo, falo isso pela qualidade dos serviços públicos que vimos em cada país. Cito aqui exemplos que vão desde transporte, saúde, rodovias, educação, cultura, até a preocupação com a acessibilidade dos cadeirantes nas calçadas, metrôs, atrações turísticas, etc, o que nos surpreendeu muito. Ou seja, notamos ações cuja motivação era de fato o bem estar das populações.
Cada país tem seus méritos a partir de seus esforços. Planejamento, organização e trabalho duro fazem cidades florescerem até mesmo onde aparentemente não é possível. Pra ser sincero fiquei muito decepcionado com o Brasil nesse sentido, pois em geral as coisas tem que chegar a um estado de calamidade para que uma inciativa seja tomada. O mais triste é que a nossa solução, nas mais diversas áreas, não passa de uma “operação tapa-buraco”. Saímos remendando algo que deveria ter sido feito pra durar. Ao invés de concreto para os nossos ideais, usamos um material qualquer e esperamos para ver o que vai dar na “próxima chuva”. Nossas vias são remendadas, nossa fiação é remendada, nossos museus, nossas calçadas, sistema de saúde, escolas públicas, nossos aeroportos e até nossa política é remendada, bom a lista formaria uma bela colcha de retalhos mas já deu pra entender. E não é só da inciativa pública que falo, essa é uma boa reflexão sobre nossas ações diárias: será que nós brasileiros também não estamos nos acostumando à remendar ?! Não importa se de ordem pessoal ou profissional, muitas vezes, tapamos buracos ou pegamos um atalho para resolver de modo imediatista aquilo que deveria ser pensado a longo prazo. Mas como toda ação superficial, logo mais os problemas voltarão à tona nos dando o dobro de trabalho e muitas vezes um belo prejuízo.
Foi ótimo receber esses dias o texto de um grande amigo, Rafael Figueiredo, que compartilho a seguir, pois mesmo sem termos conversado sobre esse assunto, suas palavras descrevem de uma maneira muito interessante o que sentimos durante a viagem ao comparamos esse tipo de atitude do nosso país com vários outros.
Por Danilo España
Idealizadores do Walk and Talk, Luah Galvão e Danilo España, realizaram 3 projetos. O primeiro foi uma Volta ao Mundo por mais de 2 anos em que visitaram 28 países nos 5 continentes – para entender o que Motiva pessoas das mais variadas raças, credos e culturas. O segundo foi caminhar os 800 km do Caminho de Compostela na Espanha, entrevistando peregrinos sobre o sentido da Superação. E recentemente voltaram da Expedição Perú, onde o sentido da resiliência foi a grande busca do casal. Agora que estão de volta ao Brasil compartilham suas descobertas através de textos e histórias inspiradoras para esse e outros veículos de relevância, assim como em palestras e workshops por todo o Brasil.
Descubra mais sobre o projeto: www.walkandtalk.com.br. Conheça também a página no Facebook.
Agora, segue o texto …
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Brasil, o País do remendo.
“Nós brasileiros somos conhecidos por nossa incrível capacidade de sermos criativos.
Somos capazes de consertar complicadíssimos aparelhos eletrônicos com um simples chiclete; de transformar garrafas em brinquedos ou vassouras; de criar arte a partir de dificuldades, enfim, somos mesmo criativos.
O preocupante é o motivo que nos fez tão criativos.
A ausência absoluta de planejamento a longo prazo; a ânsia por respostas; a ansiedade por soluções imediatas…
Acomodamo-nos em nossa própria criatividade, que resolve, mas não mantém resolvido.
Não sofremos por freada inação… sofremos, por inalação histórica, na ação desenfreada da nação…
Tivemos:
Um dia do fico, dizem, como remendo para uma disenteria marginal;
Um golpe republicano, como um remendo à incompetência imperialista de um monarca desastrado;
Um Novo Estado, como um remendo populista à república ultrapassada, com, diga-se, o remendo histórico das normas trabalhistas;
Um golpe militar, como remendo às ameaças comunistas, ocultas em forças Gularistas;
Mobilizações populares diretas, já como remendo ao lento, seguro e gradual;
Uma Assembleia Nacional Constituinte, com tantas comissões e textos normativo-principiológicos, que se foi necessária uma comissão “remendadora”;
Caras pintadas, como remendo à democracia Collorida;
16 anos de remendos privatistas e populistas, sempre sem qualquer planejamento.
Somos o País do remendo por um processo social, cultural e histórico!
Ta no sangue, sangue remendado de verde e amarelo.
Ouço sobre troca de técnicos de futebol como remendo para o mau planejamento esportivo dos clubes;
Ouço sobre o transporte público, com ideias mirabolantes em metrópoles megalomaníacas, antes do desbravamento do braço d’água que Tieta com o centralismo caótico.
Ouço sobre a gratuidade do ensino capaz, antes da capacitação do ensino gratuito;
Enfim, ouço o suprassumo da criatividade remendista, antes do planejamento reformista”.
(Texto: Rafael Figueiredo, advogado)
Desde que saímos do Brasil em fevereiro do ano passado visitamos 26 países. Durante essa jornada tivemos a oportunidade de sentir um pouco mais do que é o mundo real, conhecê-lo não só pelo que vemos pela TV ou por aquilo que pesquisamos na internet, nossos olhos estavam lá, nossos pés também, em cada um dos incontáveis passos que demos. Filosofia à parte, traçar comparações entre cada país não foi intencional, mas se tornou algo inevitável.
E comparando percebemos que o Brasil é o país dos remendo, falo isso pela qualidade dos serviços públicos que vimos em cada país. Cito aqui exemplos que vão desde transporte, saúde, rodovias, educação, cultura, até a preocupação com a acessibilidade dos cadeirantes nas calçadas, metrôs, atrações turísticas, etc, o que nos surpreendeu muito. Ou seja, notamos ações cuja motivação era de fato o bem estar das populações.
Cada país tem seus méritos a partir de seus esforços. Planejamento, organização e trabalho duro fazem cidades florescerem até mesmo onde aparentemente não é possível. Pra ser sincero fiquei muito decepcionado com o Brasil nesse sentido, pois em geral as coisas tem que chegar a um estado de calamidade para que uma inciativa seja tomada. O mais triste é que a nossa solução, nas mais diversas áreas, não passa de uma “operação tapa-buraco”. Saímos remendando algo que deveria ter sido feito pra durar. Ao invés de concreto para os nossos ideais, usamos um material qualquer e esperamos para ver o que vai dar na “próxima chuva”. Nossas vias são remendadas, nossa fiação é remendada, nossos museus, nossas calçadas, sistema de saúde, escolas públicas, nossos aeroportos e até nossa política é remendada, bom a lista formaria uma bela colcha de retalhos mas já deu pra entender. E não é só da inciativa pública que falo, essa é uma boa reflexão sobre nossas ações diárias: será que nós brasileiros também não estamos nos acostumando à remendar ?! Não importa se de ordem pessoal ou profissional, muitas vezes, tapamos buracos ou pegamos um atalho para resolver de modo imediatista aquilo que deveria ser pensado a longo prazo. Mas como toda ação superficial, logo mais os problemas voltarão à tona nos dando o dobro de trabalho e muitas vezes um belo prejuízo.
Foi ótimo receber esses dias o texto de um grande amigo, Rafael Figueiredo, que compartilho a seguir, pois mesmo sem termos conversado sobre esse assunto, suas palavras descrevem de uma maneira muito interessante o que sentimos durante a viagem ao comparamos esse tipo de atitude do nosso país com vários outros.
Por Danilo España
Idealizadores do Walk and Talk, Luah Galvão e Danilo España, realizaram 3 projetos. O primeiro foi uma Volta ao Mundo por mais de 2 anos em que visitaram 28 países nos 5 continentes – para entender o que Motiva pessoas das mais variadas raças, credos e culturas. O segundo foi caminhar os 800 km do Caminho de Compostela na Espanha, entrevistando peregrinos sobre o sentido da Superação. E recentemente voltaram da Expedição Perú, onde o sentido da resiliência foi a grande busca do casal. Agora que estão de volta ao Brasil compartilham suas descobertas através de textos e histórias inspiradoras para esse e outros veículos de relevância, assim como em palestras e workshops por todo o Brasil.
Descubra mais sobre o projeto: www.walkandtalk.com.br. Conheça também a página no Facebook.
Agora, segue o texto …
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Brasil, o País do remendo.
“Nós brasileiros somos conhecidos por nossa incrível capacidade de sermos criativos.
Somos capazes de consertar complicadíssimos aparelhos eletrônicos com um simples chiclete; de transformar garrafas em brinquedos ou vassouras; de criar arte a partir de dificuldades, enfim, somos mesmo criativos.
O preocupante é o motivo que nos fez tão criativos.
A ausência absoluta de planejamento a longo prazo; a ânsia por respostas; a ansiedade por soluções imediatas…
Acomodamo-nos em nossa própria criatividade, que resolve, mas não mantém resolvido.
Não sofremos por freada inação… sofremos, por inalação histórica, na ação desenfreada da nação…
Tivemos:
Um dia do fico, dizem, como remendo para uma disenteria marginal;
Um golpe republicano, como um remendo à incompetência imperialista de um monarca desastrado;
Um Novo Estado, como um remendo populista à república ultrapassada, com, diga-se, o remendo histórico das normas trabalhistas;
Um golpe militar, como remendo às ameaças comunistas, ocultas em forças Gularistas;
Mobilizações populares diretas, já como remendo ao lento, seguro e gradual;
Uma Assembleia Nacional Constituinte, com tantas comissões e textos normativo-principiológicos, que se foi necessária uma comissão “remendadora”;
Caras pintadas, como remendo à democracia Collorida;
16 anos de remendos privatistas e populistas, sempre sem qualquer planejamento.
Somos o País do remendo por um processo social, cultural e histórico!
Ta no sangue, sangue remendado de verde e amarelo.
Ouço sobre troca de técnicos de futebol como remendo para o mau planejamento esportivo dos clubes;
Ouço sobre o transporte público, com ideias mirabolantes em metrópoles megalomaníacas, antes do desbravamento do braço d’água que Tieta com o centralismo caótico.
Ouço sobre a gratuidade do ensino capaz, antes da capacitação do ensino gratuito;
Enfim, ouço o suprassumo da criatividade remendista, antes do planejamento reformista”.
(Texto: Rafael Figueiredo, advogado)