(Mark Kolbe / Staff/Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 8 de maio de 2017 às 17h10.
Última atualização em 8 de maio de 2017 às 17h21.
São Paulo - O impacto das atividades humanas sobre o mundo natural tem gerado um saldo negativo que não para de crescer. Estudos recentes indicam que mais da metade dos maiores animais carnívoros e herbívoros do mundo estão ameaçados de extinção, em grande medida devido à caça furtiva, à perda de habitat e às mudanças climáticas.
Apesar disso, parece que o mundo ainda não reconheceu sua responsabilidade coletiva na proteção da vida selvagem. É o que mostra uma nova pesquisa da Universidade de Oxford que resolveu investigar quais países mais contribuem para a conservação dos grandes animais. Acredite, as nações menos ricas estão mais comprometidas com a conservação da vida selvagem do que as mais ricas.
Os pesquisadores avaliaram três quesitos principais: a) a proporção do país ocupado por grandes animais (países com mais espécies abrangendo uma maior área têm maior pontuação); b) a proporção de espécies grandes que são protegidas (quanto maior a proporção, mais alta a pontuação); c) e a quantia investida em atividades de conservação em relação ao PIB, tanto internamente quanto internacionalmente.
Os resultados, publicados no periódico Ecologia Global e Conservação, mostram que os países mais pobres tendem a adotar uma abordagem mais ativa para a proteção da biodiversidade do que os países mais ricos.
Noventa por cento dos países da América Central e do Norte e 70 por cento dos países da África ficaram acima da média de classificação por seus esforços de conservação da vida selvagem.
Apesar de enfrentar uma série de desafios domésticos, como a pobreza e a instabilidade política, a África foi considerada a região que mais prioriza a preservação da vida selvagem e contribui para a conservação dos animais em todo o mundo.
Quatro países africanos — Botsuana, Namíbia, Tanzânia e Zimbabwe — figuram no topo da lista, ao lado do Butão. Aproximadamente, um quarto dos países da Ásia e da Europa foram classificados como significativamente abaixo do desempenho em seu compromisso com a proteção da vida selvagem.
Mas o que está por trás dessas disparidades regionais? Segundo o estudo, a resposta passa pela questão dos "valores de existência", que, grosso modo, pode ser entendido como o valor que a população confere à vida selvagem. É o "se sentir bem" apenas por saber que grandes animais selvagens existem.
Em alguns casos, como as nações africanas, este link explica por que alguns países estão mais preocupados com a conservação do que outros. Em muitos países, grandes espécies de mamíferos, como leões, gorilas e elefantes, desempenham um papel fundamental nos processos ecológicos, bem como nas indústrias do turismo, que são uma salvação econômica nas regiões mais pobres.
Ao destacar a disparidade nas contribuições de cada nação para a conservação, os pesquisadores esperam estimular maiores esforços e um compromisso renovado com a preservação da biodiversidade.
Na Cúpula da Terra do Rio de 1992, mais conhecida como Eco-92, as nações desenvolvidas prometeram alocar pelo menos US$ 2 bilhões por ano para a conservação da biodiversidade nos países em desenvolvimento. No entanto, as atuais contribuições representam apenas metade do montante proposto, US$ 1,1 bilhão por ano.