Vinho: tanino ajuda na essência da bebida. (Giovanni Magdalinos/Getty Images)
Sommelier
Publicado em 20 de janeiro de 2024 às 07h53.
Quando exploramos o mundo fascinante dos vinhos, nos deparamos com termos técnicos como "tanino". O que é exatamente esse componente presente na uva que influencia o sabor e a textura dos vinhos?
Os taninos, substâncias naturais encontradas nas cascas, sementes e engaços (cabinhos) das uvas, são os alicerces que sustentam a estrutura dos vinhos e lhe conferem (e aos seus sabores) firmeza, equilíbrio e complexidade. Em termos simples, pense nos taninos como a espinha dorsal do vinho.
Ao atuarem como antioxidantes, os taninos auxiliam na preservação das características originais do vinho, mantendo sua frescura e vivacidade ao longo do tempo. Essa propriedade é particularmente benéfica para vinhos de guarda, aqueles destinados a envelhecer em garrafa por períodos mais prolongados. A capacidade dos taninos de combater os efeitos nocivos da oxidação contribui para a longevidade e a evolução positiva desses vinhos.
Os taninos não se limitam às uvas e aparecem também em outras frutas, contribuindo para os seus sabores exóticos. Amoras e romãs são excelentes exemplos. Ao morder uma amora ou saborear uma romã, você experimenta uma sensação de leve secura e adstringência. Essa é a influência dos taninos, que oferecem uma complexidade sensorial além das uvas.
Quando nossa boca entra em contato com o tanino, várias sensações surgem em nosso paladar. A adstringência é uma delas, que se manifesta numa espécie de "amarrar a boca” que muitos associam aos vinhos tintos. Uma secura resultante da absorção de líquido provocada pela presença do tanino na boca. Imagine morder uma banana verde. A sensação de secura que se segue é semelhante à provocada pelos taninos nos vinhos.
Além disso, os taninos moldam a textura do vinho. Ao tocar a língua, eles conferem uma sensação de corpo e estrutura, semelhante à diferença entre a seda e o veludo. Essa experiência tátil adiciona profundidade à degustação, tornando-a mais completa e complexa.
A uva (casta) Tannat é sem dúvida uma das mais tânicas (se não a mais). Com seus taninos poderosos, a Tannat, apesar de sua origem francesa, reina no Uruguai, onde se expressa de forma plena.
E para compreender melhor o tanino na prática, vamos viajar até o Uruguai e explorar os vinhos Tannat da vinícola Familia Deicas. Estes vinhos exemplificam a presença marcante de taninos. Ao degustá-los, percebemos uma textura firme e uma sensação na boca que lembra a adstringência de frutas escuras. Esses são os taninos em ação, adicionando uma estrutura incrível ao vinho.
Ao desvendar os segredos do tanino, percebemos que ele é mais do que um termo técnico; é o mestre que esculpe a personalidade dos vinhos. Do Tannat uruguaio aos sabores adstringentes de amoras e romãs, os taninos são como artistas que pintam o quadro sensorial de cada gole. À medida que brindamos à descoberta contínua do mundo do vinho, celebramos também a compreensão do papel vital que o tanino desempenha na arte da enologia.