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Yale parece Hogwarts, diz brasileiro formado na universidade

Veja relato de brasileiro que estudou em Yale e encontrou coincidências entre a universidade americana e a fictícia Hogwarts, da série Harry Potter


	Berkeley College, em Yale: brasileiro diz que se sentiu em Hogwarts ao estudar na famosa universidade americana
 (Ragesoss/Wikimedia Commons)

Berkeley College, em Yale: brasileiro diz que se sentiu em Hogwarts ao estudar na famosa universidade americana (Ragesoss/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2015 às 14h48.

*Artigo escrito por Mateus Rabello Benarrós, bolsista da Fundação Estudar e graduado em Yale em 2013

Chegando a Yale, a primeira coisa que chama a atenção de qualquer pessoa – especialmente de alguém vindo de uma cidade como Manaus, no meio da região Amazônica do Brasil – é o contraste entre prédios modernos e construções góticas antigas.

Fundada em 1701, a Universidade Yale é uma das mais antigas e prestigiadas dos Estados Unidos. Está localizada em New Haven, no estado de Connecticut, no leste do país.

O que Yale e Hogwarts têm em comum?
Yale é constantemente comparada a Hogwarts, do fantástico mundo de Harry Potter, devido à sua arquitetura – suas altas torres mais lembram masmorras britânicas do que salas de aula ou dormitórios. Porém, a semelhança vai além das estruturas físicas.

No mundo de Harry Potter, os alunos, uma vez estando na escola de Hogwarts, podem ir para 4 casas. Elas são: Gryffindor, Hufflepuff, Ravenclaw e Slytherin.

Em Yale, antes mesmo de começarem as aulas, cada aluno é designado a um dos 12 Yale Residential Colleges.

Tal tradição, agora com mais de 70 anos, é provavelmente a característica mais famosa do sistema da universidade para os alunos de graduação.Esses dormitórios são: Berkeley, Brandford, Calhoun, Davenport, Ezra Stiles, Jonathan Edwards, Morse, Pierson, Saybrook, Silliman, Timothy Dwight e Trumbull.

Apesar de não envolveram lições de magia como nas 4 casas de Hogwarts, tais colleges fazem a experiência em Yale única no mundo. Cada college tem sua “personalidade”. É lá que você fará suas amizades mais duradouras, onde provavelmente tomará café e almoçará depois de suas aulas, e onde passará longas noites de estudo.

É também o lugar das festas, já que ninguém é de ferro. Cada college tem seus times em vários esportes, que participam de competições fervem o campus e dão vida à universidade. São nesses colleges que você cria sua home away from home.

Escolha das aulas
Depois de saber qual será seu residential college, você escolhe suas aulas. Em Yale, existe o shopping period. O shopping period é um período no qual você pode frequentar quantas aulas quiser, de qualquer matéria, para saber se gosta ou não do curso. Se gostar, pode adicionar tal curso à sua grade. Se não, bola pra frente!

Yale oferece mais de 2.000 cursos para você escolher, de astronomia à microeconomia, e todos são ministrados por pessoas de altíssima qualidade e pioneiras em suas áreas. Eu já tive aulas com Tony Blair, ex-primeiro ministro britânico, e com Peter Salovey, atual presidente da universidade e importante psicólogo americano.

Além disso, a relação professor e aluno na universidade é extraordinária. Em 2009, meu ano de admissão, para cada professor de Yale, havia sete alunos. Logo, as turmas, em média, eram pequenas, criando uma atmosfera pessoal, íntima, na qual o diálogo prevalecia. A troca de ideias fluía com facilidade e todos tinham sua chance de serem ouvidos.

Yale é uma universidade relativamente pequena, com não mais que 5. 500 alunos, dos quais cerca de 10% são internacionais, o que cria uma comunidade fortemente ligada e diversificada! Na minha época, havia quatro brasileiros na graduação.

É natural se sentir acolhido depois de poucos meses vivendo em New Haven. Caso a saudade seja forte, não se preocupe: Yale funciona em semestres, com longas férias. Dá para comer bastante arroz com feijão durante o summer no meio do ano.

Alunos sedentos por conhecimento
O que faz de Yale ainda mais especial são os alunos. Eu nunca tinha visto um grupo de jovens tão sedentos por excelência. Eu estava constantemente rodeado por pessoas que queriam se melhorar, e melhorar seus projetos, seus trabalhos, suas cidades de origem e até seus países.

Os alunos de Yale são jovens que querem ser a força que irá mudar o mundo para melhor; são engrenagens que ditam para onde a Economia, as Ciências e as Tecnologias irão. São pessoas apaixonadas pela vida, pelo fazer, e fazer bem feito. Estar perto delas automaticamente me fazia querer ser alguém melhor. Era assustador e, ao mesmo tempo, um privilégio.

No estúdio de Arquitetura, nos vários “viradões” pelos quais tive que passar para entregar projetos, eu via tanto talento em um andar só que era difícil de acreditar. Eram pessoas que falavam três ou quatro idiomas; que sabiam desenhar e esculpir; que dançavam e tocavam instrumentos; e que tinham uma oratória de causar inveja em Bill Clinton (um ex-estudante de Yale, por sinal).

A beleza inigualável do campus durante o outono, com o chão coberto de folhas em tons de amarelo e vermelho me faz falta. A diversificada culinária de New Haven – a melhor pizza dos EUA, de acordo com o NY Times – faz falta. Meus grandes mentores de arquitetura, francês e filosofia fazem falta. Mas são meus pares, meus colegas de sala de aula, incentivadores e fontes de inspiração que me dão maior saudade.

Oferta de emprego antes da graduação
Antes mesmo de me graduar, eu recebi um telefonema com oferta de emprego – aproximadamente 72% dos jovens da universidade já saem empregados. A empresa de arquitetura se chama Luckey (www.luckeyclimbers.com) e produz playgrounds bem diferentes para crianças.

Tive a oportunidade de trabalhar em projetos para a China, Singapura, Indonésia, Irlanda e para vários estados dos EUA. Conseguir um trabalho no exterior com tamanha facilidade só foi possível devido aos contatos adquiridos dentro da universidade e claro, devido ao prestigio que Yale possui.

Após um ano trabalhando fora, decidi voltar ao Brasil para abrir meu próprio negócio, chamado APPLY. A APPLY é uma empresa de assessoria que auxilia jovens brasileiros a alcançarem seu sonho de estudar no exterior em boas universidades. Eu passei pelo processo e pude aprender o que é ser um aluno brasileiro nos EUA. Agora, é a minha vez de devolver isso ao Brasil e dedico todo meu tempo para que o máximo de jovens tenha acesso à incrível jornada que é estudar em uma universidade norte-americana de excelência como Yale.

* Este artigo foi originalmente publicado pelo Estudar Fora, portal da Fundação Estudar. O texto foi escrito por Mateus Rabello Benarrós é bolsista da Fundação Estudar e concluiu a graduação em Yale em 2013. Hoje, tem sua própria empresa, a APPLY,  para ajudar jovens que também querem estudar fora. 

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