Profissionais trocam conhecimentos no Pto de Contato, em São Paulo: clima amistoso de colaboração (Raul Junior/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2013 às 13h04.
São Paulo - Já ouviu falar nos coworkers? Eles são profissionais das mais variadas áreas que trabalham em escritórios compartilhados. Esses ambientes já são realidade nas capitais brasileiras e não são apenas um modismo. Com rotinas de trabalho cada vez mais colaborativas, a tendência é o modelo se tornar mais viável a cada ano.
Funciona assim: o profissional paga um valor, calculado por hora, para utilizar o espaço de trabalho. Aluguel, luz, água, internet, telefonia, manutenção do espaço e outras taxas ficam por conta do proprietário da instalação.
No escritório compartilhado, o profissional tem à sua disposição sala de reunião, área de trabalho, telefone, que pode ser dividido em alguns casos, internet e até cafezinho. Os planos das empresas brasileiras variam de 55 a 1 500 reais, de acordo com as horas e os serviços.
O coworking surgiu nos Estados Unidos, em 2005, quando o engenheiro de software Brad Neuberg criou uma comunidade de trabalho com seus amigos.
Aqui, segundo levantamento da comunidade Coworking Brasil, que reúne os criadores do conceito no país, 20 escritórios adotaram o modelo e já existem cerca de 600 coworkers, entre eles, desenvolvedores de software, designers, profissionais de comunicação, publicidade, recursos humanos, consultores, advogados e engenheiros. Um número considerável, já que o primeiro escritório compartilhado surgiu por aqui em meados de 2009.
“Resolvi trabalhar em casa, mas em poucos meses as desvantagens se sobrepuseram aos benefícios. Não aguentava mais o isolamento e a falta de infraestrutura. Um dia li sobre a inauguração do primeiro espaço de coworking do mundo e me apaixonei pela ideia”, conta Fernanda Nudelman Trugilho, proprietária do Pto de Contato, espaço de colaboração de São Paulo.
“A gama de profissionais que podem se beneficiar desse modelo é muito grande. Empreendedores, startups, pequenas empresas, profissionais liberais e freelancers podem obter benefícios financeiros, sem falar no networking ao adotar o conceito”, diz Daniel Mourão, sócio-proprietário da 2Work, escritório colaborativo de Campinas, no interior de São Paulo, que abrirá, em breve, uma filial na capital paulista.
Outro benefício destacado, principalmente pelos clientes, é que não é preciso se preocupar com as etiquetas corporativas. O fato de não haver baias nem divisórias estimula os encontros aleatórios e as conversas espontâneas. Pessoas mais retraídas podem se comunicar mais facilmente, usando o clima de colaboração do lugar. “Acredito que esses espaços contribuem bastante para melhorar a capacidade de comunicação entre as pessoas”, diz Cadu de Castro Alves, da Bees-Office, espaço colaborativo no Rio de Janeiro.
Prós e contras
É muito comum encontrar nos espaços compartilhados profissionais em total clima de descontração trocando ideias e contatos. O publicitário Ismael Lima Dantas, de 40 anos, abriu mão da sala comercial que alugava no Rio de Janeiro há dois meses depois de conhecer a BeesOffice. “No escritório compartilhado, eu troco ideias e ainda aprendo. Conheci um alemão aqui e trocamos contatos”, diz Ismael, proprietário da See You, empresa de mídia indoor. Para o profissional, a única ressalva é feita para quem precisar usar muito o telefone. “Aqui não dá para se concentrar.”
Para a coach Carla Beck, de 43 anos, proprietária da Infinita Soluções em Gestão Organizacional, a mudança ocorreu da necessidade de ter o seu próprio negócio. “O custo-benefício e a possibilidade de fazer negócios são pontos positivos. A questão do ambiente ser muito movimentado, com pouca tranquilidade, atrapalhando o sigilo são os aspectos negativos”, conta Carla, que ingressou na 2Work, em janeiro, quando decidiu sair da consultoria em que atuava.
Já o arquiteto paulistano Leandro Manuel Velloso, de 35, diz que a melhor vantagem desse novo tipo de ambiente corporativo é o fato de o local de trabalho ser leve e diversificado, sem a predominância de cargos ou hierarquias. “Em casa, acho muito fácil ficar disperso. Aqui, consigo receber clientes, que até gostaram do lugar.”
O publicitário Fernando Souza, de 29 anos, começou a trabalhar no escritório paulistano Beans em outubro de 2010, quando montou a agência Pardal. “Já trabalhava há um ano gerenciando projetos e equipes remotamente. Com o crescimento dos projetos houve a necessidade de montar uma estrutura física”, diz Fernando, que já estuda contratar previdência privada e pagar o INSS.