Mini-notas de 100 reais sobre mão (Raul Junior/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2013 às 17h12.
São Paulo - Os planos de contratação das empresas brasileiras este ano são agressivos. Isso valoriza os bons profissionais, que passam a ser disputados. Assim, muita gente está diante de uma ótima oportunidade de melhorar a remuneração. Se esse é seu caso, antes de entrar numa negociação sempre é bom saber se o seu salário está acompanhando a realidade de mercado. Isso vale tanto para quem receber um convite de emprego quanto para quem pleiteia um aumento.
“Desde o ano passado as companhias estão pagando melhor”, diz Fabiano Kawano, headhunter da Robert Half, empresa de recrutamento, de São Paulo. “É um ótimo momento para discutir salário.” Para fazer isso, você precisa saber se a sua remuneração está de acordo com as leis do mercado. Entenda quais passos seguir para descobrir se você ganha bem, ou não.
Converse com quem confia
Você construirá uma visão de quanto vale seu passe a partir de informações de mercado. É como se faz na hora de comprar um carro ou uma casa, mas um pouco mais difícil, porque falar de remuneração envolve um tanto de cerimônia. Comece por seus amigos e contatos no mercado. Fale com antigos chefes, que são do ramo e devem ter algumas informações. “Tome o cuidado de procurar apenas pessoas de confiança”, diz Fabiano, da Robert Half. Salário é algo delicado para discutir com qualquer um.
Fale com um headhunter
Se conhecer alguns headhunters, uma ótima ideia é marcar um café ou almoço para descobrir em que patamar está o salário que você vem recebendo. Os consultores de empresas de recrutamento fazem propostas salariais todos os dias, conversam com gente de mercado e têm uma noção confiável de quanto as empresas pagam e quanto estão dispostas a pagar por um profissional do seu nível.
Analise o contexto
Quando for comparar salários, sempre analise o contexto da pessoa que está lhe passando a informação. Quem ocupa um cargo semelhante ao seu, numa empresa do mesmo tamanho e setor, terá uma visão próxima da sua realidade. Empresas maiores tendem a pagar mais. Mas algumas startups multinacionais pequenas investem em bônus polpudos. “Isso ajuda a evitar cálculos errados”, explica Olavo Chiaradia, da consultoria Hay Group, de São Paulo.
Leia as notícias
Jornais, revistas e sites costumam divulgar tabelas salariais de diferentes setores. Essas informações ajudam você a descobrir se o seu salário está coerente com a média da remuneração de sua área. “As pessoas bem informadas têm mais armas na hora de negociar um aumento”, explica Anderson Andrade, gerente da Grant Thornton Brasil, consultoria empresarial. Fique atento também aos movimentos econômicos de cada segmento do mercado. Acompanhar a aceleração e desaceleração dos mercados ajuda a saber se sua empresa está num bom ou num mau momento. O desempenho da companhia reflete na remuneração dos colaboradores.
Compare a remuneração total
Sua remuneração não é formada apenas pelo salário líquido. O pacote de benefícios oferecido pela companhia também faz parte da remuneração completa. Por isso, coloque na ponta do lápis o valor que você economiza com plano de saúde, dentista, alimentação e transporte, por exemplo. “Tudo isso precisa ser somado na conta final”, diz Fabiano, da Robert Half. Também não se esqueça de computar sua remuneração variável — bônus, comissões e eventuais prêmios.
Procure se informar sobre a política de remuneração variável das empresas do seu setor, que podem ter práticas bastante diferentes das adotadas por seu patrão. “Muitas vezes, algumas organizações pagam bônus mais altos para compensar salários que parecem mais baixos”, diz Luiz Cesar, da Hays, consultoria de recrutamento.
Avalie o setor, a região e o tamanho da empresa
Cada setor tem uma política de remuneração diferente. Tome cuidado ao fazer sua pesquisa. “Não compare comunicação com engenharia, por exemplo. São áreas com salários muito diferentes”, diz Luiz Cesar. O tamanho da organização também é importante. Fique atento à região do Brasil na qual você trabalha. As cidades têm discrepâncias quando se trata de remuneração. Uma dica do consultor para quem é do setor comercial no Nordeste: “O salário do pessoal de vendas aumentou 30% em capitais como Recife e Salvador por causa da falta de profissionais qualificados”.
Quem vem de fora recebe mais
Com o mercado aquecido, fica mais caro contratar profissionais para preencher vagas abertas nas empresas. Por isso, tente não se comparar com um colega recém-chegado. “As companhias estão pagando mais para quem entra nesse momento de aquecimento”, diz Fabiano, da Robert Half. No início deste ano, os profissionais estão conseguindo obter cerca de 20% de aumento salarial numa troca de emprego. Lembre-se de que esse novo colega não é, necessariamente, melhor - ele apenas mudou de emprego num momento em que a situação é mais favorável ao profissional.
Faça sua autoavaliação
Seu salário tem a ver, também, com seu desempenho. Para descobrir se você ganha o que merece, analise se, nos últimos anos, você tem cumprido as metas e se está comprometido em entregar bons resultados. Se a resposta for negativa, talvez seu salário esteja mais baixo porque a companhia está insatisfeita com seu desempenho. “Muitos profissionais entregam abaixo do esperado e não percebem que isso é um indicativo de que não haverá aumento”, diz Olavo, do Hay Group.
Mas, se você supera os objetivos e as expectativas, saiba que pode negociar um aumento se avaliar que sua remuneração está magrinha. “As empresas devem dar reconhecimento aos bons profissionais sob o risco de perdê-los se não o fizerem”, diz Anderson, da Grant Thornton Brasil. Veja também se você está atualizado com o mercado. “Quem investe em desenvolvimento profissional é mais caro”, diz Luiz Cesar, da Hays.
Dê espaço para a subjetividade
Além de analisar salário e benefícios, mensure como você se sente na empresa. Avalie se há um bom clima, boas oportunidades de carreira, cursos para seu desenvolvimento profissional e se os valores são semelhantes aos seus. “Carreira é um projeto de longo prazo. É importante avaliar a parte intangível e descobrir se vale ou não ir para um local só pelo salário”, diz Olavo, do Hay Group. “Se você aprende muito e se sente bem na empresa, é um erro sair, mesmo que a remuneração seja maior lá fora”, completa.