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Você escuta algumas dessas frases com frequência? Cuidado, elas podem desencadear um burnout

No mês do “Setembro Amarelo”, conheça algumas expressões usadas no ambiente corporativo que podem causar constrangimento, ser caracterizadas como assédio e levar o funcionário ao famoso "apagão"

Luciana Baruki, auditora em fiscalizações de assédio no Ministério do Trabalho: “Lidar com a discriminação no local de trabalho é uma das experiências mais desafiadoras que uma pessoa pode enfrentar”

Luciana Baruki, auditora em fiscalizações de assédio no Ministério do Trabalho: “Lidar com a discriminação no local de trabalho é uma das experiências mais desafiadoras que uma pessoa pode enfrentar”

Publicado em 3 de setembro de 2024 às 13h45.

Última atualização em 3 de setembro de 2024 às 17h47.

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Você já passou por alguma situação de constrangimento no trabalho? Se sim, cuidado! Esse é um dos caminhos que podem te levar ao burnout. Segundo Luciana Veloso Baruki, auditora em fiscalizações de assédio no Ministério do Trabalho, advogada e médica pós-graduanda em saúde mental e psiquiatria, existem algumas práticas no ambiente corporativo que podem causar constrangimento, ser caracterizadas como assédio e levar o funcionário ao famoso "apagão"

  • Isolamento ou Exclusão Social: A pessoa é isolada dos colegas, deixada de fora de reuniões, conversas importantes, ou atividades de grupo, o que gera sentimento de rejeição e exclusão.
  • Desqualificação Profissional: Críticas constantes e injustificadas ao trabalho exercido, questiomentos sobre as habilidades e competências de forma depreciativa, frequentemente na frente de outros colegas.
  • Imposição de Tarefas Degradantes ou Inúteis: Atribuição de tarefas humilhantes ou abaixo da qualificação que a pessoa possui, ou exigir a realização de atividades sem sentido ou impossíveis de serem cumpridas.
  • Sobrecarga de Trabalho: Imposição de um volume de trabalho excessivo ou prazos irreais como forma de pressionar e desestabilizar emocionalmente o empregado.
  • Retirada de Responsabilidades: Reduzir ou eliminar as responsabilidades do empregado, dando a entender que ele é incompetente ou inútil para a organização.
    Violência Verbal: Gritos, insultos, apelidos pejorativos, ou qualquer forma de comunicação que humilhe ou intimide o empregado.
    Ameaças ou Intimidações: Ameaças constantes de demissão, de não renovação de contrato, ou de rebaixamento de função, muitas vezes usadas como forma de manipulação e controle.
  • Controle Excessivo e Monitoramento (Hipervigilância e Micromanagement): Supervisão exagerada e constante, incluindo controle do tempo de trabalho, do horário de pausa, ou vigilância invasiva, muitas vezes com o intuito de desestabilizar psicologicamente o empregado.
  • Humilhações Públicas: Situações em que o empregado é humilhado na frente de outros colegas ou superiores, incluindo repreensões públicas ou exposição desnecessária de erros.
  • Retenção de Informações: O empregado é deliberadamente privado de informações importantes para a execução de suas tarefas, o que pode prejudicar seu desempenho e criar situações de fracasso.

Quando uma pessoa está enfrentando um ambiente de trabalho tóxico, onde há diferentes formas de humilhação, a primeira ação recomendada é buscar apoio emocional, afirma Baruki.

“Esse apoio pode vir de um colega de trabalho, um amigo, ou, idealmente, de um profissional qualificado, como um psicólogo", diz a médica. "É importante que a pessoa se sinta validada em sua percepção de estar sofrendo assédio, porque o reconhecimento do problema é o primeiro passo para enfrentar a situação.”

As 30 frases que podem te levar ao burnout

Algumas frases, segundo Baruki, podem desencadear o burnout, uma vez que são frases relacionadas à pressão excessiva e ritmo de trabalho intenso ou que desestimulam o descanso adequado e a recuperação, fatores críticos para prevenir o esgotamento. Veja alguns exemplos:

Esforço, ritmo e dedicação

  • "Você realmente acha que está dando o seu melhor?"
  • "Eu esperava mais de alguém com a sua experiência."
  • "Você deveria aprender a ser mais eficiente."
  • "Você é sempre tão lento, isso está afetando o ritmo da equipe."
  • "Não há espaço para mimimi aqui, todo mundo tem que dar 110%."
  • "Talvez você devesse se esforçar mais para se enturmar com os clientes... quem sabe assim não vai performar melhor?"
  • "Eu sei que as mulheres são mais detalhistas, mas precisamos de mais rapidez."
  • "Não sei se esse projeto é para você, é bastante desafiador."

Longas jornadas, disponibilidade e desconexão 

  • "Eu sei que você tem filhos, mas precisamos de alguém comprometido."
  • "Se você não conseguir entregar, encontraremos alguém que dê conta do recado."
  • "Não há tempo para pausas, temos prazos a cumprir."
  • "Todo mundo aqui faz hora extra, por que você não pode?"
  • "Para ter sucesso aqui, você precisa estar disponível 24/7."
  • “Quanto tempo você levou para almoçar?”

Ameaças e opressão hierárquica

  • "Você deveria se sentir sortudo por ter um emprego."
  • "Eu não me importo o que custará, quero os resultados."
  • "Talvez você esteja no emprego errado se não consegue lidar com isso."
  • "Você sempre precisa de alguém para te orientar, isso é preocupante."
  • "Se você não aguenta a pressão, talvez esse não seja o lugar para você."
  • “Quem manda aqui sou eu.”
  • "Você não é pago para pensar, apenas para executar."
  • "Eu não tenho tempo para discutir, apenas faça o que eu pedi."
  • "Se você não quiser fazer, alguém mais competente o fará."
  • "Você acha que pode fazer isso melhor do que eu?"

Reconhecimento, desqualificação e falta de apoio

  • “Não fez mais do que a sua obrigação.”
  • "Ninguém mais tem problemas com isso, só você."
  • "Sua opinião não importa, apenas faça o que foi pedido."
  • "Por que você não é mais como Fulano? Ele sempre entrega."
  • "Não adianta reclamar, as coisas são como são."
  • "Você está sempre tão defensivo, por que será?"

Essas frases, segundo Baruki, exemplificam comportamentos e atitudes que geram estresse crônico, sentimentos de inadequação, desvalorização e sobrecarga emocional e física no ambiente de trabalho.

“Quando uma pessoa é constantemente exposta a esse tipo de comunicação, as consequências para a sua saúde mental podem ser graves, levando ao desenvolvimento do burnout e outras doenças mentais”, afirma.

O assédio moral que antes era mais realizado com gritos e xingamentos, hoje no mundo corporativo está sendo realizado muito por meio das microagressões, pelo microgerenciamento e pelos comentários passivo-agressivos, afirma Baruki.

“Frases como ‘Por que você não entrega como fulano?’ criam um ambiente onde as pessoas se sentem constantemente criticadas, desvalorizadas, desqualificadas em suas necessidades, levando à redução da autoconfiança e aumento do estresse”.

Essas frases costumam acontecer em ambientes de trabalho onde o estresse, a ansiedade e a sensação de inadequação são constantes, afirma Baruki.

“Lidar com a discriminação no local de trabalho é uma das experiências mais desafiadoras que uma pessoa pode enfrentar”, diz.

“É crucial que as organizações reconheçam esses comportamentos e trabalhem para criar ambientes de trabalho mais saudáveis, inclusivos e sustentáveis, oferecendo o apoio necessário para aqueles que são afetados", afirma Baruki.

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