Lembrar: se houver a preposição, deve haver o pronome (Montagem/VOCÊ S/A)
Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2015 às 14h46.
Que fica da vida além das lembranças? São elas motivo, como diz Roberto, das tantas emoções.
O verbo lembrar, do latim “memorare”, comum em questões sobre regência verbal, possui três básicas possibilidades em acordo à língua-padrão:
Lembrei os melhores momentos da minha infância.
ou
Lembrei-me dos melhores momentos da minha infância.
ou
Lembraram-me os melhores momentos da minha infância.
Esta última construção (apesar de pouco comum no uso) possui a “coisa lembrada” como sujeito, tem o sentido de vir à memória. Em outras palavras: os melhores momentos da minha infância vieram à memória.
Além disso, para ratificação da norma gramatical, evitemos construção como: “Lembrei dos melhores momentos.” Se houver a preposição, deve haver o pronome. Lembrei-me de algo.
Ao redigir este texto, também penso: de que vou me lembrar da vida? Lembro-me da lancheira, no recreio da escola. Lembro-me do abraço da vovó. Das brincadeiras com os primos, dos chocolates no ovo de Páscoa.
Aquela boa lembrança da música clichê, que me emocionava.
Lembro-me do primeiro beijo na boca, tão escondido quanto o meu amanhã.
Lembro-me de quando não via a malandragem das metáforas, pois rolava o riso solto com qualquer palavra repetida.
Lembro-me das broncas que eram bobas, mas ensinavam-me muito. Do tempo que demorava a passar e, assim sendo, inventava idades; engrossava voz; pintava bigode.
Lembro-me de todos aqueles lugares que pareciam gigantescos e, hoje, são apenas lugares com começo-meio-fim.
Das esperanças de ser o melhor do mundo no "iô-iô" da promoção da tampinha do refrigerante. Dos enormes silêncios quando via alguém falecer, porque não cria na finitude da vida.
Daí, a emoção de saber que a memória é a maneira de regressar ao sentimento da conjugação: lembro-me de que, intensamente, vivi.
Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!