Ilustração - Visão limitada (Bruno Algarve/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2013 às 15h17.
São Paulo - Não é novidade que o espaço interno dos aviões tem ficado cada vez menor e que, por causa disso, a proximidade entre as fileiras de cadeiras é cada vez maior.
Num voo de São Paulo até Salvador, fiquei impressionada com a falta de sensibilidade e de gentileza de uma passageira que viajava na fileira em frente à minha. O avião ainda estava taxiando na pista e a folgada, contrariando instruções dos comissários, já havia abaixado com violência o encosto de sua poltrona.
Regra de gentileza para aqueles que, como eu, são obrigados a se espremerem com frequência em aviões: seja educado, vire sua cabeça e peça licença ao passageiro que viaja atrás de você antes de abaixar seu encosto. Isso vai fazer com que, no mínimo, a pessoa de trás se previna do desconforto e do aperto que está por vir.
Essa situação me fez pensar sobre como as pessoas ultimamente se preocupam somente com aquilo que lhes diz respeito. Acho que estamos esquecendo os princípios de civilidade e de delicadeza que deveriam nortear nosso convívio com os demais, tanto em um transporte coletivo quanto em um condomínio onde residimos ou no ambiente corporativo.
Vejo gente berrando ao celular, pessoas que, no trânsito, auferem a si mesmas o direito de dirigir de acordo com sua conveniência, sem nenhum tipo de concessão para com os demais motoristas e, pior de tudo, agindo fora dos ditames da lei.
Nas empresas, então, a coisa anda crítica, já que uns e outros acham que time e equipe são palavras cujo sentido é apenas figurado. Tem de valer sempre o que lhes convém, colaborar com o trabalho de um parceiro lhes soa tão estranho quanto um idioma pouco conhecido — um telefone que toque e não seja seu próprio ramal não tem nada a ver com ele. Assim não dá!
Os mais antigos diziam que aquilo que você faz em sua casa é repetido fora dela. E isso é bem verdade. O cidadão que é civilizado no trânsito, que usa o que é coletivo respeitando sempre o direito do outro, que convive de forma gentil e cortês no condomínio onde reside vai levar consigo essa atitude para seu cotidiano profissional.
E, por causa disso, certamente algumas portas se abrirão para ele com mais facilidade do que para quem, devido à visão limitada, ainda não aprendeu com a vida a olhar para além de seu próprio umbigo!