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O verbo parar perdeu mesmo o acento? Professor explica a nova regra

Professor de português explica um ponto polêmico da reforma ortográfica

História: sabia que "estória" não existe mais? (patpitchaya/Getty Images)

História: sabia que "estória" não existe mais? (patpitchaya/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2021 às 16h42.

Última atualização em 30 de novembro de 2021 às 17h54.

Diogo Arrais, professor de português (@diogoarrais)

Um leitor, diante de sua imensa agonia, perguntou-me sobre a diferença entre “história” e “estória”? Pois bem:

No dicionário Houaiss, “estória” data-se do século 13 e é o mesmo que “história”: narrativa de cunho popular e tradicional; história.

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Etimologicamente, ou seja, na origem, provém da forma inglesa “story”: narrativa, em prosa ou verso, fictícia ou não, com o objetivo de divertir/instruir o leitor, da forma latina “historia,ae”.

A questão é simples: a grafia “estória” é forma arcaica da própria Língua Portuguesa. Na época medieval, “estória” existiu ao lado de “istória”, quando ainda não havia grafia uniformizada para os nossos vocábulos — com invenções distintivas de significado. Houve ainda a forma intermediária “hestoria”.

Ainda sim, em 1919, o gramático João Ribeiro admitia o emprego de “estória” — ao lado de “história”.
No entanto, em 1943, com a vigência do nosso sistema gráfico, a Academia Brasileira de Letras eliminou tal distinção gráfica, recomendando o uso de “história” em qualquer situação: realidade ou ficção.

O verbo parar perdeu mesmo o acento?

A Reforma Ortográfica mais recente traz uma padronização dos paroxítonos, a despeito de possíveis ambiguidades. É o que houve com o verbo parar, na 3ª pessoa do singular, no presente do indicativo: passou a não ser mais acentuado graficamente.

  • Ele para o carro em frente à calçada do vizinho.

O grande problema, com essa extinção do acento gráfico, são as tais ambiguidades:

  • Viaduto para o trânsito de Águas Claras.

Em primeira reflexão semântica, sobre o sentido da sentença, o viaduto seria destinado à fluidez dos carros na cidade de Águas Claras. Em contrapartida, pode-se compreender que o viaduto é justamente o responsável pelo engarrafamento no local.

Esse é um dos gargalos da polêmica Reforma Ortográfica.

Um grande abraço, até a próxima e inscreva-se no meu canal!

DIOGO ARRAIS
http://www.ARRAISCURSOS.com.br
YouTube: MesmaLíngua
Professor de Língua Portuguesa

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