Flavia Guerra, vice-presidente da Abraccine: Sem sombra de dúvidas o filme ‘Pobres Criaturas’ marca a carreira de Emma Stone, não apenas por ganhar o segundo Oscar, mas por marcar a sua atuação como produtora também (Taylor Hill / Colaborador/Getty Images)
Repórter
Publicado em 11 de março de 2024 às 13h24.
O momento em que estamos foi fundamental para Emma Stone conquistar mais uma estatueta, além de outros fatores que já são discutíveis como qualidade de roteiro, direção e atores, afirma Flavia Guerra, vice-presidente da Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema. “Estamos em um momento que valoriza boas histórias de personagens femininas que rompem com os clichês, com as amarras”, diz a crítica de cinema que reforça que neste ano foram indicados três filmes dirigidos por mulheres: “Barbie”, “Vidas Passadas” e “Anatomia de uma queda”, além da “Pobres Criaturas”, que contou com a produção de Emma.
O primeiro Oscar que Emma Stone ganhou como melhor atriz foi com o filme La La Land, de 2016. Hoje, com 35 anos, com passagens por grandes filmes como “Histórias Cruzadas”, “O espetacular Homem-Aranha”, “A favorita” e “Cruella”, Stone vê sua carreira alavancar com o filme “Pobres Criaturas”, afirma Guerra.
“Sem sombra de dúvidas o filme ‘Pobres Criaturas’ marca a carreira de Emma Stone, não apenas por ganhar o segundo Oscar, mas por marcar a sua atuação como produtora também, isso faz muita diferença na atuação”.
Entre as principais lições da carreira de Emma Stone, a crítica de cinema destaca:
Bom humor: ela é uma atriz que não se coloca no lugar de diva, de glamour, ela está sempre disposta a ver a vida com um bom humor. “O próprio jeito que ela falou do vestido que estava ‘quebrado’ é muito ela. É uma pessoa que está presente no momento, sem estrelismo”, afirma Guerra.
Ousadia para exercer diferentes papéis: ela atua em projetos muito ousados e varia muito de papéis, ela não fica só no estilo mocinha – e o biotipo dela poderia ser muito bem usado neste tipo de papel.
“La La Land meio que consagrou com o Oscar para além de quem a conhecia no Homem-Aranha como a Gwen Stacy. Em Cruella ela também foi maravilhosa. Ela conseguiu construir com essa variedade de papéis uma carreira de amadurecimento. Foram roteiros totalmente diferentes. Os “Pobres Criaturas” é uma coroação desse trabalho ousado”, diz a crítica de cinema que reforça que Emma continua aberta a projetos versáteis e que prometem ser emblemáticos.
Atuar em outras áreas: Emma também apostou na carreira de produtora além de atriz. Começou a produzir o próprio filme. “O filme ‘Pobres Criaturas’ é o primeiro filme que conta com a sua produção e vimos que com o Oscar já está dando certa sua nova aposta profissional”, diz Guerra.
Originalidade: é possível ver o quão original é a personagem Bella Baxter e quão livre a Emma interpretou essa personagem.
“Ela comentou em algumas entrevistas que ela teve que descontruir e desaprender muitas coisas que aprendeu para ser a Bella, que é uma mulher que não tem essas amarras sociais que ganhando com o tempo. Ela conseguiu fazer esse papel com muita dignidade, responsabilidade e humor”, diz Guerra, que analisa novamente o cenário atual com o mundo do cinema.
“Estamos passando por um momento que tem que ressignificar o sexo no cinema e o filme produzido por Emma faz isso de uma maneira muito interessante. É uma produção corajosa propor as cenas ousadas que o filme tem, mas faz todo sentido dentro do roteiro e não foi à toa que ela foi reconhecida com o Oscar, afirma Guerra. “Podemos esperar muita coisa boa da Emma por aí, como uma carreira que constrói histórias, atuando e trazendo autoria desde o processo de discutir cenas com grandes diretores até a atuação que é seu talento original”.