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Vagas em estatal dão esperança para quem trabalha com petróleo?

Pré-Sal Petróleo abre concurso para nível superior com salário de até 25 mil reais. O que isso significa para o combalido mercado de trabalho em óleo e gás?

 (Foto/Thinkstock)

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Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 18 de julho de 2017 às 15h00.

Última atualização em 18 de julho de 2017 às 15h00.

São Paulo — Os últimos quatro anos não trouxeram uma boa maré para quem trabalha com petróleo e gás no Brasil. Se, em 2013, o BNDES anunciava um investimento de 458 bilhões de reais no setor, 2014, 2015 e 2016 jogaram um balde de água fria nas expectativas do mercado, com a queda do preço do barril de petróleo, a monumental crise da Petrobras e a derrocada da economia brasileira como um todo.

Passada a primeira metade de 2017, porém, os profissionais do setor podem respirar (um pouco) mais aliviados. É o que sugere a abertura de um novo concurso público da Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural — Pré-Sal Petróleo (PPSA), empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia. O presidente da PPSA, Ibsen Flores, anunciou recentemente que prevê iniciar a comercialização do óleo e do gás extraídos do pré-sal em setembro de 2017.

A estatal oferece 15 vagas de nível superior com salário de até 25 mil reais. Os cargos disponíveis são de assistente de planejamento, assistente de gerenciamento de projetos, assistente de exploração e assistente de reservatórios, entre outros.

Os aprovados trabalharão em projetos ligados ao pré-sal por tempo determinado, pelo período máximo de dois anos. Para alguns cargos, é exigida experiência mínima de 15 anos. As inscrições vão até 6 de agosto e podem ser feitas pelo site da Funrio.

Na visão de Raphael Falcão, diretor da consultoria de recrutamento HAYS Experts, a abertura do concurso na PPSA sem dúvida é uma boa notícia para profissionais do setor de óleo e gás, que sofrem com a escassez de oportunidades há anos, mas "esse é só um dos primeiros passos” do mercado na direção da retomada.

“O que é essencial para o reaquecimento da área é a abertura dos órgãos de estatais à iniciativa privada”, afirma Falcão. “Isso começa a aparecer com mudanças internas na Petrobras e na Transpetro, que têm vendido cada vez mais ativos, e esse movimento deve continuar”.

Ainda assim, certas “névoas” continuam rondando o setor. “Nos últimos anos, o governo tem mostrado uma abertura maior para conversar com empresas, mas ainda há incerteza se essa posição será mantida a longo prazo ou não, o que tem grande impacto sobre o desenvolvimento de novos projetos no setor”, explica o diretor da consultoria. 

Dança das cadeiras

Embora longe da efervescência de 2013, diz Falcão, o mercado de trabalho no setor está ligeiramente mais aquecido no momento e pode oferecer mais oportunidades no segundo semestre de 2017.

A estabilização do preço do barril de petróleo é um dos motivos para ter esperança, além do choque de gestão que pode mudar a cara da Petrobras, que é atualmente a empresa de petróleo mais endividada do mundo, segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio).

Apesar das incertezas, um estudo da HAYS indica um aumento na contratações de profissionais especializados em óleo e gás com entendimento profundo sobre o mercado local e capacidade de promover uma interface produtiva com empresas do exterior.

Falcão também chama a atenção para uma espécie de “dança das cadeiras” no mercado: o especialista estrangeiro começa a ser substituído por mão de obra nacional. “Até 2013, vinha muita gente de fora, considerada top performer, mas com salários duas ou três vezes mais altos do que a média”, explica o executivo. Diante da atual conjuntura, as empresas agora voltam a preferir os brasileiros.

As posições mais (e menos) procuradas

Segundo o estudo da HAYS, estes são os cargos em alta para 2017 no setor de óleo e gás:

Perfis mais solicitados
Gerente/engenheiro de vendas
Engenheiro offshore para FPSO
Gerente de operações onshore

A alta na contratação de gerentes/engenheiros de vendas tem a ver com a mudança no perfil mais solicitado para ocupar esse cargo. Segundo Falcão, no passado eram priorizados profissionais “com bom networking dentro da Petrobras” e hoje, embora ter bom trânsito na estatal continue sendo importante, as empresas preferem executivos com alto grau de domínio técnico sobre a área.

Já as vagas para engenheiros offshore para FPSO e os gerentes de operações onshore são resultado da abertura desse mercado à iniciativa privada. As oportunidades têm sido criadas sobretudo por novos players que passaram a explorar ativos vendidos pelas estatais.

Por outro lado, estas são as carreiras menos procuradas do momento, ainda segundo a HAYS:

Perfis menos solicitados
Drilling
Serviços para drilling

De acordo com Falcão, as carreiras ligadas à etapa do drilling, ou perfuração, estão em baixa sobretudo porque essa é uma etapa avançada da produção de petróleo — à qual ainda não chegaram a maior parte dos projetos ativos no momento.

“Há um longo ciclo até chegar ao drilling, que inclui a realização de leilão e avaliação da área a ser perfurada”, explica o especialista. Não há projetos suficientemente adiantados para incluir essa etapa porque o processo de reaquecimento do mercado só está começando.

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