Sede da Univates, no Rio Grande do Sul: o modelo de ensino é voltado para as novas demandas do mercado de trabalho (Univates/Divulgação)
O ensino superior precisa se reinventar? Essa é uma discussão bastante ativa no mercado nacional e internacional há algum tempo. Com todas as estruturas passando por revisão durante a pandemia, é natural que o debate ganhe novos contornos. Essa também é uma preocupação da Universidade do Vale do Taquari (Univates), no Rio Grande do Sul, que passou os últimos dois anos repensando suas práticas de ensino em função do perfil das novas gerações e das demandas de mercado. Neste mês, a instituição lança seu novo conceito de graduação adequado a este momento: o Aula+.
Após esse tempo de estudo, a instituição chegou a uma proposta pedagógica e curricular na qual as aulas serão organizadas em seminários e ateliês, e não mais em disciplinas. “Precisamos trazer algo novo, que empolgue e seja um incentivo para quem está concluindo o ensino médio”, analisa a pró-reitora de ensino da Univates e doutora em Direito Fernanda Pinheiro, que é professora do ensino superior desde 2003. Segundo a especialista, o foco do grupo da universidade que criou o Aula+ é proporcionar um lugar de estudo e aprendizagem profunda que fuja do ensino superficial. A iniciativa partiu da gestão da instituição junto com a gestão da área acadêmica e atualmente o grupo conta com professores de todos os cursos envolvidos.
Ao mesmo tempo, o modelo mescla aulas presenciais e ensino à distância, conforme a possibilidade de cada grade curricular. Os cursos que contemplam a metodologia em 2021 são: Administração, Ciências Contábeis, Design, Direito, Gestão de Micro e Pequenas Empresas, Jornalismo, Letras, Pedagogia e Publicidade e Propaganda. Para os demais cursos, a expectativa é que o Aula+ esteja disponível em até dois anos.
De forma prática, o Aula+ é uma metodologia construída pela Univates que traz para o estudante mais inovação, experiência e conhecimento. Na visão da Univates, o conceito está alinhado com a perspectiva comunitária da instituição e também com as demandas regionais. Dessa forma, é possível atuar de assertivamente em relação aos desafios contemporâneos. O grupo de estudos da universidade consultou modelos inovadores que já estão em prática em instituições como o Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey, no México, e a Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Chile.
A universidade conta com a consultoria pedagógica de Jorge Larrosa, professor de Filosofia da Educação na Universidade de Barcelona, nesse projeto. “A fundamentação teórica da proposta foi feita juntamente com ele”, conta Fernanda. No início, o professor veio ao Brasil algumas vezes e atualmente a consultoria segue por videoconferência, incluindo a capacitação dos professores para a nova proposta de seminários e ateliês.
No Aula+, a grade curricular não é vista simplesmente por disciplina. Os modelos trazem diferenciais e práticas para provocar alunos e professores a interagir. No seminário, o professor apresenta e expõe a matéria, enquanto os estudantes são convocados a realizar estudos e pesquisas para compartilhar em grupo. Juntos, professores e estudantes trabalham na construção do conhecimento e na articulação da teoria com a prática.
Já nos ateliês o docente apresenta exercícios, maneiras de fazer e modos de se relacionar com determinada matéria. E tanto estudantes quanto professores trabalham com problemas reais, simulações e criação de projetos, com direito a experimentações e tentativas de erro e acerto.
No novo formato, o estudante não precisa estar na universidade todos os dias da semana. A proposta híbrida é única e cada curso de graduação presencial pode ser composto por até 40% da carga horária na modalidade à distância. Segundo Fernanda, essa porcentagem costuma variar de 25% a 30%, dependendo do curso. Isso porque cada matriz curricular foi pensada de forma personalizada pelos professores de cada área.
Além disso, o ensino híbrido vai contemplar a articulação entre ensino, pesquisa e curricularização da extensão universitária. Ele é baseado em cinco princípios articulados: transversalidade, experimentação, criação, alteridade e aprendizagem. O estudante poderá se matricular em blocos de 200 horas a partir de 866 reais por mês. A escolha do nome, Aula+, também foi feita de maneira compartilhada, consultando alunos e docentes. “Nosso foco é que a aula seja um momento potente de estudo e aprendizagem, quer seja de forma online, quer seja presencial”, finaliza Fernanda.