Carreira

Uma voz quer cantar

A advogada paulistana Nicole Borger, de 42 anos, vive até hoje um caso de amor da adolescência. Um amor platônico que se tornou real há dois anos. Ela sempre foi apaixonada por música. Na hora de optar por uma carreira, no entanto, Nicole, que dava aula de música para crianças, foi desaconselhada pelos pais a […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h33.

A advogada paulistana Nicole Borger, de 42 anos, vive até hoje um caso de amor da adolescência. Um amor platônico que se tornou real há dois anos. Ela sempre foi apaixonada por música. Na hora de optar por uma carreira, no entanto, Nicole, que dava aula de música para crianças, foi desaconselhada pelos pais a seguir essa vocação. "Você vai correr o risco de ser professora para o resto da vida?", foi o que lhe questionaram na época. Nicole escolheu o direito por não gostar de matemática, mas ironicamente se especializou na área tributária. Construiu uma carreira sólida em empresas multinacionais e há dez anos abriu seu próprio escritório. A música ficou em segundo plano, mas jamais foi esquecida. Há dois anos, a convite de um amigo, Nicole foi parar num coral amador de MPB. "A partir daí, a quarta-feira, dia do coral, tornou-se o mais feliz da semana", conta. Impressionado com a voz da advogada, o maestro lhe aconselhou maior dedicação à musica. Nicole começou a se apresentar em bares de São Paulo cantando jazz e blues. Numa das apresentações, o dono de uma gravadora estava na platéia. Nicole disse a ele que gostaria de gravar um disco para dar de brinde de fim de ano a seus clientes. A resposta foi um sonoro não. Ele foi duro com Nicole, dizendo que ela deveria gravar, sim, um CD, um trabalho profissional, mas teria de investir pesado em shows para se tornar conhecida. No ano 2000, Nicole fez 25 apresentações. Numa viagem a Portugal, encantou-se com os versos de uma poetisa portuguesa, para os quais compôs músicas, 32 em dois meses. "Foi como se tivessem tirado um peso de cima de mim", diz a autora do CD Amar -- um encontro com Florbela Espanca, lançado em 2001.

Mas onde foi parar a advogada? Continua na ativa. Ela vai ao escritório na parte da tarde e dedica as manhãs a visitas a clientes, aulas de música e sapateado. Seu nicho, a consultoria fiscal para pessoas físicas, é lucrativo, e o trabalho é sazonal. "Sei que em março e abril, época das declarações do imposto de renda, não posso cantar", diz. Nicole concilia carreiras aparentemente inconciliáveis, tem tempo para o marido, os filhos e planos para o futuro: entrar na faculdade de música. Apesar da experiência intensa consigo mesma, Nicole não dispensa a terapia. "Como diz minha mãe, terapia é como uma viagem para dentro de si mesma num transatlântico de luxo."

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