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Ter fibra ou não ter fibra, eis a questão

Uma pesquisa mostra que a resiliência é a principal competência da primeira metade do século 21. Conheça os caminhos para desenvolvê-la

Vânia Maria Salgado, gerente de suporte da Symantec: triatlo ajuda no equilíbrio (Raul Junior / VOCÊ S/A)

Vânia Maria Salgado, gerente de suporte da Symantec: triatlo ajuda no equilíbrio (Raul Junior / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2013 às 18h53.

São Paulo - Conceito emprestado pela física à psicologia do trabalho, a resiliência é a capacidade de resistir às adversidades e reagir diante de uma nova situação. Um profissional pode precisar dela tanto para encarar a pressão e a competição do mercado quanto para atravessar momentos difíceis, como crises econômicas e acidentes.

"A resiliência é um fator crítico para enfrentar os desafios desta primeira metade do século", diz Paulo Yazigi Sabbag, professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV) e idealizador da primeira escala nacional para avaliar o nível de resiliência de profissionais adultos. 

Um estudo com 3.707 alunos do curso a distância de especialização em administração da FGV, realizado pelo professor Paulo, mediu o nível de resiliência de cada um deles utilizando a escala, que relaciona nove fatores: autoeficácia, solução de problemas, temperança, empatia, proatividade, competência social, tenacidade, otimismo e flexibilidade mental.

Cada um desses fatores ajuda de maneira diferente no enfrentamento de problemas e na tomada de decisões. No resultado final, 16% foram classificados com baixa resiliência, 44% foram considerados com moderada resiliência e 40% enquadraram-se em um grau elevado. 

A boa notícia é que se trata de uma competência que pode ser aprendida. "Muitos autores dizem que essa competência é assimilada no processo de educação familiar, mas eu acredito que pode ser desenvolvida em qualquer estágio da vida, principalmente quando a pessoa entra no mercado de trabalho", diz Paulo. Trocar de chefe, ter um projeto rejeitado e sofrer uma injustiça do colega são situações que testam os limites do profissional.


Algumas atividades artísticas também podem desenvolver aspectos da resiliência, como a competência social e a flexibilidade mental. A EDP, controladora de geradoras e distribuidoras de energia elétrica em sete estados brasileiros, desenvolveu um programa que visa aumentar a experiência de vida dos funcionários. No curso, executivos e engenheiros do grupo podem escolher temas como fotografia, arquitetura e filosofia, por exemplo.

A ampliação de repertório foi utilizada como estratégia para solucionar problemas de forma criativa e aproximar membros da equipe. "O repertório cultural faz com que os gestores cresçam e mantenham a equipe caminhando e se desenvolvendo", diz Elaine Regina Ferreira, diretora de gestão do capital humano da EDP, em São Paulo.

Como a cultura, a prática de esportes ou de hobbies voltados para a ação e a aventura ajuda aqueles que precisam aprimorar a capacidade de agir em situações difíceis. Maurício Catelli, de 44 anos, sócio-diretor da CAS Tecnologia, empresa de desenvolvimento de soluções de engenharia de sistemas, automação e telemetria, pratica uma hora semanal de voos de acrobacia e três vezes por semana usa um simulador de uma cabine do modelo Boeing 737.

Além do trabalho, de ter feito um MBA na USP e um na Universidade Columbia, nos Estados Unidos, Vânia se dedica ao triatlo, e em maio disputará uma prova de Ironman — 3,8 quilômetros de natação, 180,2 quilômetros de ciclismo e 42,2 quilômetros de corrida. A preparação inclui fazer dieta, dormir cedo e ser muito organizada.

O esporte auxilia na concentração e na calma, habilidades que ela aplica no trabalho. "O triatlo ajuda também a ficar mais equilibrada, ser mais sensata nas decisões, além de acalmar", diz Vânia. "O ritmo é cansativo, mas ganho bom humor, amizades  e ainda consigo dormir melhor."

"O hobby traz muita autoconfiança e poder de decisão", afirma Maurício. Ele conta que a simulação o ajudou a desenvolver a concentração e a capacidade de planejar, o que o auxilia a tomar decisões profissionais que exigem presteza. 

Você não precisa ser bom em todos os aspectos da resiliência, mas certamente pode desenvolver alguns deles, de acordo com sua aptidão. Além de crescimento profissional, isso trará, de maneira geral, uma vida mais equilibrada.  

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