Carreira

Uma em cada 5 profissões no país pode adotar o home office, diz estudo

Análise realizada pelo Ipea revela que 22,7% das ocupações, que representam 20 milhões de trabalhadores, são aptas para o teletrabalho

Home office: o formato poderá ser adotado em 22,7% das ocupações nacionais (Stefan Wermuth/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Home office: o formato poderá ser adotado em 22,7% das ocupações nacionais (Stefan Wermuth/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 3 de junho de 2020 às 19h35.

Última atualização em 3 de junho de 2020 às 20h07.

Com a pandemia de coronavírus, milhões de brasileiros abandonaram os escritórios e passaram a trabalhar de casa. O teletrabalho, ou home office, já era uma tendência no mundo e, com a mudança nos hábitos, deve se fortalecer mesmo após a crise. De acordo com análise do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) divulgada nesta quarta-feira, o formato poderá ser adotado em 22,7% das ocupações nacionais, alcançando mais de 20 milhões de trabalhadores.

— Sabemos que o trabalho em domicílio é uma realidade que independe da pandemia — destacou Felipe Martins, um dos coautores da pesquisa, ressaltando que ainda não é possível avaliar o impacto das medidas de isolamento adotadas por quem pode ficar em casa no avanço do teletrabalho no Brasil.

O estudo “Potencial de Teletrabalho na Pandemia: Um Retrato no Brasil e no Mundo” segue metodologia da Universidade de Chicago na estimativa do teletrabalho em 86 países, adaptada à realidade brasileira com a conversão das funções para a Classificação de Ocupações para Pesquisas Domiciliares, adotada pela PNAD Contínua, do IBGE.

Os resultados mostram que das 434 ocupações analisadas, mais de um quinto podem ser realizadas remotamente. Isso coloca o país na 45ª posição no ranking mundial, e em 2º lugar na América Latina.

Segundo Martins, os profissionais com maior potencial para o teletrabalho são os de ciências e intelectuais, diretores e gerentes e técnicos e profissionais de ensino médio. Na outra ponta, trabalhadores rurais, da caça e da pesca e militares possuem o menor potencial.

— Se a ocupação envolve trabalho fora de um local fixo e operação de máquinas e veículos ela é considerada não passível de teletrabalho — explicou o pesquisador.

O estudo também revelou disparidades regionais. O maior potencial para teletrabalho foi identificado no Distrito Federal, onde 31,6% dos empregos (cerca de 450 mil pessoas) podem ser realizados de maneira remota, seguido por São Paulo (27,7%, ou 6,1 milhões de pessoas) e Rio de Janeiro (26,7%, ou 2 milhões de pessoas). Já o Piauí tem o menor potencial, com 15,6% das atividades, ou 192 mil trabalhadores.

Na comparação internacional, Luxemburgo lidera o ranking de 86 países, com 53,4% dos empregos com potencial para teletrabalho. Na lanterna está Moçambique, com apenas 5,24% das atividades passíveis de serem realizadas remotamente. Na América Latina, dos nove países que constam no estudo (Brasil, Bolívia, Chile, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, México e Panamá), o que apresenta maior potencial é o Chile, com percentual de 25,74%.

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