Carreira

Uma agenda para a liderança

O engenheiro Flávio Rímoli fez uma carreira de sucesso na Embraer e foi o primeiro brasileiro a ser convidado pela escola de negócios suíça IMD para ser um executivo residente.

Flávio Rímoli: 33 anos de Embraer e primeiro brasileiro residente na escola de negócios suíça IMD (Omar Paixão / VOCÊ S/A)

Flávio Rímoli: 33 anos de Embraer e primeiro brasileiro residente na escola de negócios suíça IMD (Omar Paixão / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2014 às 10h49.

São Paulo - O engenheiro mecânico Flávio Rímoli, de 55 anos, passou 33 deles numa empresa só, a Embraer. Entrou como auxiliar de engenheiro em 1980 e deixou a companhia em 2013, como vice-presidente executivo (serviços corporativos) e membro do conselho de administração de joint ventures do grupo Embraer.

No mesmo ano em que saiu da fabricante brasileira de ­aviões, Flávio foi convidado pela renomada escola de negócios IMD, na Suíça, para passar um ano em Lausanne como executivo residente — um programa anual e exclusivo, com vaga para apenas três profissionais em todo o mundo.

Flávio é o primeiro brasileiro a conseguir uma cadeira no programa. A seu lado, no mesmo período, estiveram o francês Thierry Maupilé, chefe do grupo de ecossistema estratégico da Cisco, e o suíço Joseph Mueller, conselheiro de negócios para Ásia e Europa e ex-chefe da Nestlé para a China.

“O objetivo do programa é promover um intercâmbio de conhecimentos e experiências”, diz o executivo brasileiro. A escola suíça abre suas portas, dando aos executivos acesso a cursos e eventos, e ao networking global. Em troca, cada um dos convidados é chamado para dividir com os 90 alunos do MBA e professores sua experiência de vida e informações sobre a empresa em que trabalhou.

Flávio retornou ao Brasil em julho. A seguir, o executivo fala dos principais aprendizados na IMD, conselhos que devem estar na agenda de qualquer profissional que tenha a ambição de chegar ao topo.

Morar fora. “De 1998 a 2005, época em que era diretor de contratos e vice-presidente sênior para a aviação comercial, viajava bastante. Era responsável pela negociação dos contratos de venda das aeronaves comerciais. Cheguei a viajar 20 vezes por ano, principalmente para os Estados Unidos e diversos países da Europa.

Sempre encontrei executivos de diversas culturas e tradições. Na Suíça, por exemplo, as pessoas são muito mais formais e fechadas. Leva-se tempo para construir um relacionamento. Isso pode intimidar um negociador de primeira viagem. Quando você mora fora, absorve essa cultura e tem mais capacidade de tomar decisões ao interagir com estrangeiros. Recomendo fortemente colocar a experiência de morar fora como meta profissional.”

Diversidade na prática. “Um dos objetivos da escola de negócios IMD é ser um centro de educação de negócios que estimule e explore as oportunidades geradas pela diversidade dos times.

Não é à toa que entre os 90 alunos de MBA estejam representadas 40 nacionalidades. Até o time de professores é muito diverso, e isso enriquece as discussões. Mesmo para quem está no Brasil, buscar a diversidade de experiências e conhecimentos é enriquecedor.”

Prioridades. “Ao longo deste ano, depois de fazer vários cursos, minhas questões eram: ‘Onde posso agregar valor no mercado? Qual é meu próximo passo? O que faço com tudo isso; afinal, tive uma carreira bem-sucedida?’. As respostas foram aparecendo.

Minha prioridade é atuar em conselhos de administração ou conselhos consultivos de empresas. Sei que posso contribuir com outras pessoas e empresas. Nem todo mundo teve a experiência que tive.”

Carreira de sucesso. “Em 2005, assumi o posto de vice-presidente executivo jurídico da Embraer e ao mesmo tempo era secretário do conselho de administração da empresa. Fui membro do conselho de administração de empresas do grupo Embraer na China, em Portugal e nos Estados Unidos, de 2008 a 2012.

Há alguns anos comecei a compartilhar esse conhecimento com profissionais mais jovens. É muito bom, pois você tem a sensação de que está contribuindo para o desenvolvimento das novas gerações. Divida seu conhecimento.”

Brasil versus mundo. “Nos últimos meses, recebi algumas propostas de trabalho. Algumas delas fora do Brasil: no Canadá e na Rússia. Acabei recusando porque prefiro ficar no Brasil. Quero continuar em empresas globalizadas e multiculturais, mas para isso não preciso morar fora do Brasil.

Depois de um tempo de carreira, você percebe que algumas escolhas estão feitas. Agora quero seguir em frente, trilhando uma nova fase. Estou mais maduro, mais internacional e com novas conexões. É importante trabalhar para ter sempre opções na manga.”

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