Carreira

Um time mais temperado

Ao investir na qualificação de funcionários sem experiência, a empresa de alimentação corporativa Apetit aumentou sua produtividade e reduziu o desperdício de matéria-prima

Pamela Manfrin, gerente de estratégia, na Universidade Apetit: após os treinamentos, a empresa aumentou 12% sua produtividade (Gabriel Teixeira / VOCÊ RH)

Pamela Manfrin, gerente de estratégia, na Universidade Apetit: após os treinamentos, a empresa aumentou 12% sua produtividade (Gabriel Teixeira / VOCÊ RH)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2014 às 16h53.

São Paulo - Voltada para a operação de restaurantes corporativos, a paranaense Apetit tinha objetivos claros de crescimento: triplicar o faturamento em três anos — meta que a empresa atingiu no fim de 2013, quando alcançou a receita de 120 milhões de reais. Para suportar essa expansão, porém, era preciso recrutar um batalhão de gente.

E gente que, muitas vezes, estava se candidatando ao primeiro emprego, vindo de outro negócio ou, simplesmente, retornando ao mercado de trabalho depois de muito tempo afastada. Em resumo, gente que não tinha a competência que a empresa julgava necessária para a expansão de seus negócios.

O desafio

Com operações dentro de restaurantes corporativos em oito estados brasileiros, a Apetit vinha crescendo a taxas de 30% ao ano. Entre 2011 e 2013, a companhia expandiu seus negócios em outros quatro estados — Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Paraíba —, inaugurando 60 restaurantes, que exigiam a contratação de aproximadamente 1 200 pessoas.

O contingente era tão expressivo que a empresa, até então bastante exigente na seleção de seus candidatos, se viu obrigada a abrir oportunidades para pessoas sem qualificação técnica e experiência anterior. Do total de novos funcionários, 35% correspondiam a jovens que estavam chegando ao mercado de trabalho e tinham na Apetit seu primeiro emprego formal.

A solução

Com tanta gente nova que mal sabia fritar um ovo e constantemente derrapava no preparo de alimentos, a empresa decidiu criar uma universidade corporativa, a Universidade Apetit (Uniap). Inaugurado em 2013, o projeto consumiu um investimento de 1,3 milhão de reais.

“Para criar a Uniap, consolidamos as práticas da empresa e os treinamentos que já aplicávamos, além dos cursos de ensino a distância que começamos a adotar em 2010”, afirma Pamela Manfrin, gerente de estratégia da empresa.

Destinada, principalmente, a capacitar os funcionários do nível operacional, que compõem em torno de 70% do quadro de pessoal da Apetit, a Uniap ocupa um espaço de mais de 40 000 metros quadrados em Londrina, onde está a sede da companhia.

Pode hospedar 180 funcionários (empregados de outros estados que estejam frequentando cursos presenciais) e conta com auditório para 150 pessoas, além de um restaurante que simula a operação da empresa em seus clientes.

Os cursos oferecidos são voltados para o dia a dia dos restaurantes da Apetit, para a gestão de orçamentos, custos e projetos e para o desenvolvimento comportamental dos empregados e seu alinhamento com a cultura corporativa.

“Também passamos a oferecer conteúdos de caráter sociocultural, como os cursos de economia doméstica, saúde, oratória e maquiagem, visando não só contribuir para o desenvolvimento da carreira do funcionário como também proporcionar seu desenvolvimento como cidadão”, diz a gerente de estratégia. Na maioria dos casos, o treinamento presencial é aplicado por multiplicadores da própria empresa.

Dos 200 cursos que constam hoje na grade curricular da Uniap, todos têm ainda versões online, de ensino a distância, já que cerca de 60% dos funcionários estão longe do raio de atuação da sede.

Todos os empregados que participam dos treinamentos na Uniap recebem certificados de capacitação, o que os habilita a participar também de programas de recrutamento interno e a concorrer a promoções na empresa.

O resultado

Desde janeiro de 2013, 100% do quadro de pessoal da Apetit já passou por algum treinamento, presencial ou a distância, da Uniap. A meta da empresa, que antes era de 4 horas de treinamento por mês por funcionário, subiu para 6 horas, sendo 4 horas de cursos presenciais e 2 de cursos online.

“Mas, conforme o interesse do empregado, ele tem mais de 80 horas de treinamento disponíveis para acessar pelo computador”, diz Pamela. Além de qualificar o pessoal que chegava à empresa sem experiência, a Uniap trouxe, segundo a gerente, outros resultados importantes.

“Graças à melhor qualificação do quadro, fizemos 388 promoções internas no ano passado”, diz. “No ano anterior, não chegamos nem à metade desse número.” O turn­over entre os líderes caiu mais de 3% desde a implantação da Uniap. No nível operacional, a queda foi de 2,5%.

“Também experimentamos um aumento de produtividade significativo, de 12%, entre janeiro de 2013 e julho deste ano”, diz Pamela, acrescentando que a melhora na formação da equipe também foi responsável pela importante redução de 4% no desperdício de matéria-prima no mesmo período. “Lembrando que o custo com alimentos é o maior custo de nossa empresa.”

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