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As precauções essenciais com os tuítes de finanças

A VOCÊ S/A conversou com os principais tuiteiros que escrevem sobre finanças. Eles revelam os cuidados que você deve tomar ao utilizar as informações da rede social sobre investimentos

Ganho de 10 000 reais: há três anos na rede de microblogs, o administrador de empresas Pedro Henrique Dutra, de 28 anos, já ganhou dinheiro com informações do Twitter (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

Ganho de 10 000 reais: há três anos na rede de microblogs, o administrador de empresas Pedro Henrique Dutra, de 28 anos, já ganhou dinheiro com informações do Twitter (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2013 às 13h39.

São Paulo - De música a programas de tevê, basta que as notícias cheguem ao Twitter para ganhar repercussão imediata. Quando o assunto é investimento financeiro, a situação não é diferente. O microblog dá visibilidade a estratégias e sugestões de profissionais e leigos que acompanham o mercado de capitais. Um comentário daqui, um tuíte de lá, e o que era apenas um rumor repercute nas bolsas de valores.

Em janeiro de 2011, um tuíte do rapper americano 50Cent deu o que falar. Ele postou para seus 3,8 milhões de seguidores: “Você pode dobrar seu dinheiro agora mesmo. Não é brincadeira, entre já”. Ele se referia aos papéis da H&H Import, empresa de varejo que era um mico na bolsa americana.

A frase seria apenas uma sugestão de investimento se o músico não tivesse comprado 30 milhões de ações da companhia em outubro de 2010. No dia em que ele fez o post, os papéis da H&H Import subiram 290%, fazendo com que o popstar ficasse 8,7 milhões de dólares mais rico.

No dia seguinte, agências de notícias informaram a abertura de uma investigação contra o músico, que teve de dar explicações às autoridades. A Securities and Exchange Commission, o xerife do mercado de ações americano, no entanto, informa que não divulga o andamento de processos. O episódio é um exemplo de que é preciso muito cuidado com as informações que vêm das redes sociais.     

No Brasil, há 8,8 milhões de usuários do Twitter. Centenas de investidores, economistas, agentes de investimentos e curiosos falam sobre finanças pessoais no microblog. Você deve ficar atento na hora de acatar as sugestões. A diferença entre indicações de quem entende do mercado financeiro e a tentativa de manipular o preço das ações é tênue.

Ninguém fica rico de uma hora para outra nem se torna um grande estrategista ou investidor sem estudo e dedicação. É claro que há informações relevantes sendo veiculadas nos posts de 140 caracteres. Por isso, a VOCÊ S/A conversou com os principais tuiteiros que escrevem sobre finanças, que contam, nesta reportagem, quais cuidados você deve ter.

O perfil @bovespabrokers foi criado em 2009 pelo gestor financeiro Claudio Fonseca, de 31 anos, para buscar notícias rápidas sobre mercado financeiro e economia. Não demorou muito para que a situação mudasse. Hoje, mais de 7 000 pessoas, empresas e corretoras ficam de olho no que ele escreve.

Claudio evita influenciar demais seus seguidores. “Eu posto informações bem soltas, que consigo por aí, mas tento não induzir as pessoas a comprar esse ou aquele papel.” Para reduzir o poder de influência, ele alterna os posts de investimentos com as dicas de educação financeira.  


Há quem goste de ter acesso a todas as informações disponíveis para traçar uma estratégia de investimento. Nesse clube está @fabi_gold, pseudônimo da publicitária Fabiane Goldstein, de 41 anos, que fez carreira na área de relação com investidores, de onde saiu em 2009 para fundar a RICCA RI, assessoria especializada em comunicação com investidores e acionistas. Ela segue mais de 200 perfis.

Como profissional da área de finanças, a publicitária é seguida por mais de 1 200 pessoas e não gosta de espalhar especulações. “Para mim, vale o que os educadores financeiros escrevem no Twitter: se você estuda e leva a sério seus investimentos, você vai longe.”

É justamente para fugir das especulações e informações de bastidores que, ao contrário das sardinhas do mercado — apelido dado a investidores iniciantes —, @lambari_trader (seu autor pediu para não ser identificado) procura não seguir dicas. Para ele, muitas informações sobre um assunto podem levar a conclusões enviesadas na análise de ações. Por isso, ele prefere seguir poucos perfis, como os sites de notícias.

Na vasta fauna do mercado, @picapautrader (seu autor pediu para não ser identificado) também prefere se informar a seguir dicas de gurus. Ele entrou no Twitter para extravasar suas ideias sobre investimentos. “Muitas vezes dá para perceber movimentos no mercado nos quais ainda não havia prestado atenção”, diz o investidor de 42 anos, que mantém um perfil cheio de bom humor e distribui piadas aos 2 300 seguidores.

Embora as notícias divulgadas por meio do Twitter pareçam úteis para antever os movimentos do mercado, a legislação considera ilícita a utilização de informações privilegiadas para benefício próprio. Além disso, o que está no microblog pode não ser verdadeiro.

Há 20 anos no mercado financeiro, @bastter é um dos chamados tubarões do mercado, graças a sua experiência na bolsa. Seu autor é o carioca Maurício Hissa, de 47 anos, coordenador do portal Bastter.com, especializado em educação financeira.

“Não trabalho com dicas de investimentos”, diz. Assim como @picapautrader, com quem trava cômicos embates virtuais, @bastter recebe centenas de mensagens diretas com pedidos de informações e solicitações de estratégias de investimentos. “O pequeno investidor não vai seguir uma sugestão de compra ou venda pontual e ganhar dinheiro. Isso é ilusão”, afirma @bastter.

Ao contrário do irmão, que prefere o Twitter para trocar lições de investimentos, @preda_bastter, perfil de Ricardo Hissa, professor de análise técnica do portal Bastter.com, divide seu conhecimento pelo YouTube. Em vídeos caseiros, ele expõe temas polêmicos. “Não dou dicas porque a bolsa não é lugar para ganhar dinheiro fácil.”

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