Carreira

Um novo jeito de cuidar da saúde na Reckitt Benckiser

Ao criar uma cultura de promoção da saúde, a Reckitt Benckiser do Brasil reduziu em quase 800 000 reais os custos com doenças, afastamentos e acidentes entre 2009 e 2010

Ao lado, Marcelo Nóbrega, diretor de RH, e o médico do trabalho Mário Martins (mais à esq.), ambos da Reckitt: mudança na gestão da saúde provocou queda de 14% dos gastos totais da empresa  (Omar Paixão)

Ao lado, Marcelo Nóbrega, diretor de RH, e o médico do trabalho Mário Martins (mais à esq.), ambos da Reckitt: mudança na gestão da saúde provocou queda de 14% dos gastos totais da empresa (Omar Paixão)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2013 às 18h29.

Em 2007, a Reckitt Benckiser, multinacional de produtos de cuidados com a saúde, lar e higiene, já pagava mais em saúde para seus funcionários que em salários — o gasto per capita com folha de pagamento era de 3 463 reais, ante 4 454 reais de gasto per capita com saúde. A empresa queria reduzir os custos, é claro, mas sabia que, para isso, primeiro teria de investir. E encontrou a solução dentro de casa, a partir da implantação de uma estrutura de medicina ocupacional de qualidade, integrada às áreas de benefícios e segurança do trabalho.

O Desafio 

Quinta maior operação da Reckitt Benckiser no mundo, a subsidiária brasileira pretende chegar a terceiro lugar até 2015. Para isso, precisa de pessoas — e pessoas saudáveis. No entanto, em 2007, a companhia registrava 26 011 horas perdidas com afastamentos, o equivalente a 13 funcionários ausentes no ano. Em 2008, esse número subiu para 35 474 horas e, no período entre os dois anos, houve 181 acidentes de trabalho. Mas o que mais preocupava o diretor de RH para a América Latina, Marcelo Nóbrega, eram os índices de sinistralidade, que entre 2007 e 2008 chegaram a 94,6%, ante os 75% pactuados com a operadora de plano de saúde, o que obrigou a companhia a fazer aporte extra de 151 700 reais em setembro de 2007.

Em março de 2008, fez um novo (e maior) aporte extra, no valor de 273 000 reais. E, em novembro do mesmo ano, mais um, de 400 000 reais. Somando tudo (plano de saúde, serviço odontológico interno, plano odontológico externo e manutenção de serviço médico ambulatorial interno), a múlti teve, de 2007 a 2008, alta nas despesas com saúde na ordem de 34%. O desafio era diminuir o absenteísmo, reduzir afastamentos e acidentes de trabalho e melhorar a comunicação da área de saúde ocupacional com os funcionários.

A Solução

No segundo semestre de 2009, a empresa resolveu mudar a gestão da área de saúde ocupacional e optou por buscar um profissional no mercado. Contratou o médico do trabalho Mário José Mello Martins, que num primeiro diagnóstico identificou a necessidade de melhoria da estrutura interna de medicina ocupacional, com troca da equipe técnica e reformulação dos horários de atendimento. Móveis foram substituídos, o espaço foi reformado, ganhando uma nova logomarca: Espaço Saúde RB. O atendimento também mudou. Entre 2007 e 2008, o tempo disponível para o atendimento médico era de 124 horas/mês.

O atendimento de enfermagem totalizava 516 horas/mês. A nova estrutura ampliou os atendimentos médicos para 172 horas/mês e os de enfermagem para 540 horas/mês. A Reckitt passou, ainda, a investir na promoção de comportamentos saudáveis. Como era difícil tirar os colaboradores da linha de produção, montou um quiosque na área de convivência, que após as refeições fornecia informações sobre nutrição adequada e atividade física regular, por exemplo. Ao mesmo tempo, a melhor integração da medicina ocupacional com a área de benefícios estimulou o uso de programas de ioga, caminhada e corrida, quick massage e avaliação nutricional in company.

Já o mapeamento epidemiológico da população apontou para a necessidade de criação de um programa antitabagismo, com tratamento 100% custeado pela empresa, e de um grupo de gestantes, com monitoramento da gravidez e implementação de telefone 0800 para solucionar dúvidas das futuras mães. Também foram analisados os casos de colaboradores afastados e as faltas por doenças crônicas e problemas recorrentes, de forma que a área de saúde ocupacional pudesse conferir se eles estavam recebendo o tratamento adequado.

Por fim, a integração com a segurança do trabalho levou coordenadores de fábrica a intensificar as abordagens sobre riscos de acidentes. Em 2008, os gastos per capita com saúde somavam 5 757 reais, ante 4 373 reais de gastos per capita com a folha de pagamento. Nos anos seguintes, os valores subiram, respectivamente, para 7 180 reais e 4 822 reais.

O Resultado

Na comparação com 2009, a redução no número equivalente de funcionários ausentes/ano foi de 45%, representando uma diminuição de custo para a companhia de aproximadamente 113 000 dólares por ano — a Reckitt Benckiser saiu de um custo com a saúde de 170 000 dólares por ano, em 2007 e 2008, para 57 000 dólares em 2010 — e os acidentes de trabalho caíram de 181 para 49.

E a sinistralidade média registrada pela empresa baixou 30%, o que favoreceu as renegociações de contrato com a operadora. “Houve um uso mais consciente do plano de saúde pelos colaboradores e uma melhor distribuição per capita do sinistro”, diz o Dr. Martins. O sinistro per capita de 2010 foi de 131,21 reais, ante 152,57 reais em 2008.

Além disso, com a implementação da nova cultura de saúde, houve redução de 797 651 reais entre 2009 e 2010, correspondentes a uma queda de 14% nos gastos totais da empresa com saúde. Em 2009, esses custos representavam 62% de todo o orçamento da área de RH; no ano seguinte, passaram a 42%. “Quando a folha de pagamento subiu para 4 914 reais per capita em 2010, os gastos com saúde caíram para 5 900 reais”, acrescenta o médico do trabalho.

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