São Paulo – Um mercado ainda não desbravado e muito promissor. Assim, a arquiteta Vanessa Siqueira do escritório Norte Arquitetura define a área de projetos para edifícios verdes no Brasil.
Ela se refere aos raros profissionais acreditados como LEED AP (LEED Accredited Professional) no Brasil, ou seja, que estão aptos desenvolver projetos de edificações candidatas à certificação ambiental LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Por aqui, apenas 128 têm o título de LEED AP no currículo. Vanessa é um deles.
Criada pelo USGBC (U.S. Green Building Council) e reconhecida mundialmente, a certificação LEED atesta as construções verdes. A adesão é voluntária e o projeto de reforma ou construção deve cumprir uma série de requisitos com base em um sistema de pontuação e créditos para conseguir o “selo LEED”.
“Ter um profissional LEED AP na equipe conta como ponto, apesar de não ser obrigatório para obter a certificação”, diz Vanessa. Boas práticas ambientais, como mecanismos de economia de água ou a reutilização de materiais, por exemplo, também fazem o projeto pontuar.
Além da pontuação, a complexidade da metodologia também explica a necessidade de contar com a consultoria de um LEED AP no projeto. “Um profissional que não tenha a acreditação LEED pode pleitear a certificação do projeto, mas terá o grande trabalho de ir atrás de guia de referência e estudar o passo a passo para cumprir todos os requisitos da metodologia que um LEED AP já domina”, diz Vanessa.
Mercado aquecido
Dados de fevereiro de 2015 mostram que o Brasil conta, até agora, com 223 empreendimentos com selo LEED. Em 2014, 82 obtiveram a certificação e outros 950 empreendimentos estão em processo de análise.
Na opinião de Vanessa, o crescimento rápido justifica a alta demanda por profissionais LEED no Brasil. “O Brasil ocupa o quarto lugar em número de projetos certificados, atrás de Estados Unidos, Suécia e China”, afirma.
Estádios da Copa do Mundo são exemplos de recentes construções verdes brasileiras. A Vila Olímpica, casa dos atletas durante as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, será o primeiro “bairro” com selo LEED no Brasil.
Outros fatores que turbinam este mercado são as recentes políticas públicas e leis de incentivo fiscal para construções sustentáveis, de acordo com Vanessa.
Pouco e caros: como ser LEED AP
Uma consultoria de um LEED AP custa de 0,5% a 1% do valor da obra, segundo Vanessa. Levando-se em conta que projetos de grande porte custam dezenas e até centenas de milhões de reais, a remuneração de um LEED AP é um dos grandes atrativos da carreira.
Para conseguir o título de LEED AP, o profissional precisa ser aprovado em dois exames elaborados pelo GBCI (Green Building Certification Institute).
A primeira prova é mais geral, e o aprovado se torna um LEED Green Associate. A segunda etapa já versa sobre conteúdos específicos. São cinco especializações que podem ser escolhidas: Projeto de Edificações e Construção (BD+C), Projeto de Interiores e Construção (ID+C), Operações e Manutenção (O+M), Desenvolvimento de Bairro (ND), e Casas e Edifícios Residenciais Multifamiliares de Poucos Andares (HOMES).
Não é preciso ser formado em engenharia civil ou arquitetura para ser um LEED AP. Qualquer pessoa ligada ao ramo de construção civil pode se candidatar às provas. Mas, em geral, são profissionais destas áreas os mais interessados na carreira.
A boa notícia para brasileiros é que desde o segundo semestre do ano passado é possível fazer provas em português. Os exames traduzidos já disponíveis são os de LEED Green Associate, primeira parte do processo para se tornar um LEED AP, e dois de especialização: de projeto e construção e de operações e manutenção de edifícios existentes.
Cada uma das provas tem 100 questões de múltipla escolha e duração de 2 horas. A nota mínima para passar é de 170, numa escala que vai de 125 a 200. O preço das provas é salgado: se feitas sequencialmente, as duas etapas custam até 550 dólares.
Um obstáculo para quem não tem o inglês afiado é a bibliografia para estudo que continua sem tradução oficial. Mas, desde o começo deste mês o escritório de Vanessa, o Norte Arquitetura, começou a publicar em seu site boletins técnicos com informações (em português, é claro) sobre as construções sustentáveis. O material é inédito e promete ajudar interessados em ser LEED AP.
Quanto mais gente, melhor
A iniciativa, diz a arquiteta, tem o objetivo de democratizar o acesso à profissão, ainda pouco difundida. Para Vanessa, com mais concorrentes na área, mais oportunidades devem surgir.
“Mercado fechado não é bom para ninguém. Para mim, não é uma questão de dominar um nicho de carreira. Como arquiteta e como cidadã, eu quero ver construções melhores no meu país”, diz.
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1. Elas dão exemplo
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São Paulo – Pouco mais da metade da população mundial já vive em
cidades, movimento que tende a aumentar. Simultaneamente, a pressão sobre os espaços urbanos segue uma linha ascendente e constante, que exige respostas à altura dos grandes desafios ambientais da atualidade — das
mudanças climáticas à demanda desenfreada por recursos naturais. A busca pela qualidade de vida nas grandes cidades passa, essencialmente, pela criação de espaços urbanos mais
sustentáveis. Dessa cruzada, saem exemplos inspiradores, como os dessas 10 cidades, que trazem soluções diferenciadas para problemas tão comuns às metrópoles, como a poluição, as montanhas de lixo, o desperdício de energia e o caos dos transportes. Elas foram reconhecidas pelo prêmio Leadership Awards 2014, concedido Grupo de Cidades Líderes pelo Clima (C-40) e a Siemens.
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2. Shenzhen, China
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Exemplo em: TRANSPORTE URBANO
Atormentada pela poluição, a cidade chinesa de Shenzhen resolveu dar um basta nos carros poluidores. Em 2012, o governo local lançou uma frota de mais de 3 mil ônibus e táxis movidos a energia limpa. A estratégia é priorizar o transporte público elétrico e, gradualmente, estimular a substituição dos carros particulares. Nos próximos dois anos, mais 35 mil novos veículos “verdes” devem ser incorporados à frota. O objetivo final - e de longo prazo - é zerar as emissões do setor de transporte, que responde por metade do carbono liberado pela cidade. Entre 2009 e 2013, o programa evitou a emissão de 160 mil toneladas de CO2, fazendo de Shenzhen um exemplo da luta chinesa pela despoluição do ar.
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3. Buenos Aires, Argentina
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Exemplo em: GESTÃO DO LIXO Buenos Aires gera cerca de 6 mil toneladas de lixo todos os dias. É um problema grande para uma cidade com capacidade limitada para absorver resíduos em aterros sanitários e pouco espaço para construção de novas estações de tratamento. A solução veio de um programa especial de gestão de resíduos, que aborda desde a separação do lixo, passando pela conscientização da população à reciclagem. Em janeiro de 2014, a cidade conseguiu reduzir em 44% o volume de resíduos enviados para aterros em comparação com o ano anterior. Pensa que os portenhos estão satisfeitos? Nada disso. Eles perseguem a meta de tratar 100% dos resíduos antes de enviá-los para aterros sanitários e reduzir esse envio em 83% até 2017. De quebra, o projeto espera aumentar para 68% a taxa de reciclagem.
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4. Amsterdã, Holanda
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Exemplo em: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Amsterdã é um exemplo de como a proteção ao meio ambiente e o combate às mudanças climáticas podem ser incorporados na estratégia de desenvolvimento econômico de uma cidade. A capital holandesa projetou um poderoso instrumento de financiamento de US$ 103 milhões para serem investidos em projetos de energia sustentável, alguns deles com foco em empresas de pequeno porte. O fundo reduz contas de energia para os cidadãos e os negócios e contribui para as metas globais de redução de CO2 da cidade. Com o projeto, a prefeitura espera reduzir em 40% as emissões de carbono no ano de 2025, em relação ao ano de 1990. Em 2010, a cidade já tinha conseguido uma redução de 20%, em comparação com os níveis de 1990.
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5. Londres, Reino Unido
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Exemplo em: MONITORMENTO DAS EMISSÕES DE CO2 E TÁXIS VERDES Em 2012, Londres tornou-se a primeira cidade do mundo a reportar todas as emissões de gases efeito estufa diretas e indiretas, seguindo os mais altos padrões de contabilidade de carbono. Com tais dados apurados, a cidade é capaz de tomar medidas eficazes sobre a mudança climática, adequando investimentos às ações de mitigação de emissões mais necessárias. Táxis verdes
Outro projeto verde inspirador da cidade de Londres é a substituição dos icônicos táxis Black Cabs por modelos de baixa emissão de poluentes, como os carros híbridos. A cidade também criou um limite de idade para o carro continuar rodando, que já retiriu das ruas mais de 3 mil veículos antigos (e poluentes) . E segundo uma nova norma, todo novo táxi a ser licensiado a partir de 2018 deve ser capaz de rodar em modo “zero emissão”.
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6. Portland, EUA
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Exemplo em: COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS
Ao longo dos últimos 30 anos, Portland, nos Estados Unidos, passou de 200.000 habitantes para 600.000 e anexou áreas adjacentes que não tinham a mesma infraestrutura das regiões centrais. Paralelamente, grande parte da cidade se desenvolveu de forma desconexa, exigindo muitas viagens de carro. Como resultado, o setor de transporte chegou a responder por 40% das emissões de carbono da cidade. Disposta a mudar esse perfil, Portland lançou a estratégia Cidade Saudável Conectada, que visa garantir “bairros completos” a pelo menos 80% da população até 2035. Ou seja, a prefeitura está trabalhando para aumentar a disponibilidade de serviços, comércio e infraestrutura adequada que reduza distâncias e facilite a mobilidade na cidade.
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7. Seul, Coreia do Sul
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Exemplo em: ENERGIA VERDE Em 2011, 31% da eletricidade da Coreia do Sul foi produzida a partir de energia nuclear. Em um esforço para aumentar a segurança ambiental e reduzir riscos, Seul, capital do país, está trabalhando para se tornar menos dependente dessa fonte. Por isso, a cidade resolveu investir pesado em sistemas fotovoltaicos. Seul quer (apenas) funcionar como uma grande usina solar e criar comunidades autossuficientes em energia. O governo tem incentivado o investimento privado na geração de energia fotovoltaica, alugando equipamentos públicos não utilizados para geração de energia. Mais de US$ 43 bilhões de dólares já foram investidos na instalação de geradores fotovoltaicos em 285 prédios públicos. Além disso, mais de 2.500 domicílios receberam sistemas para autogeração fotovoltaica.
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8. Melbourne, Austrália
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Exemplo em: ADAPTAÇÃO E RESILIÊNCIA Em anos recentes, Melbourne viveu condições climáticas extremas, como baixas recordes de chuvas e altas temperaturas. Em 2009, 374 pessoas morreram em toda a região metropolitana durante uma onda de calor sem precedentes. Atenta ao perigo, em 2010, a cidade lançou um programa milionário integrado à política municipal de adaptação às mudanças climáticas, que tem o plantio de árvores como uma de suas principais frentes. Ao aumentar o espaço verde para 7,6 por cento da cidade e duplicar o número de árvores, Melbourne espera resfriar em pelo menos 4 graus Celsius a temperatura média da cidade e reduzir sua vulnerabilidade à seca. A chamada infraestrutura verde oferece ainda outros benefícios: melhora a qualidade do ar, reduz a demanda de energia para refrigeração e reduz a incidência de doenças relacionadas ao calor, bem como as mortes.
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9. Nova York, EUA
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Exemplo em: EFICIÊNCIA ENERGÉTICA A Big Apple persegue a meta ambiciosa de reduzir em 30% suas emissões de carbono até 2030. No centro do desafio estão os edifícios, maiores consumidores de energia, que respondem por nada menos do 75% das emissões totais da cidade. Para isso, NY promulgou um conjunto de leis de eficiência energética voltadas, inicialmente, para os arranha-céus. Apesar de representarem apenas 2% das propriedades, os grandes edifícios respondem por 45% das emissões da cidade. Há, ainda, um programa voluntário voltado a Universidades e hospitais que se comprometem a reduzir emissões em 30 por cento em dez anos. Ao aderir ao programa, os proprietários têm acesso facilitado na aquisição de sistemas de eficiência energética, que no longo prazo, garantirão economia para o caixa e redução do desperdício energético.
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10. Barcelona, Espanha
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Exemplo em: CIDADE INTELIGENTE Barcelona quer tornar-se uma cidade mais inteligente, autossuficiente e hiperconectada. Para isso, adotou uma nova arquitetura de tecnologia da informação e comunicação (TIC), que fornece uma plataforma única, interligando a cidade inteira. A plataforma permite gerenciar com eficiência os recursos e reduzir o impacto da infraestrutura urbana no ambiente. Ela vai ajudar a cidade a economizar energia e reduzir a poluição, graças ao monitoramento de várias atividades, como o uso de água para irrigação, recipientes de lixo, estacionamento, fluxo de pessoas, a eficiência energética nos edifícios da cidade, entre outras frentes.
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11. Taipei, China
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Exemplo em: COMBATE À POLUIÇÃO DO AR Os veículos automotores são a principal fonte de poluição da cidade de Taipei, na China. A fim de reduzir os impactos ambientais e criar uma cidade baixo-carbono, as autoridades criaram um sistema de monitoramento das emissões de caminhões e ônibus à diesel. Quem está dentro do padrão, recebe um selo especial. Em 2013, 4.436 ônibus e 936 caminhões a diesel já possuíam o símbolo de baixa poluição. Para combater ainda mais os nocivos poluentes e melhorar a qualidade do ar, a cidade conta, desde 2009, com sistema público de aluguel de bicicletas, o YouBike, seguindo tendência mundial. Hoje, existem 160 estações de aluguel e 5.265 bicicletas disponíveis. O número de usuários do projeto já atingiu 1,9 milhão de pessoas.
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12. Por uma vida mais sustentável
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12/12 (Wikimedia Commons)