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Um mar de oportunidades

Empresas do setor náutico procuram profissionais com formação superior para tripular navios

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2013 às 14h24.

São Paulo - O  aquecimento do mercado de exploração do petróleo em alto-mar, com as obras do pré-sal, e o crescimento do mercado de cabotagem estão impulsionando o setor náutico e, com isso, a geração de empregos.

Somente a Transpetro, subsidiária da Petrobras de transporte de combustíveis, prevê contratar até 2013 cerca de 1.200 oficiais da marinha mercante. As vagas são para tripulantes com formação superior: oficiais de náutica (responsável pelos cálculos de curso e rota de navegação) e oficiais de máquina (zela pela manutenção dos sistemas elétricos) — profissionais que estão em falta no mercado. 

A principal maneira de se tornar oficial da marinha é cursando, ao término do Ensino Médio, a Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (Efomm), curso de Ensino Superior reconhecido pelo Ministério da Educação. São três anos em regime de internato. Profissionais formados na área de exatas podem cursar uma adaptação, com status de pós-graduação.

“Sempre precisamos dessa mão de obra. Oferecemos anualmente 260 vagas só para estágio e temos 1 .000 oficiais contratados. O problema é que essa profissão é pouco conhecida e poucos se formam”, diz Agenor Junqueira Leite, diretor de transporte marítimo da Transpetro.

Além das obras do pré-sal, as boas perspectivas para a economia brasileira, que deve crescer 5,5% neste ano, têm impulsionado o setor. Diante do bom cenário econômico, aumentam o fluxo de mercadorias que entram e saem do país. Como efeito, cresce o número de pedidos para construção de navios.

“Vamos precisar de tripulação. Hoje, operamos com 52 navios e encomendamos mais 49”, diz Agenor. A Aliança Navegação e Logística tinha sete navios em 2004 e hoje está com 11 em operação, entre próprios e fretados. A LogIn – Logística Intermodal tem nove navios operando e emprega 220 oficiais e 20 praticantes em fase de estágio.

“Em três anos, vamos aumentar a frota e contratar mais 350 profissionais. Vamos construir sete navios. A ideia é crescer”, conta Rômulo Otoni, diretor de navegação.


O grande problema do setor é que a oferta de mão de obra é pequena em relação à demanda. Apenas dois centros educacionais no Brasil formam esses profissionais: o Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (Ciaba), em Belém, no Pará, e o Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga), no Rio de Janeiro — a Efomm é parte da estrutura dos dois centros de ensino.

Juntos, eles ofereceram, neste ano, 360 vagas para alunos que se formarão em 2013. “Vai haver um descompasso. Muitas vagas para poucos profissionais que estarão se formando”, diz Paulino de Azevedo, coordenador de tripulação da Aliança. 

O principal atrativo para essa profissão é o salário inicial, que gira em torno de 7 000 reais, podendo chegar a 20.000 reais, dependendo do cargo. As vagas concentram-se no eixo Rio-São Paulo, mas os candidatos podem morar em qualquer região do país.

Uma prática comum no setor é as empresas arcarem com as despesas de transporte e hospedagem dos funcionários tanto no embarque quanto no desembarque. A Transpetro paga passagens aéreas, ônibus e táxi para os profissionais chegarem aos portos ou à sua casa. A LogIn também estabeleceu essa prática por meio de um acordo coletivo de trabalho, em 2008.  

Trabalho em alto-mar

O engenheiro elétrico alagoano Lucinyo Fabio Marques Silva, de 35 anos, fez o curso Adaptação para Segundo Oficial de Máquinas, oferecido pelo Ciaga e pelo Ciaba aos profissionais com formação superior — uma porta de entrada para a empresa Transpetro, onde sempre sonhou trabalhar.

Na metade do curso, prestou concurso para uma vaga na empresa e passou. “Lá, já comecei a ganhar uma ajuda de custo”, diz. Formado, estagiou na transportadora e teve sua vaga garantida. 

Lucinyo passa cerca de 80 dias embarcado e 40 em casa. Na última viagem, da qual retornou em abril, ficou 102 dias afastado do filho, Fabio Luiz, de 3 anos.

“A distância da família é a pior parte da profissão. Dos três anos de Fabio, fiquei ao todo apenas um ano e quatro meses com ele. Mas trabalho pensando no futuro dele”, afirma o segundo oficial de máquinas que está fazendo especialização em segurança do trabalho. 

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