Carreira

Um forma simples de desenvolver habilidades profissionais? Ser voluntário

Hoje é dia nacional do voluntariado: veja as habilidades que podem ser desenvolvidas como voluntário e que são valorizadas pelas empresas

Aula online da turma da Formare na empresa Thales durante a pandemia (Thales/Divulgação)

Aula online da turma da Formare na empresa Thales durante a pandemia (Thales/Divulgação)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 28 de agosto de 2020 às 07h00.

Por que as empresas deveriam incentivar o voluntariado? Segundo pesquisa da Cia de Talentos, 94% dos jovens entre 17 e 26 anos gostariam que os negócios promovessem causas sociais.

Com a pandemia, essa é outra tendência do mercado de trabalho que deve se acelerar. Pautas sociais se tornaram mais urgentes e os profissionais ficaram mais atentos à relação de seu trabalho com um propósito pessoal.

Segundo Cláudio Anjos, presidente da Fundação Iochpe, a existência de um projeto que permita que os funcionários dediquem algumas horas do expediente para uma causa é um grande fator de retenção de talentos.

A fundação que ele comanda é responsável pelo Formare, programa de qualificação profissional para jovens em situação de vulnerabilidade que funciona como uma franquia de educação dentro de empresas. Com parceiros como Siemens, 3M, L'Oreal e Suzano, são quase 50 empresas usando o sistema aprovado pelo MEC e ajudando até 80% de seus alunos a encontrarem empregos.

As aulas são ministradas pelos funcionários das companhias, que passam por uma formação para se tornarem educadores.

“Se a pessoa está contratada, isso mostra que ela tem determinados valores que o mercado busca. Formamos 4 a 5 mil educadores voluntários todos os anos e temos 1.300 jovens em formação. Esses educadores conseguem passar competências profissionais aos jovens e acionar seu networking próprio para ajudá-los em sua colocação”, explica o executivo.

O trabalho voluntário também se torna um grande diferencial para aqueles que buscam um emprego. “Exercer uma atividade voluntária mostra que a pessoa está aberta ao novo e conectada com a sociedade. Além de seu papel na empresa, ele está aberto a desenvolver outros interesses e competências, não apenas aquilo relacionado a sua função”, explica Anjos.

Entre os educadores voluntários do Formare, ele observa diversas competências competitivas no mercado e que foram desenvolvidas naturalmente com a iniciativa. Confira as principais habilidades que profissionais aprendem:

1. Comunicação: “Com 20 a 25 jovens na sala de aula, os voluntários aprendem a se comunicar melhor ao se colocar diante da turma”.

2. Liderança: “Mesmo que a pessoa não coordene uma equipe na empresa, ela pode exercer esse papel no voluntariado. Também aprende a trabalhar em equipe com os outros educadores”.

3. Diversidade: “Você tem contato com pessoas diferentes e desenvolve sua empatia. Muita gente não tem contato com pessoas de outras classes sociais, raças, gêneros. Trabalhar com turmas diversas ajuda a desenvolver a inteligência emocional”.

4. Auto desenvolvimento e auto gestão: “Ao ensinar para o outro, a pessoa reflete muito se aquilo que sabe é o estado da arte. Com a grande responsabilidade, a pessoa busca renovar seus próprios conhecimentos. E não tem chefe na sala de aula: o educador aprende a gerir seu tempo e resolver questões sozinho”.

5. Criatividade e inovação: “Você precisa repensar seus métodos e conhecimentos a todo momento, a cada dúvida que um jovem coloca para você. Se o aluno não aprende de uma maneira, o educador precisa inovar a forma de explicar”.

6. Adaptabilidade e flexibilidade: “Ao lidar com realidades diferentes, você precisa ajudar jovens com problemas inesperados, como deficiências escolares. Você aprende a adaptar sua forma de pensar a do outro e ter flexibilidade para resolver novas demandas”.

Educação online

O grande desafio do Formare na pandemia foi dar acesso às aulas online e manter o processo de formação.

Segundo Anjos, eles precisaram entender melhor as dificuldades do público com que trabalham, com cerca de 30% dos alunos com acesso a aparelho próprio para acompanhar as aulas. A maioria tinha acesso a um celular ou computador que era compartilhado com a família.

“Uma das soluções foi lançar um programa piloto pelo WhatsApp”, comenta ele. Mesmo assim, eles ainda observaram que havia uma limitação de acesso a planos de internet.

Com os aprendizados do período, a fundação encontrou uma oportunidade de expansão. Antes limitadas as jovens de áreas próximas às sedes das empresas parcerias, as aulas agora podem alcançar jovens do Brasil todo.

“Queremos lançar a expansão modelo online em 2021 e procuramos parceiros e investidores que nos ajudem a expandir. Temos 11 milhões de jovens no Brasil que precisam de oportunidades”, diz o presidente.

Saiba mais sobre o projeto pelo site.

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