Carreira

Trocar muito de emprego pode sabotar o futuro da geração Y?

Pesquisa mostra relação entre tempo de casa e chegada ao comando nas empresas. Qual é o recado para a geração Y, famosa por suas trocas frequentes de emprego?


	Jovens: 91% dos representantes da geração Y não querem ficar mais de três anos numa mesma empresa, diz pesquisa
 (Getty Images)

Jovens: 91% dos representantes da geração Y não querem ficar mais de três anos numa mesma empresa, diz pesquisa (Getty Images)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 14h00.

São Paulo - Ficar por muito tempo num mesmo emprego não parece ser um ideal de carreira da geração Y.

A constatação é de uma pesquisa da consultoria Future Workplace com mais de mil profissionais nos Estados Unidos, segundo a qual 91% desses jovens não pretendem passar mais de três anos numa mesma empresa.

O problema é que todo esse “pula-pula” pode atrapalhar os planos de carreira de alguns, alerta Silvio Celestino, sócio da Alliance Coaching.

Para ele, quem está sempre transitando entre vagas tem mais dificuldades para conquistar os empregadores - e, consequentemente, ser alçado a cargos de confiança.

A tese do consultor tem o respaldo de uma pesquisa da Harvard Business Review (HBR) com os presidentes das 500 maiores empresas dos Estados Unidos, listadas pela Forbes.

O estudo identificou uma constante na carreira dos executivos que chegaram ao topo: tempo de casa. Para chegar ao comando, o tempo médio passado com o mesmo empregador foi de 15 anos entre os homens, e 23 entre as mulheres.

Para José Augusto Figueiredo, presidente da consultoria LHH/DBM, os números refletem uma realidade fácil de compreender. As empresas procuram líderes que inspiram confiança e estabilidade, uma imagem difícil de associar a quem muda de emprego frequentemente.

Jovens que sonham em virar CEOs devem então se preocupar? Figueiredo assegura que não. “Todo mundo gosta de experimentar no começo da carreira, mas essa fase acaba passando com o amadurecimento”, diz.

Ainda assim, ele aconselha que os novos ingressantes no mercado busquem encontrar logo um lugar para se estabelecer. “É bom procurar uma empresa com a qual você se identifique, porque isso fará com que você fique, e naturalmente acabe crescendo”, explica Figueiredo

Contraponto
Alexandre Rangel, sócio da Alliance Coaching, não acredita que o tempo de casa tenha o mesmo valor para os empregadores quanto antigamente. "O mundo e a cultura das empresas mudaram muito", afirma.

Segundo ele, os CEOs ouvidos pelo estudo da HBR pertencem a uma geração anterior, que costumava interpretar o “pula-pula” como sinal de descompromisso. “Hoje essa noção foi relativizada e, até certo ponto, invertida: quem fica tempo demais no mesmo lugar é que pode ser mal visto, parecer acomodado”, afirma.

Ainda assim, ele acredita que períodos curtos demais em cada empresa não deixam de ter efeitos nocivos para um currículo. “O jovem precisa concluir seus ciclos e projetos, para levar algo de sólido de cada experiência”, diz.

De qualquer forma, Rangel defende que o tempo de permanência não será mais tão decisivo para chegar a altos cargos executivos. Engajamento e comprometimento com resultados, na visão do consultor, pesam muito mais. "A geração Y pode respirar aliviada", assegura.

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