Liderança remota: “Você precisa pensar na experiência de quem está remoto primeiro" (Denis Novikov/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 13 de maio de 2022 às 09h00.
Última atualização em 13 de maio de 2022 às 10h54.
Como vou saber se todos estão trabalhando? O home office mudou a forma de pensar o trabalho – e também mudou a forma de fazer a gestão de equipes. Se você se faz essa questão, está na hora de aprender sobre a mentalidade necessária para um modo de trabalho mais flexível.
Se antes um chefe podia ver que horas as pessoas chegavam e o que estavam fazendo em suas mesas, agora não é mais possível fazer isso. Mesmo com o trabalho híbrido, é mais complicado garantir que todos estarão presentes no mesmo dia e controlar como o trabalho está sendo feito.
A falta de preparo para lidar com essa realidade já mostra seus efeitos: um dos destaques da pesquisa da Microsoft sobre tendências no trabalho foi a preocupação com o sentimento de precisar estar sempre conectado ao trabalho.
Para 53% dos profissionais no mundo, a saúde e bem-estar se tornaram prioridades acima do trabalho. No Brasil, essa prioridade foi a maior entre os países do estudo e 71% declararam que a preocupação com o bem-estar é maior do que antes da pandemia.
Assim, os líderes precisam de novas ferramentas para navegar essas transformações. No novo episódio do podcast Entre Trampos e Barrancos, Rafael Torales, fundador e CEO do Officeless, plataforma que ajuda empresas adotar o trabalho remoto, fala sobre essas mudanças.
O executivo vai participar de uma série de episódios com dicas para o trabalho remoto e sobre os desafios dos novos modelos de trabalho.
Confira o primeiro episódio aqui:
“O que percebemos ao longo dos dois últimos anos, é que é muito diferente simplesmente trabalhar à distância de trabalhar à distância de forma profissional, quando você investe intencionalmente em criar uma cultura remota dentro da equipe”, diz o CEO.
Ele fala que os problemas que foram se acumulando no trabalho ao longo da pandemia, como a falta de organização da agenda, mensagens de WhatsApp fora do expediente e reuniões em excesso são sintomas da falta de um investimento nessa nova cultura.
Se tem uma pessoa remota, todo mundo está remoto. Essa é frase que resume a nova mentalidade de trabalho.
“Você precisa pensar na experiência de quem está remoto primeiro. Como investir para que as coisas funcionem sempre à distância, os rituais, a gestão de como o trabalho acontece no dia a dia”, diz o CEO.
E essa mentalidade precisa estar em todo mundo, porém é papel da liderança promovê-la.
Para fazer o trabalho remoto, todo o profissional precisa acessar arquivos e realizar suas atividades no meio digital. Assim, é preciso oferecer as ferramentas digitais necessárias para substituir o analógico.
Onde se concentram as informações da empresa? Qual a plataforma de videoconferência? Qual o canal de comunicação assíncrona? A empresa precisa dessa estrutura e o líder precisa dominar as novas ferramentas.
“A escolha de ferramentas dita a cultura que quer implementar. Não pode escolher de forma aleatória, pois elas dirão se o espírito é mais de vigilância ou de mais flexibilidade”, diz o executivo.
A comunicação presencial acaba tendo o sincronismo como padrão. É a reunião de última hora para resolver um detalhe do projeto, a conversa no café e uma pergunta ao passar na mesa do colega.
Como o trabalho remoto, isso não é sempre possível. “Com mais flexibilidade e mais autonomia, as rotinas se tornam diferentes. As pessoas têm diferentes horários ou até fusos”, diz.
Assim, é necessário mudar a forma de comunicação para trocar informações e tomar decisões sem que todos precisem estar na mesma conversa ao mesmo tempo. Sem esse pilar, os funcionários vão sentir que precisam estar conectados ao trabalho o tempo todo, o que gera cansaço e ansiedade.
Como entender se as pessoas estão sendo produtivas sem necessariamente vê-las trabalhar? A liderança precisa migrar suas medidas de produtividade do número de horas trabalhadas para o foco em resultados alcançados.
“As pessoas precisam ter clareza do que precisam entregar dentro de um ano, três meses e no dia a dia”, diz.
Faz parte dos papeis da gestão pensar em produtividade, mas o trabalho não é só sobre isso. O líder também precisa pensar em como as conexões estão ocorrendo no ambiente híbrido ou com as equipes distribuídas.
O CEO destaca que cada empresa precisa pensar em quais serão seus rituais para voltar a promover ambientes com bem-estar e trazer de volta o benefício do famoso “cafezinho” mesmo à distância. “Mostre que está ok se desconectar e não ficar vendo se chegou mensagem ou notificação”.
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