Globalmente, cerca de 150 milhões de empregos serão transferidos para trabalhadores com 55 anos ou mais até o final da década, de acordo com a pesquisa da Bain & Company (Thomas Barwick/Getty Images)
Repórter
Publicado em 22 de agosto de 2023 às 08h00.
Última atualização em 22 de agosto de 2023 às 19h06.
O que os profissionais mais experientes esperam do mercado de trabalho? Enquanto alguns já buscam a aposentadoria, outros trabalhadores mais seniores buscam novos desafios e conhecimentos. Segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Bain & Company, que entrevistou 40 mil pessoas, em 19 países, incluindo o Brasil, à medida que os profissionais envelhecem, eles procuram atuar em:
Formar uma equipe diversa no quesito de idade pode trazer diversas vantagens para as organizações, principalmente quando o assunto é lealdade, afirma Alfredo Pinto, head office da bain para América do Sul.
“Pesquisas da Bain indicam que funcionários das faixas etárias mais altas tendem a apresentar maior lealdade às companhias nas quais atuam.”
O executivo também reforça que os profissionais mais seniores têm maior probabilidade de recomendar a companhia onde trabalham e menor chance de deixar a empresa em busca de outro emprego.
“Além disso, esses trabalhadores também relataram maior satisfação com sua vida e com o trabalho, indicadores que estão relacionados a uma maior produtividade,” diz o executivo.
Para atrair e reter esses trabalhadores, a pesquisa da Bain identificou três pontos:
Um dos insights dessa pesquisa é que praticamente todos os profissionais se enquadram em uma das seis categorias de trabalhadores arquétipos que refletem nossas diferentes motivações no trabalho - mas um dos recortes da pesquisa mostra que à medida em que os profissionais envelhecem, a participação de “Doadores” cresce, enquanto a dos “Pioneiros” tende a cair.
"Os Doadores, caracterizados por sua dedicação, experiência e disposição em compartilhar conhecimentos, tornam-se colaboradores-chave para que os times sejam mais humanizados e desenvolvam um maior senso de equipe", afirma Head da Bain.
Globalmente, aproximadamente 150 milhões de empregos serão transferidos para trabalhadores com 55 anos ou mais até o final da década, de acordo com a pesquisa da Bain.
Nos países desenvolvidos, como Canadá, Alemanha, Reino Unido, Japão, EUA, França e Itália, a pesquisa mostra que os trabalhadores com 55 anos ou mais ultrapassarão 25% da força de trabalho até 2031. Desse recorte, o Japão é o caso extremo. Em 2031, os trabalhadores japoneses com 55 anos ou mais se aproximarão de 40% da força de trabalho. Em seguida vem a Itália, com 32% da força de trabalho.
Este não é um problema exclusivo dos mercados desenvolvidos. A população idosa da China (65 anos ou mais) deve dobrar até 2050, segundo a pesquisa da Bain. Já a proporção de trabalhadores com mais de 55 anos no Brasil está subindo para a metade da adolescência.
"Segundo a nossa pesquisa, os colaboradores com mais de 45 anos passaram de 24% para 32% dos profissionais em atuação no mercado brasileiro nas últimas duas década. Isso é consequência do envelhecimento populacional," diz Pinto.
Segundo o IBGE, no Brasil, o número de pessoas com 60 anos ou mais aumentou 39,8% entre 2012 e 2021.
"A população brasileira envelheceu, é natural que cresça o volume de pessoas nessa faixa etária que sigam atuantes. Mas tem ainda um outro ponto relevante: a proporção de trabalhadores jovens diminuiu rapidamente, o que contribui para que as faixas etárias mais altas se mantenham ativas," diz o executivo da Bain.
Apesar da mudança, é raro ver as organizações implementarem programas para integrar trabalhadores mais velhos em seu sistema de talentos, afirma Pinto.
Em uma pesquisa global com empregadores de 2020, a AARP (grupo dos EUA com foco em questões que afetam as pessoas com mais de cinquenta anos) descobriu que menos de 4% das empresas eram já comprometidas com tais programas, com apenas mais 27% dizendo que eram “muito prováveis” de explorar este caminho no futuro.
LEIA MAIS:
Por que contratar profissionais da terceira idade pode ser um bom negócio?
Sem etarismo? Pesquisa aponta que 55% dos diretores de TI têm mais de 50 anos