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Britânicos perdem 50 dias de trabalho no ano por conta da saúde mental, mostra estudo

Estudo aponta que jovens britânicos perdem um dia de trabalho por semana devido a questões de saúde mental.

Jovens trabalhadores britânicos enfrentam dificuldades de saúde mental que impactam a produtividade. (Thinkstock/monkeybusinessimages/Thinkstock)

Jovens trabalhadores britânicos enfrentam dificuldades de saúde mental que impactam a produtividade. (Thinkstock/monkeybusinessimages/Thinkstock)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 1 de novembro de 2024 às 08h31.

Última atualização em 1 de novembro de 2024 às 08h32.

Trabalhadores da Geração Z e Millennials mais jovens estão lidando com a queda na produtividade por conta de saúde mental. A análise sobre o tema é da seguradora Vitality e foi divulgada pela Fortune. De acordo com a empresa que atende 30 milhões de membros ao redor do mundo, os residentes do Reino Unido sentem-se incapazes de desempenhar suas funções ao menos 50 dias no ano. Isso equivale a aproximadamente um dia por semana e causa um prejuízo para a economia britânica de aproximadamente  £138 bilhões (R$ 1,03 bilhões).

Analisando o recorte por faixa etária, os dados mostram que entre os trabalhadores com menos 30 anos, o número de dias improdutivos sobe para 60, enquanto que, para os profissionais da Geração X e baby boomers, a média é de 36,3 dias ao ano, uma diferença significativa de 64%. Segundo o estudo, essa lacuna decorre de desafios crescentes de saúde mental enfrentados pelos jovens, muitas vezes sem suporte adequado por parte dos empregadores.

Problemas de saúde mental têm um impacto mais severo na produtividade do que questões físicas. Enquanto problemas de saúde física resultam em uma queda de 54% na produtividade, as questões mentais causam uma perda de 150% nos dias produtivos, atingindo principalmente os trabalhadores mais jovens. A taxa de depressão entre esses profissionais é o dobro da observada em gerações mais velhas, e eles também apresentam níveis mais elevados de esgotamento e fadiga.

A falta de apoio no ambiente de trabalho também é mais evidente para aqueles com rendimentos anuais inferiores a £30,000 (US$ 38,000), que se sentem 86% menos amparados do que seus colegas de rendas mais altas. Estes dados ajudam a explicar porque os trabalhadores tiram, em média, apenas seis dias de licença por doença, apesar de muitas horas de trabalho serem perdidas devido à produtividade reduzida e trabalho ineficaz. Em média, jovens da Geração Z se apresentam no trabalho por 54 dias ao ano sem obter resultados significativos, devido a barreiras mentais e à relutância em buscar ajuda de seus superiores.

Adesão é baixa

Mesmo com o aumento de iniciativas de bem-estar oferecidas por empresas, a adesão é baixa. Apenas 25% dos entrevistados na pesquisa da Vitality, que envolveu 4.000 participantes, afirmaram usar as ferramentas de bem-estar oferecidas por seus empregadores. No entanto, dos que utilizam, 85% reconhecem a eficácia dessas ferramentas, o que sugere que os empregadores têm dificuldade em divulgar os recursos disponíveis ou que os trabalhadores hesitam em aceitar o suporte oferecido.

Neville Koopowitz, CEO da Vitality, destacou a necessidade de as empresas reforçarem a comunicação sobre os recursos de saúde mental disponíveis para seus colaboradores. Segundo ele, “quando a saúde no trabalho é bem gerenciada, tanto os negócios quanto a economia podem obter ganhos significativos.”

Esses dados surgem em meio ao alerta da organização Mental Health UK sobre o crescimento do esgotamento no país. Em seu Burnout Report de 2024, a organização aponta que nove em cada dez adultos britânicos já experimentaram altos níveis de estresse e pressão nos últimos doze meses, e um em cada cinco precisou tirar dias de folga devido à saúde mental fragilizada. Brian Dow, diretor da Mental Health UK, enfatizou que “o Reino Unido está se tornando uma nação exausta” e alertou para a necessidade urgente de ações para enfrentar as causas complexas do aumento das ausências por saúde mental.

O relatório da Vitality também sugere uma mobilização política, instando o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, a investigar a questão e a auxiliar as empresas a enfrentar o impacto econômico das ausências contínuas. Dow propôs até mesmo a realização de uma “cúpula nacional” com autoridades governamentais e especialistas para debater como criar ambientes de trabalho saudáveis e melhores condições de suporte aos trabalhadores, promovendo um retorno seguro ao ambiente corporativo para quem enfrenta desafios de saúde mental.

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