Carreira

Trabalhador demitido após crise de ansiedade vai receber US$ 450 mil

Mesmo advertindo gerente de que não queria comemorar o aniversário no trabalho, o evento foi realizado por colegas, desencadeando ataque de pânico em reunião com supervisores

Empresa vai recorrer (Klaus Vedfelt/Getty Images)

Empresa vai recorrer (Klaus Vedfelt/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 18 de abril de 2022 às 13h39.

Última atualização em 19 de abril de 2022 às 10h36.

Um morador do estado americano do Kentucky, demitido dias após ter tido um ataque de pânico em seu local de trabalho devido a uma festa de aniversário surpresa, foi indenizado em US$ 450 mil por decisão do Júri no mês passado como reparação pela perda de receita e pelo estresse emocional.

Kevin Berling trabalhava há cerca de dez meses para o laboratório médico Gravity Diagnostics em Covington, no Kentucky, quando pediu a seu gerente que não fizesse uma festa surpresa para ele por sofrer de transtorno de ansiedade, segundo consta no processo iniciado no Tribunal de Justiça de Kenton.

O advogado de Berling, Tony Bucher, disse que a festa foi planejada pelos outros empregados enquanto o gerente estava fora e que rapidamente a situação saiu de controle.

VEJA TAMBÉM: 4 práticas diárias para melhorar sua resiliência e saúde mental

Berling teve um ataque de pânico depois de saber da festa planejada para o horário do almoço, que incluiria receber os parabéns de colegas de trabalho e uma faixa decorativa na sala de descanso. Com isso, ele optou por passar o intervalo para o almoço dentro de seu carro.

No dia seguinte, Berling teve um ataque de pânico durante uma reunião com dois supervisores que o confrontaram sobre o “comportamento sombrio”, contou o advogado. O trabalhador foi demitido três dias depois por e-mail, com uma mensagem que sugeria que Berling representava uma ameaça à segurança de seus colegas.

Na ação judicial, a empresa justificou ter demitido Berling porque ele foi “violento” na reunião e havia assustado os supervisores que o mandaram para casa pelo resto do dia, tomaram suas chaves e avisaram ao pessoal de segurança que ele não tinha mais permissão para retornar.

Tenha acesso agora a todos materiais gratuitos da EXAME para investimentos, educação e desenvolvimento pessoal.

Um mês após a reunião, em setembro de 2019, Berling processou a empresa por discriminação por deficiência.

Ao fim de dois dias de julgamento, o júri alcançou um veredito no dia 31 de março, concluindo que Berling havia experimentado uma medida adversa tomada por seu empregador em razão de sua deficiência. Os jurados garantiram a ele US$ 150 mil em indenização pela perda de renda e benefícios, além de US$ 300 mil pelo constrangimento sofrido e pela perda de autoestima.

O juiz do caso ainda não emitiu sua palavra sobre o veredito, que foi noticiado pelo Link nky, um portal local de notícias.

Empresa vai recorrer do veredito

John Maley, adovgado do Gravity Diagnostics, disse no sábado que a empresa vai recorrer da decisão, argumentando ainda que um dos jurados violou determinações judiciais sobre obtenção de informações por fora do julgamento.

Maly afirmou que o caso não atendeu ao padrão para uma reivindicação relacionada à deficiência porque Berling nunca revelou seu transtorno de ansiedade à empresa e não atingiu o limite legal para se qualificar como portador de deficiência.

O advogado disse ainda que a empresa tinha o direito de demitir Berling — um técnico de laboratório com contrato de trabalho do tipo regido pela vontade própria, o que significa que ele poderia ser dispensado sem qualquer razão ou aviso prévio — porque ele havia cerrado os punhos, enquanto seu rosto ficou vermelho, ordenando a seus supervisores que ficassem quietos, o que assustou os assustou.

“Eles tiveram medo real de sofrer dano físico naquele momento”, disse Julie Brazil, fundadora e diretora executiva do Gravity Diagnostics, no sábado. “Eles continuam abalados com o ocorrido”, acrescentou ela.

VEJA TAMBÉM: Empresário que fatura R$ 749 mil por mês dá dicas para começar empreender 

Bucher, advogado de Berling, explica que a reação descrita pela empresa representa o esforço do trabalhador para se acalmar durante um ataque de pânico após seus supervisores criticarem sua reação na festa de aniversário.

Berling pediu a eles que parassem de falar e usou técnicas de contenção física, incluindo um movimento que Bucher descreveu como levar os punhos cerrados “sobre seu tórax, bem próximo, quase como abraçando a si mesmo”.

O trabalhador afastado de folga no dia do ocorrido e pelo dia seguinte. Já em casa, horas após o horário da reunião, ele enviou uma mensagem de texto a um dos supervisores se desculpando pelo ataque de pânico, conforme registrado no processo judicial.

Antes daquela semana, disse Bucher, Berling havia recebido “excelentes” avaliações mensais. A companhia disse que ele nunca obteve uma avaliação negativa nem fora chamado atenção, de acordo com os documentos.

Berling está feliz em seu novo emprego em uma escola, afirma o advogado, e apesar do aumento na frequência de suas crises de pânico após aquela semana de 2019, ela tem caído gradualmente.

VEJA TAMBÉM: 

Burnout: Como notar no corpo os sinais da exaustão por excesso de trabalho

Um termo em coreano para 'cabeça vazia' virou uma lição de saúde mental

Acompanhe tudo sobre:DemissõesEstados Unidos (EUA)EXAME-Academy-no-InstagramMercado de trabalhosaude-mental

Mais de Carreira

Pessoas inteligentes usam esses truques para serem produtivas e se estressarem menos no trabalho

Procura-se profissionais que queiram alavancar a carreira usando inteligência artificial

Boazinha, bombeira ou CLTreta? Qual perfil emocional reflete o seu jeito de trabalhar?

O que preciso saber para estudar ou trabalhar na Argentina