Olivia Colman como Elizabeth II: série tem mostrado o amadurecimento da rainha ao longo do seu reinado, que chegará a sete décadas em 2022 (Netflix/Divulgação)
Victor Sena
Publicado em 13 de novembro de 2020 às 14h13.
Última atualização em 13 de novembro de 2020 às 16h42.
Política, intrigas, corações partidos e um toque de conto de fadas. Esse pode ser um resumo da história da família real britânica nas últimas décadas. Desde 2016, a Netflix tem mostrado essa trama dentro do reinado de Elizabeth II desde a sua coroação na série The Crown.
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Neste domingo, estreia a quarta temporada da produção, com novos personagens entrando em cena. Os fãs vão finalmente ver a representação da primeira-ministra Margareth Tatcher e da princesa Diana, figura que deu dores de cabeça à rainha nas décadas de 80 e 90.
Em janeiro, a Netflix divulgou dados que mostram o sucesso da série. As três primeiras temporadas foram assistidas por 73 milhões de famílias. No Emmy deste ano, considerado o Oscar da televisão, a série teve 13 indicações.
A série tem mostrado o amadurecimento de Elizabeth II ao longo do seu reinado, que chegará a sete décadas em 2022. Lidar com a pressão, com o senso de dever e a imparcialidade política são alguns dos pontos abordados na interpretação das duas atrizes que detém da rainha: Claire Foy e Olivia Colman.
Para dois especialistas em carreira ouvidos pela EXAME, o enredo da série tem lições para qualquer profissional. Respeito à hierarquia, liderença pelo exemplo e resiliência são alguns deles.
Para Fernando Pedro, diretor-geral da Assigna, empresa especializada em contratação temporária, a série também aborda importantes temas sobre desenvolviimento pessoal. Entre eles, o executivo destaca a perseverança em liderar a nação como mulher, num cenário dominado pelos homens, o comprometimento pela causa, independentemente das suas aspirações individuais, e a perseverança.
Já o executivo Leonardo Freitas, CEO da Hayman-Woodward, empresa especializada em mobilidade global, ressalta as características que podem ser realmente aproveitadas no mercado de trabalho. Veja abaixo:
1, Respeito à hierarquia
"Principalmente no que tange ao início da carreira de qualquer profissional, o respeito à hierarquia deve ser sempre observado e seguido. A série evidencia isso em alguns trechos, como quando a rainha tenta impor a vontade dela em relação ao secretário pessoal que deveria ser substituído, já que o antigo estava prestes a se aposentar. A história depois mostrará que a rainha tinha razão em preferir seu primeiro secretário. Mas, a dica, aqui, é conquistar um posto de cada vez. Melhor subir degrau por degrau com passos curtos e bem dados".
2. Escutar os mais experientes
"Desde o início da carreira de Elizabeth como rainha, percebe-se a relevância de aprender com os mais experientes para adquirir capacitação necessária ao desempenho da função. Apesar de, desde pequena ter sido educada e orientada em suas atribuições como monarca e chefe da igreja anglicana, ela busca por conhecimento que não está nos livros, mas sim na vivência das pessoas. A contratação de um professor para que ela se informasse melhor sobre o mundo que a cercava, os aconselhamentos semanais com Churchill e as recorrentes consultas ao secretário particular de seu pai o Rei George VI, Tommy Lascelles, são alguns dos exemplos."
3. Acesso à informação
"Para se ter conhecimento acerca das ações a serem tomadas, é importante que a transparência seja colocada como objeto central de qualquer empresa ou instituição. Não há como se ter opinião assertiva sem ter conhecimento dos fatos. Por diversas vezes, a sabedoria de Elizabeth II prevaleceu, pois, suas atitudes eram bem pensadas e repensadas."
4. Atualização profissional
"Por diversos momentos ao longo da série, percebemos o quão importante foi adequação da Monarquia aos novos tempos, desde o primeiro anúncio de Natal (televisionado) com linguagem mais apropriada e humanizada da rainha. O que se percebe é que o profissional deve se manter atualizado ao surgimento de novas tecnologias e novos comportamentos, sem deixar de lado os conhecimentos tradicionais, técnicos e essenciais à função em questão."
5. Atenção às relações familiares
"Por mais que a série retrate uma história relacionada a um sistema político monárquico, que por conceito envolve a família trabalhando junta, a série deixa claro o quanto as relações familiares podem impactar a carreira dos envolvidos, por misturar sentimentos pessoais às questões objetivas. A rainha é mãe, esposa, irmã, mas também soberana e chefe da igreja. Porém, quando se diz respeito à carreira ela se veste de uma aura e conduz com maestria aquele legado. Um enorme ensinamento para que se evite a interferência da família em decisões; mas que também dedique tempo para a vida pessoal."
A quarta temporada de The Crown será disponibilizada no próximo domingo na Netflix e foca principalmente nos anos 80. A temporada é a última com o atual elenco, que deve ser renovado mais uma vez em 2021.