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Temas de redação de edições anteriores do Enem: lições e padrões

Análise dos últimos 15 anos revela preferência por direitos humanos, minorias e desigualdades sociais como eixos centrais das propostas de texto

O mais importante é entender que se preparar para eixos temáticos funciona melhor do que tentar adivinhar um tema específico. (Agência Brasil)

O mais importante é entender que se preparar para eixos temáticos funciona melhor do que tentar adivinhar um tema específico. (Agência Brasil)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 30 de outubro de 2025 às 17h31.

O Enem 2025 está chegando e com isso surgem milhares de especulações sobre o tema da redação. Devido à segurança do Inep, órgão responsável por aplicar o exame, não existe mágica nem outras vias para descobrir qual será a proposta escolhida. Entretanto, muitas pistas podem estar nas edições anteriores.

Em 2024, por exemplo, o tema foi "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil". Essa escolha seguiu uma linha já conhecida, com discussões sobre direitos humanos e reconhecimento de grupos marginalizados na sociedade brasileira.

Quais foram o tema da redação do Enem dos últimos 15 anos

A lista de temas desde 2010 mostra que o exame prefere questões sociais complexas, exigindo que os candidatos façam um reflexão crítica e propostas concretas de mudança:

  • 2024 — Desafios para a valorização da herança africana no Brasil
  • 2023 — Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil
  • 2022 — Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil
  • 2021 — Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil
  • 2020 — O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira (impresso)
  • 2020 — O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil (digital)
  • 2019 — Democratização do acesso ao cinema no Brasil
  • 2018 — Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na Internet
  • 2017 — Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil
  • 2016 — Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil
  • 2015 — A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira
  • 2014 — Publicidade infantil em questão no Brasil
  • 2013 — Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil
  • 2012 — Movimento imigratório para o Brasil no século 21
  • 2011 — Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado
  • 2010 — O trabalho na construção da dignidade humana

O que se repete nas escolhas da redação do Enem

Alguns eixos aparecem com frequência, sendo que o mais forte deles tem a ver com direitos humanos e o reconhecimento de quem fica à margem da sociedade.

Nos últimos anos, questões raciais ganharam destaque, sendo peça-chave da última edição, além dos povos tradicionais estarem no centro em 2022. Há ainda uma preocupação com cidadania básica, com o tema de registro civil de 2021 sendo um exemplo disso.

As questões de gênero formam outro eixo importante. O trabalho invisível das mulheres dominou 2023, e a violência contra a mulher foi tema em 2015. A dignidade do trabalho, aliás, já havia aparecido de forma mais ampla em 2010.

Como observado, a tecnologia entra nas propostas, mas sempre pelo lado social. Em 2018, a manipulação de dados na internet foi o foco, e três anos antes, em 2011, o tema discutiu os limites entre público e privado nas redes.

Saúde pública surge de tempos em tempos, mas tem sido incluída de forma mais abrangente em outros temas. O estigma das doenças mentais apareceu em 2020 na versão online, enquanto os efeitos da Lei Seca foram debatidos em 2013.

Um detalhe interessante é que a palavra "desafios" aparece bastante, assim como discussões sobre "invisibilidade" de grupos ou situações. Essa combinação marcou os temas de 2024, 2023, 2022 e 2021, e tem tudo para aparecer novamente nesta edição.

Apostas para a redação do Enem 2025

Olhando para esses padrões, dá para imaginar alguns caminhos prováveis. A tendência de falar de grupos vulneráveis deve continuar, possivelmente com novos recortes. Entre as apostas mais comentadas estão:

  • Direitos da pessoa idosa — o envelhecimento da população brasileira e o preconceito etário são temas que crescem em relevância e ainda não foram explorados na prova;
  • Tecnologia e saúde mental — impacto das redes sociais nos jovens, especialmente o consumo excessivo de conteúdo digital, tem ganhado atenção da mídia e de especialistas;
  • Inteligência artificial — dilemas éticos do uso de IA na educação e no mercado de trabalho, uma atualização dos temas tecnológicos já abordados;
  • Questões ambientais com viés social — desastres naturais, falta de saneamento básico e como isso afeta diferentes grupos da população;
  • Educação e acessibilidade — mudanças recentes no ensino médio, problemas de acessibilidade nas escolas ou a evasão escolar;
  • Trabalho análogo à escravidão — tema relevante que ainda não foi abordado em nenhuma edição;
  • Sistema de proteção da criança e do adolescente — citado por professores como uma aposta forte para as próximas edições;
  • Violência nas escolas — questão que ganhou destaque recente e dialoga com a realidade dos candidatos.

O mais importante é entender que se preparar para eixos temáticos funciona melhor do que tentar adivinhar um tema específico.

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