Carreira

Tática para o 2º tempo

Há 32 milhões de brasileiros com expectativa de vida acima dos 80 anos. É bem provável que você esteja nesse grupo. Saiba como se preparar para uma vida profissional mais longa

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2013 às 17h36.

São Paulo - As pessoas estão vivendo mais. Dados do IBGE mostram que a expectativa de vida do brasileiro é de 73 anos. Mas estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revela que há um contingente de 32 milhões de brasileiros que vivem acima disso.

Nesse grupo, a expectativa para os homens é de 81,9 anos e para as mulheres, de 87,2 anos. É bem provável que você faça parte dessa população mais longeva, já que o levantamento da UFRJ mostra que esses brasileiros pertencem às classes A, B e C, têm emprego formal e vivem principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Essa constatação aponta para uma nova realidade: as pessoas terão de trabalhar mais anos para se sustentar. 

A questão mais importante é: trabalhar onde e fazendo o quê? Muitos especialistas em carreira revelam que o tempo de permanência nas empresas está se tornando cada vez mais curto.

“Quando o profissional se aproxima dos 45 anos, se transforma em um dos principais alvos de cortes”, diz Matilde Berna, diretora de transição de carreira da consultoria Right Management. Some as duas informações — maior longevidade e menor tempo de carreira no mercado corporativo — e o resultado são dez, 15 ou 20 anos de carreira pouco planejados pela maioria dos profissionais.

“O fenômeno da longevidade impõe desafios e a solução está no planejamento”, diz Julio Sergio Cardozo, que hoje atua como consultor de carreira, depois de se aposentar há dois anos como presidente para a América Latina da Ernst & Young.  

Quando um profissional deve começar a se preparar para enfrentar esse cenário? “Desde cedo, se possível, logo que se conquista o primeiro emprego”, aconselha. Pode parecer precipitado alguém que mal saiu da faculdade já pensar no que deseja fazer daqui a dez ou 15 anos, mas planejar é importante para evitar armadilhas no futuro.

“Aquela ideia de emprego para a vida toda já era. É imprescindível estar preparado para mudanças frequentes”, diz Matilde. Opções é o que não faltam para quem se planeja. Desde abrir um negócio próprio, atuar em ONGs, dar aula, virar consultor e até ser coach de executivos.


O importante, segundo Julio Sergio, é não deixar a escolha para os 45 minutos do segundo tempo. “Após traçar uma estratégia de segunda carreira para o momento de ruptura com o trabalho atual, o ideal é colocá-la em prática, pelo menos, cinco anos antes de sair de cena”, diz.    

Falar sobre planejamento num mercado de trabalho dinâmico é complicado. Hoje em dia, a pessoa não sabe ao certo quantos empregos terá na vida nem quanto tempo ficará no mesmo cargo. Mesmo assim, fazer uma lista de objetivos de curto, médio e longo prazo sempre ajuda a tomar decisões de carreira e verificar a que distância está de seus sonhos.

Na hora de planejar, defina o que deseja fazer ao longo da carreira, onde imagina estar, com quanto dinheiro pretende viver. Essas questões são essenciais para estabelecer a direção que vai ser dada à vida profissional. Como o mundo muda cada vez mais rápido, revisar esse plano periodicamente é fundamental. “Faça um balanço dos resultados para avaliar o que deu certo e corrigir o que não funcionou”, recomenda Julio Sergio. 

A chave é poupar 

Para o administrador de empresas Albert Sales, de 30 anos, gerente de vendas da XRM Global, empresa de tecnologia, cuidar do presente de olho no futuro sempre foi uma preocupação. Sua estratégia é poupar muito e investir o dinheiro para ter maior autonomia para decidir sobre os rumos na profissão.

Albert pensa assim desde que começou a trabalhar, aos 15 anos, numa concessionária de carros. Poupando, conseguiu estudar inglês no Canadá e acaba de se matricular em um MBA na Business School São Paulo. O objetivo é dar aulas quando deixar o mundo das empresas.

“Esse é o momento de ganhar bagagem, e lá na frente colocar em prática meu projeto de pós-carreira”, diz Albert, que ainda pretende fazer mestrado. Em paralelo, ele investe 10% de sua renda num plano de previdência privada, recursos que servirão para a aposentadoria. 

Para Fábio Celeguim, de 37 anos, diretor financeiro da Subway Link, empresa da área de tevê corporativa, a necessidade de pensar na segunda carreira apareceu quando ele presenciou uma demissão coletiva na empresa em que trabalhava. Fábio tinha apenas 27 anos, mas sentiu a necessidade de se preparar para possíveis problemas ao longo da vida.

“Ao descobrir a diferença entre emprego e carreira, vi que não podia deixar minha vida na mão das empresas”, revela. Foi assim que decidiu desenhar um plano constituído de três etapas: dos 25 aos 35 anos, dos 35 aos 45 anos e dos 45 aos 50 anos. Em cada uma delas, há metas como o MBA que está terminando.  Fábio também não se esquece de ampliar seus contatos que o ajudarão a concretizar outra meta para a hora de pendurar as chuteiras — atuar em conselho consultivo ou de administração. 

Para chegar lá, o diretor financeiro reserva 15% do salário para aplicar na bolsa e em fundos de ações destinados a aposentadoria. Ele também possui plano de previdência, um só para ele e a mulher e outros para os filhos. “Procurei ter uma estratégia cuidadosamente planejada ao construir uma carreira sólida e uma base financeira suficiente para garantir um futuro sem sustos”, afirma Fábio. 

Fazer uma boa poupança é fundamental para ter independência financeira e fazer escolhas profissionais mais ousadas. Quem começa a investir mais cedo tem um horizonte maior para poupar com menor esforço.

“Quanto mais tarde o investidor começar a acumular, maior parte do salário terá de direcionar para a poupança”, diz Alexandre Assaf, especialista em finanças e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.

Aconselha-se que pelo menos 10% do salário seja guardado. Mas, segundo Alexandre, quando se chega aos 40 é recomendável aumentar o máximo possível o valor a ser poupado. “Se puder, guarde 30% do salário.” 

Lá pelos 50 anos, recomenda-se tirar o pé do acelerador. Essa é uma fase de privilegiar investimentos menos ousados, como renda fixa e poupança, e deixar o risco de lado. “A exposição a investimentos em renda variável deve cair à medida que o tempo passa e a capacidade de recuperar eventuais desvalorizações fica menor”, diz Carolina Mazza, da consultoria Mercer.

Outra dica é adotar um orçamento doméstico em que haja controle diário, mensal e anual dos gastos. É uma estratégia interessante para quem quer chegar lá tranquilo. Agora, se você não tem disciplina para administrar seu dinheiro, a opção são os planos de previdência complementar. 

Se ainda não deu o primeiro passo, acorde para a realidade e tenha uma aposentadoria de qualidade, sem sobressaltos. Ter consciência de que quanto mais cedo, melhor vai garantir a saída de cena menos traumática. Para isso é preciso não pensar apenas nas finanças, em ter um plano de previdência que garanta manter o mesmo padrão de vida.

Acima de tudo, é imprescindível criar um propósito para quando você deixar o dia a dia na empresa. Esse momento pode vir antes do que foi imaginado.

Acompanhe tudo sobre:Edição 142[]

Mais de Carreira

10 aplicativos para aprender inglês de graça

Com essas 10 dicas, você cria um perfil “campeão” no LinkedIn

15 frases que marcaram CEOs e podem alavancar a sua carreira

Tecnologia impulsiona carreiras: veja os 8 cargos mais promissores de 2025