Carreira

Suas táticas de estudo são “alemãs” ou “brasileiras”?

Aprender com a derrota ou desistir do projeto na 1ª reprovação? O professor Marcelo Hugo da Rocha compara estratégias das seleções de futebol e de concurseiros


	Taça e bandeiras: estratégia alemã deu certo, a brasileira, não
 (REUTERS/Marcos Brindicci)

Taça e bandeiras: estratégia alemã deu certo, a brasileira, não (REUTERS/Marcos Brindicci)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 16 de julho de 2014 às 10h06.

São Paulo - As diferenças na preparação das seleções brasileira e alemã para disputar a Copa do Mundo ficaram evidentes. Do lado alemão, o treinamento coletivo que alcança resultados. Do brasileiro, o improviso e o talento individual como grande salvação do time.

Os dois modelos de treinamento e comportamento (da equipe alemã e do time do Brasil) inspiraram o professor Marcelo Hugo da Rocha, autor das coleções “Passe na OAB” e “Passe em Concursos Públicos”, a comparar diferentes táticas de estudo e atitudes de quem sonha com a carreira pública. Confira o perfil do concurseiro “germânico” e o do “brasileiro”.

As táticas “alemãs” de estudo

1. Apreender com a derrota

Em 2002, os alemães perderam para o Brasil na final da Copa do Mundo. Em 2006, foi a terceira colocada, quando sediou a Copa de 2010. Também não conquistou a última Eurocopa. Fracassos? Aprendeu com todos eles, mas sem desistir do seu técnico.

Quem estuda para concursos públicos também precisa estar preparado para aprender com erros e reprovações. É raro conseguir sucesso logo na primeira tentativa. Existem casos? Sim, mas são poucos.

2. Valorizar o coletivo

“O conjunto sempre foi o mais importante para os alemães”, diz o professor sobre o comportamento dos jogadores daquele país, antes e durante a Copa.

Para os concurseiros, valorizar o coletivo pode ser entendido de duas maneiras, segundo o professor: estudar o conjunto das matérias, sem deixar nenhuma de lado, ou também apostar na diversidade de métodos de estudo.

Resolver questões, escolher cursos preparatórios, assistir a videoaulas, ler livros e apostilas. As opções são várias e vale experimentar cada uma delas para perceber o método mais adequado para cada um.

3. Treinar, treinar e treinar

Os alemães “estudaram” seus adversários e por isso estavam muito bem preparados para enfrentá-los.“O treino, a resolução de questões de provas anteriores é fator indispensável para quem pretende vencer a candidatos que disputam a sua Copa concurseira”, diz Rocha.

Resolver questões de provas anteriores, pesquisar os membros da banca, examinar editais e programas anteriores e comparar com o que realmente cai em prova é a melhor estratégia para conhecer o “adversário”.

As táticas “brasileiras” de estudo

1. Deu errado? Desista e comece do zero

No Brasil, os técnicos de futebol que perdem são logo jogados para escanteio. Em pouco mais de 4 anos, Dunga, Mano Menezes e Felipão passaram pelo comando da seleção. Nenhum deles foi mantido, diferentemente da seleção alemã que não desistiu do projeto mesmo frente a derrotas dolorosas.

O concurseiro que seguir “à maneira da seleção brasileira” vai pulando de concurso em concurso e desistindo de carreiras. Cada reprovação marca o fim de um projeto e o início de uma nova aposta, de uma nova escolha, um novo concurso.

2. Valorização dos “craques”

Nossas seleções sempre estiveram ancoradas em grandes craques. Romário e Bebeto em 1994, Ronaldo e Rivaldo em 2002, para citar os mais recentes.

Os craques, no mundo dos concursos, seriam aquelas matérias em que o concurseiro tem mais domínio e gosta de estudar. “Muitos estudam suas disciplinas preferidas na tentativa de compensar a falta de domínio e pontuação nas outras matérias na hora da prova”, diz Rocha.  Não diversificar métodos de estudo também entra nesta comparação, segundo o professor.

3. Improviso

A falta de planejamento tático da seleção brasileira durante a Copa do Mundo foi um dos pontos mais criticados. Principalmente nos dois últimos jogos, cada jogador da equipe tentava resolver o jogo do seu jeito, com a sua jogada.

Sem planejamento, o humor é que dita o ritmo. Em vez de criar um plano dividindo matérias pelos dias disponíveis para estudar levando em conta o peso delas na pontuação, o concurseiro “à brasileira” estuda o que tem vontade e por quanto tempo quer.

“Não monta organograma e segue improvisando”, diz Rocha. Na hora da prova mais improvisação, ou seja, aquela “estratégia” que já no nome traz o mundo da bola: chutes.

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