Stanford University (hanxu1011/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2017 às 19h00.
Última atualização em 19 de abril de 2017 às 19h00.
“Estou elevando os padrões porque aqui é Stanford!”, anunciou Jonathan Levav, professor de marketing da Stanford Graduate School. A declaração veio na aula introdutória do Stanford Ignite, curso intensivo de capacitação empreendedora que a instituição oferece em São Paulo entre agosto e outubro de 2017.
E veio logo após vinte minutos intensos de exercícios, em que Levav apresentava diferentes estruturas de inovação e em seguida exigia um brainstorm de cinco minutos em grupos feitos às pressas.
O intuito era mostrar que ideias de negócios – que naquela noite foram de redes de café em estilo self service a Ubers com destinos surpresa – não eram tão difíceis de criar se as ferramentas certas estivessem à mão. “Se eu tivesse colocado um papel em branco na frente de vocês não teria acontecido a mesma coisa.”
A aula também funcionou como um exemplo do cotidiano no Stanford Ignite, curso que tem como objetivo ensinar noções de negócios e inovação para capacitar empreendedores. “Não exigimos que você traga uma ideia. O objetivo aqui é entender o processo de inovação e sair com um conjunto de habilidades e estruturas que você possa utilizar quando quiser”, disse Levav.
O Stanford Ignite surgiu como demanda interna da própria universidade, que queria capacitar seus médicos e engenheiros que não sabiam como tirar as ideias empreendedoras do papel. Os professores logo perceberam que poderiam expandir seu alcance e que muitos fora dos Estados Unidos enfrentavam problemas e dúvidas similares. “Há alguns erros que você não precisa cometer”, resumiu Levav.
Hoje presente em seis países – a primeira edição em São Paulo aconteceu em 2015 –, o curso atende, além dos empreendedores em si, interessados em inovação e muitos intraempreendedores, que inovam dentro das empresas em que trabalham.
Ao todo, são sete fins de semana intensivos de aulas com professores da Stanford Graduate School, que cobrem diversos fundamentos de negócios e habilidades práticas, de contabilidade à falar em público.
Há também um programa de mentoria e um workshop de design thinking, processo de planejamento e inovação que surgiu na universidade e se espalhou pelo mundo. O curso culmina com a apresentação de um projeto desenvolvido em grupo para investidores brasileiros e americanos.
O investimento não é baixo, tanto em termos financeiros (são US$ 10 mil) quanto de dedicação (cerca de 250 horas no total). Para quem achou o preço salgado, a universidade também vai conceder algumas bolsas de 50% desse valor.
Quem fez no passado aprova o resultado, mas avisa que é preciso refletir sobre seus objetivos com cuidado.
André Arcas, por exemplo, é CEO da Woole, startup que ele descreve como “um Waze para ciclistas”, e integrou a turma de 2016. Formado em Direito pela Universidade de São Paulo, ele sentia a necessidade de se qualificar como empreendedor.
De quebra, acabou tendo sua ideia escolhida para ser desenvolvida lá dentro, o que possibilitava que ele trabalhasse nela com a ajuda dos colegas.
“Acredito que o Stanford Ignite tenha sido fundamental para me ajudar a construir uma visão mais crítica e analítica sobre negócios em geral”, conta. “Hoje tenho muito mais facilidade em olhar pra padaria do seu João e entender onde está a proposta de valor que ele oferece, quais são os desafios que ele tem e quais são os próximos passos para melhorar.”
Juliana Caputo, designer de serviços do Itaú, também estava em busca de uma base mais sólida de business. Pesquisando escolas de pós-graduação com foco em inovação e negócios, ela não conseguia encontrar nada com que se identificasse.
“Queria algo que não fosse ‘mais do mesmo’, que tivesse uma visão diferente, e no Ignite encontrei isso”, diz. “Aprendi principalmente como equilibrar a visão do cliente com a necessidade de ter o negócio e a ver os dois lados dessa equação.”
Antes de se comprometer com a carga, Juliana alinhou horários com seu gestor no banco e aproveitou todos os momentos livres para estudar. Os colegas de grupo fizeram o mesmo, conversando por Skype na hora do almoço ou marcando encontros à noite, depois do trabalho.
O curso não dá notas, e a intensidade do foco fica a cargo dos estudantes. “O retorno depende muito do esforço cada um para absorver a experiência dos professores”, continua ela.
Ciente em relação aos valores envolvidos, André aconselha colocar os prós e contras na balança. “Entre taxas e câmbio, o Ignite deve custar algo próximo de R$ 40 mil, o equivalente a cerca de um ano em uma das melhores universidades do país. Entre um e outro, eu escolho o Ignite sem pensar meia vez.”
Para ser elegível, é preciso ter um diploma de graduação em qualquer área e ter fluência em inglês. A inscrição pode ser feita online até 4/5.