Carreira

Sonhos (im)possíveis?

Terminar de pagar o apartamento novo, poupar 4 000 dólares para um curso de inglês da filha nos Estados Unidos, comprar o segundo carro e um imóvel pequeno. Maria Lelita Xavier e seus filhos -- Tassiane, de 18 anos, e Leonardo, de 16 -- já traçaram planos para o futuro, mas eles parecem impossíveis de […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h34.

Terminar de pagar o apartamento novo, poupar 4 000 dólares para um curso de inglês da filha nos Estados Unidos, comprar o segundo carro e um imóvel pequeno. Maria Lelita Xavier e seus filhos -- Tassiane, de 18 anos, e Leonardo, de 16 -- já traçaram planos para o futuro, mas eles parecem impossíveis de ser alcançados. Exigem um capital que a família Xavier não tem.

O curioso é que receita suficiente para bancá-los Lelita tem. Mestre em enfermagem, ela trabalha como enfermeira e professora em quatro empregos, que conferem o rendimento de 6 640 reais. Somado a aluguéis que recebe, no fim do mês o total é 7 530 reais. Entretanto, alguns desses planos já tinham sido deixados de lado porque ela não consegue economizar. O motivo: desorganização financeira. "Comecei agora, pela primeira vez, a anotar meus gastos diários", explica. Surpreendentemente, apesar da falta de organização, ela já conseguiu construir um patrimônio. Tem uma casa, em nome dos filhos, no valor de 150000 reais. É dona de um terreno de 5 000 reais no litoral do estado do Rio de Janeiro. E está pagando prestações de dois imóveis na zona norte da capital carioca. Hoje, Lelita e os filhos moram de aluguel no mesmo prédio onde já possuem um apartamento financiado. "Decidi mudar para que meus filhos tivessem privacidade. Por isso, aluguei meu imóvel e fui para outro maior, no mesmo prédio", explica.

Mas uma mudança já tem data para acontecer. Recentemente, Lelita reuniu todas as economias e deu entrada num novo apartamento. Por causa disso, a enfermeira teve de incluir prestações extras em seu orçamento. A partir de agora, por dez meses, ela pagará mensalidade de 1 200 reais. Após isso, ainda terá quatro prestações de 2000 reais. O objetivo de mais uma mudança é pagar taxas de condomínio mais baixas e eliminar o aluguel. Lelita é separada e assumiu sozinha todos os gastos da família -- em torno de 7 565 reais por mês. Nesse montante está incluída uma poupança compulsória de 450 reais. Por quê? O apartamento de Lelita que fica no mesmo prédio em que ela mora, de aluguel, está em litígio judicial. Na eventualidade de perder a ação, ela terá dinheiro para honrar a dívida. A filha mais velha, Tassiane, cursa faculdade de moda e dá aula de balé para crianças. O filho, Leonardo, ainda está terminando o segundo grau. Não há sobra no orçamento da família. A revista VOCÊ s.a. levou o caso da enfermeira ao HSBC. Taíbio Franzin, diretor do investment centre do banco, fez as seguintes sugestões:

Para começar

"Achei que ela estava querendo muito", diz Franzin. "Mas, se ela for organizada, conseguirá realizar tudo em quatro ou cinco anos." Ou seja, Lelita e seus filhos vão precisar de muita paciência, já que os anos de 2002 e 2003 servirão para acumular o dinheiro necessário. O essencial durante esse tempo é que ela tenha controle real sobre o que consome -- e faça poupança. Franzin elaborou uma planilha para os próximos quatro anos (confira no site http://www.vocesa.com.br). De início, ele propõe um corte nos gastos. O objetivo é fazer frente às despesas com a mudança, em julho, e cobrir o cheque especial. Ele sugere que Lelita guarde 600 reais nos primeiros três meses e 300 reais nos quatro meses seguintes. "Eles é que vão decidir onde devem cortar", diz Franzin. Ele recomenda ainda que ela renegocie a dívida no banco e a substitua por uma linha de crédito em seis parcelas de 240 reais a uma taxa de juro de aproximadamente 5% ao mês. No fim do período, ela terá 1 000 reais para a mudança e 1 440 reais para a linha de crédito. O resto deve ser usado para iniciar uma poupança. "É importante perder o péssimo hábito de usar o limite todo mês." Logo após a mudança e já eliminada a dívida do cheque, a ordem é aplicar todas as sobras mensais em fundos de investimentos.

Recompor a poupança

Um colchão de segurança de 9 000 reais já tinha sido construído para uma eventual perda da ação na Justiça. Acontece que Lelita usou esse valor para dar entrada num novo imóvel. Ao fazer isso, ficou vulnerável. Agora, precisa recuperar essa economia para, numa eventualidade, honrar a dívida sem se desfazer de nenhum de seus ativos. O diretor do HSBC sugere que, já em julho, ela guarde 65 reais, que serão sua sobra mensal na época, mais os 450 reais que ela já poupa. Em agosto, a sobra total passa para 625 reais, valor que poderá ser poupado até outubro. Somados aos 450 reais que ela guarda regularmente, conseguirá economizar 3 225 em três meses.

Para que a família Xavier não perca o controle das contas no fim do ano, Franzin calculou gastos extras de 550 reais nesse período (150 em novembro e 200 em dezembro e janeiro). A capacidade de poupança vai diminuir um pouco. Mesmo assim, nesses meses ela poderá poupar no total 7 060 reais, somando as sobras e o 13o salário. Ela deve colocar metade desse valor total num fundo DI e a outra parte num fundo de renda fixa. "Ela não deve confundir o ato de poupar com caderneta de poupança." A acumulação pode ser feita em outros tipos de investimento, mesmo os mais conservadores. Em dezembro, Lelita se livra também de uma prestação de 280 reais. Esse valor deve ser incorporado à poupança. Assim, em janeiro de 2003, ela terá voltado à condição inicial de 9 000 reais.

Criar liquidez

Não raro Lelita recebe parte de seu salário com atraso. Por isso, é essencial que tenha economias para pagar contas sem entrar no cheque especial. O ideal seria ter o equivalente a três meses de despesas -- 15 000 reais. Assim que a poupança de 9 000 reais for recomposta, Franzin aconselha que ela comece a guardar com esse objetivo. Isso poderá ser feito a partir de junho de 2003, uma vez que de fevereiro a maio entram no orçamento as parcelas de 2 000 reais do novo apartamento e ela não conseguirá poupar. Mas em junho do ano que vem Lelita contará com uma sobra de 1 945 reais -- já que terminará de pagar o novo apartamento. Até dezembro de 2003, a preocupação deve ser engordar a poupança. Franzin aconselha que o dinheiro seja investido 50% em fundos DI, 45% em fundos de renda fixa pré-fixados e 5% em fundos de ações. "Como esse é um montante que vai ficar guardado como segurança, ela pode diversificar e ainda respeitar seu perfil conservador." Franzin aconselha ainda que ela reveja a diversificação na época para ver se continua sendo a melhor opção.

Pagar o curso nos EUA

No fim de 2003, Lelita já poderá pensar em mandar Tassiane para os Estados Unidos. Para guardar os 4 000 dólares necessários, a estratégia é a seguinte: aplicar todas as sobras num fundo cambial. Franzin optou por esse tipo de fundo porque Lelita e a filha precisam se garantir em dólares. "É difícil prever a cotação da moeda daqui a quase dois anos, mas, trazendo a valores atuais, isso é o que ela precisa guardar", explica. Desse modo, em abril de 2004, Lelita terá economizado aproximadamente 10 000 reais e Tassiane poderá embarcar para os EUA.

Comprar um carro para os filhos

Lelita gostaria de ter um segundo carro para uso dos filhos. Franzin calcula que ela gaste aproximadamente 12500 reais num veículo popular usado. Para essa finalidade, ela deveria começar a poupar em abril de 2004, assim que terminar de guardar o necessário para a viagem da filha. Guardando as sobras até outubro daquele ano, ela poderá comprar o segundo carro.

Adquirir um imóvel para a mãe

Lelita deseja trazer a mãe para morar perto da família. "Ela já está numa idade que requer cuidados", explica. Para realizar mais esse sonho, Franzin sugere que, em outubro de 2004, as sobras mensais passem a ser poupadas também em fundos DI e de renda fixa. Poupando até dezembro de 2005, Lelita terá 40 000 reais para comprar um apartamento para a mãe.

Ao final dos próximos quatro anos, a família Xavier já estará acostumada a poupar e terá experimentado as vantagens de um planejamento financeiro. "Tudo isso depende exclusivamente da capacidade de organização deles", lembra Franzin. Daí para a frente, eles poderão traçar novos planos e será mais fácil economizar para transformá-los em realidade.

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