Celular: em uma tela menor o seu currículo é legível ou cansativo para os olhos? (Milicad/Thinkstock)
Camila Pati
Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 05h00.
Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 11h58.
São Paulo - Um bom teste para medir objetividade das informações de um currículo é experimentar se a sua leitura é agradável na pequena tela de um celular.
A ascensão dos aplicativos de mensagens instantâneas, como o WhatsApp e o Messenger, ao patamar das ferramentas de trabalho aumenta a cada dia as chances de que o currículo de um candidato navegue, em algum momento da jornada de busca de emprego, de um smartphone a outro. Daí a importância de checar a visibilidade do documento para plataformas móveis.
“Recebo muitos currículos por WhatsApp. As pessoas enviam diretamente e também por redes sociais”, diz Renato Trindade, gerente da Page Personnel.
Uma negociação de apresentação de candidatos pode ser feita por trocas de mensagens de WhatsApp, mas, via de regra, será finalmente documentada por e-mail, explica o recrutador. Não é que o e-mail esteja em desuso, mas tem sido mais utilizado para formalizar a comunicação.
A rapidez e a praticidade de apps como o WhatsApp estão alinhadas ao senso de urgência vigente no mercado, na opinião da gerente de operações da STATO, Nathalie Ohl. “A gente já se comunica dessa maneira no papel de cliente ou consumidor, por que não fazer isso no mercado de recrutamento?"
Modelos de currículo específicos para celular são desaconselhados pelos especialistas. O ideal é elaborar um documento adaptável aos mais variados tipos de telas. “O padrão do currículo segue mais a linha de atuação do profissional do que a plataforma de leitura”, explica Trindade.
Formas menos tradicionais de apresentação, currículos com mais imagens são bem aceitos na indústria criativa. Na área de TI, o foco do documento está no domínio das diferentes tecnologias e na área de vendas e finanças resultados numéricos devem imperar.
A regra geral para escrever seu currículo é a concisão. “Qualquer bloco grande de palavras é desconfortável. O currículo deve ter linguagem direta e informações em resumidas em tópicos”, diz Nathalie.
Para um executivo experiente, a formação acadêmica é menos importante do que os resultados atingidos. “Foco deve estar nos resultados e não na qualificação. Ninguém ‘contrata’ um monte de cursos”, diz o consultor e coach Jorge Neto.
Duas páginas é o tamanho máximo que o documento pode atingir, segundo os três especialistas. “Mas, eu ainda recebo currículos com cinco ou até seis páginas. Não tenho tempo de ler tudo”, diz Trindade.
Pecando pelo excesso, o candidato arrisca ser descartado ao não entregar com clareza as informações de que o recrutador precisa. “A leitura é dinâmica, um recrutador não vai ler um currículo como lê um artigo. Ele vai direto ao ponto”, diz Nathalie.
Manualmente ou via algoritmo a busca por palavras chaves do mercado em que a vaga está inserida é prática recorrente para lidar com o volume de informações. Termos importantes da atuação profissional devem estar presentes no currículo e também no perfil do LinkedIn.
O detalhamento da trajetória fica a cargo do perfil no LinkedIn cujo link deve estar presente no currículo. A rede social profissional é o primeiro lugar que será visitado pelo recrutador caso ele se interesse pelo candidato. “ É lá que ele vai procurar as conexões, verificar as recomendações e textos escritos pelo profissional”, diz a gerente da STATO.
Não é papel do currículo determinar ou não a contratação de um candidato porque as competências comportamentais só serão avaliadas na entrevista de emprego. “ As empresas têm olhado mais para o lado humano e o potencial que um candidato tem para resolver problemas, trabalhar em equipe, seu sistema de valores sua capacidade de raciocínio. Essas competências não estão no currículo”, diz Trindade.
Primeiro contato via WhatsApp é uma atitude tão ousada para o candidato quanto inesperada para o recrutador. “O recrutador não está esperando, deve ser breve. É bom lembrar que o celular pode ser de uso pessoal , por isso é bom explicar como conseguiu o número e não esperar uma resposta imediata”, diz Trindade.
Jorge Neto diz que para a abordagem inicial o e-mail continua sendo a ferramenta ideal. “ WhatsApp ainda é muito invasivo, melhor usar quando já for contato profissional conhecido”, diz.
Para evitar a lixeira do aplicativo, Nathalie Ohl, da STATO, indica que o horário comercial seja devidamente respeitado e que o candidato faça uma apresentação prévia antes de enviar o currículo. “Por que a mesma facilidade que eu tenho para deletar um e-mail que chega sem nenhuma apresentação, eu tenho de apagar uma mensagem de WhatsApp”, diz.