Salário: o guia também mostra algumas tendências na área de remuneração (Denis Novikov/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 17 de novembro de 2021 às 17h39.
Última atualização em 23 de dezembro de 2021 às 16h26.
No último ano, os salários na América Latina caíram 10% em média na comparação com o período de 2019 a 2020. Esse é um dos dados revelados no guia salarial da Show Me The Money, HRtech especializada em estudos salariais e com mais de 15 milhões de salários registrados.
Com essa base, é possível acompanhar e comparar remunerações no Brasil, Argentina, Peru, México, entre outros países onde a empresa atua.
Segundo Murilo Arruda, CEO e fundador da Show Me The Money, o objetivo do guia é responder uma das perguntas que ele mais recebeu em mais de uma década trabalhando no mercado de recrutamento: será que estou ganhando bem ou mal?
“Todo mundo acha que ganha menos do que deveria. E esse também é um ponto de dor para o RH, que não conseguem uma boa comparação para salários e benefícios”, diz.
Ao perceber a demanda dos profissionais e da área de RH, ele resolveu criar uma solução tecnológica para o mercado. Para isso, ele contratou especialistas em estatística e começou a desenvolver uma forma de criar uma base de dados parecida com o que tirava das entrevistas de emprego que fazia como recrutador.
“Em quatro meses, nós tínhamos um sistema com sete perguntas, pedindo a área, posição, nível de inglês, anos de experiência, formação acadêmica, nome e e-mail. Sete informações para processar na base e ter um relatório em 40 segundos falando quanto você deveria ganhar”, afirma.
E com a pesquisa anual, é possível ter uma visão geral de como estão os salários no Brasil e nos outros países da América Latina. E também analisar tendências para a área, como as três a seguir:
1. Maior força para os benefícios
No momento de crise e desemprego em alta, fica mais difícil conseguir negociar grandes aumentos. O executivo vê que a principal tendência que observada foi o aumento do peso do pacote de benefícios na hora de aceitar uma vaga.
“Vejo um aumento nas propostas rejeitadas por causa dos benefícios. O benefício tem ganhado mais peso no pacote total de remuneração, e dentro disso também pesa se a pessoa vai poder trabalhar de casa ou não”, diz.
2. Influência do câmbio
A tendência do trabalho remoto abriu as fronteiras para contratações de profissionais em qualquer lugar do mundo. É um movimento global no recrutamento, porém a valorização do dólar em relação ao real faz com que empresas estrangeiras voltem seu olhar para o profissional brasileiro.
“Com o rompimento dessa barreira da localização, vemos países perdendo a empregabilidade internacional por causa da moeda. O Chile, por exemplo, perdeu por ter salários altos e moeda valorizada. No Brasil, foi o movimento contrário. Já observamos como tendência os países criarem políticas públicas para não perder a empregabilidade local”, diz o executivo.
3. Maiores salários na tecnologia
Com as contratações em alta e falta de mão de obra no mercado, os salários na área de tecnologia da informação recebem o destaque em 2021. Em média, um analista pleno no Brasil recebe R$ 4.178 em uma pequena empresa. Já nas grandes empresas, o salário máximo para um profissional nesse nível é de R$9.596.
Quer saber se você ganha bem ou mal? Existem algumas variáveis que é preciso considerar e boa parte delas aparece nas perguntas que a Show Me The Money faz: área, tamanho da empresa e nível do cargo.
Nos gráficos a seguir, aparecem as médias salariais de acordo com esses três pontos. Para se comparar, também é importante considerar o momento da sua empresa e o tempo de experiência. O último gráfico ainda destaca a média de remuneração para a alta liderança.