Margareth Barreto, 41 anos, de Salvador: a gerente foi contratada para comandar a operação do Grupo Boticário no Nordeste (Pedro Accioly)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2013 às 12h20.
São Paulo - Nos últimos anos, as principais companhias de beleza e cosméticos ou se estabeleceram em algum dos nove estados do Nordeste ou ampliaram suas atividades na região.
O movimento é tão forte que dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) indicam que, em apenas um ano, o número de empresas do setor com operação no Nordeste cresceu 66%, chegando a 231.
Em 2011, a região respondia por 8% das fábricas de produtos de higiene e beleza no Brasil. No fim do ano passado, essa participação beirou os 10%.
O fenômeno é o mesmo que explica o que tornou o Nordeste a bola da vez em tantos outros setores: o crescimento da renda da população, que inseriu milhões de pessoas na classe média e tornou os consumidores da região objeto de desejo de qualquer companhia que queira crescer.
Hoje, a classe C responde por mais de 40% do consumo de produtos de beleza no país, segundo dados do Pyxis consumo, ferramenta desenvolvida pelo ibope. E o Nordeste tem papel crucial nesse processo, já que o crescimento da classe C na região de 2002 a 2009 foi de 50%, informa o Data Popular.
A pesquisa mostra que três em cada dez pessoas que ingressam na nova classe média são nordestinas. Apenas no Nordeste, os gastos com produtos para o cuidado pessoal devem fechar o ano em mais de 7 bilhões de reais. Por isso, o desempenho da região é um dos fatores que ajudarão o Brasil a se tornar ainda neste ano o segundo maior mercado do mundo para as indústrias de higiene pessoal e beleza.
Segundo a consultoria Euromonitor, o país ocupava, no fim do ano passado, a terceira posição, atrás apenasde Estados Unidos e Japão.
De olho no crescimento do mercado consumidor nordestino, empresas como Avon, Boticário e Natura já inauguraram ou vão inaugurar em breve operações importantes na região.
Como resultado, a busca por profissionais de todos os níveis ficou mais intensa. "No caso específico dos executivos de alta e média gerência, era comum que houvesse uma grande diferença salarial entre quem trabalhava no Nordeste e os profissionais do Sudeste. Com o ganho de importância estratégica do mercado nordestino, essa diferença está praticamente acabando", afirma Raphael Falcão, diretor para o Rio de Janeiro e região Nordeste da Hays, consultoria de recrutamento para cargos de direção.
Conhecimento local
Esse mercado está aberto tanto para profissionais que já atuam e conhecem a região como para aqueles que buscam uma transferência. "Para o executivo, é uma ótima oportunidade de somar qualidade de vida e um grande potencial de crescimento", diz Falcão.
Segundo ele, as empresas podem encontrar vantagens nos dois perfis, uma vez que um detém grande conhecimento da região e o outro costuma estar mais bem adaptado a mercados ultracompetitivos. Essa foi a estratégia adotada pelo Grupo Boticário ao decidir construir uma fábrica em um centro de distribuição no Nordeste.
As unidades, localizadas nas cidades baianas de Camaçari e São Gonçalo dos Campos, respectivamente, serão as primeiras da empresa fora das regiões Sul e Sudeste.
"Acreditamos que a integração entre executivos vindos de outras operações do grupo e gente com maior conhecimento do mercado regional é a melhor opção, porque torna possível que se mantenham os valores e a cultura da organização", afirma Lia Cristina Azevedo, diretora executiva de RH e sustentabilidade da companhia.
Até o fim do ano, as novas unidades do Grupo Boticário na Bahia vão gerar 529 empregos diretos na região. Uma das executivas já contratadas é Margareth de Albuquerque Barreto, gerente de desenvolvimento organizacional da empresa na Bahia.
Margareth, de 41 anos de idade, nasceu em Salvador e fez carreira na área de gestão de pessoas nas unidades baianas de companhias como as multinacionais Bosch, do setor automotivo, e Bridgestone, de pneus.
"Conheço o mercado baiano e sei como o colaborador daqui trabalha. Acredito que um profissional de fora teria mais dificuldade para engajar as pessoas no projeto", diz.
A decisão de integrar executivos da região com pessoas de outras partes do país também foi a opção da Natura, que ampliou em 2012 seu centro de distribuição de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, abrindo 300 postos de trabalho.
"Em algumas áreas, como marketing, é interessante contarmos com alguém com experiência ampla em mercados mais maduros", afirma Daniel Silveira, diretor executivo para Norte e Nordeste da empresa. "Em outras áreas, é fundamental contar com quem entenda muito bem a dinâmica da região."