Sofia Esteves: uma liderança atenta às mudanças da época e que vai garantir o sucesso do negócio nos próximos anos é uma liderança genuinamente interessada nas pessoas de diferentes origens, histórias e gerações (Divulgação: Luis Alvarez/Getty Images)
Fundadora e Presidente do Conselho Cia de Talentos/Bettha.com
Publicado em 26 de janeiro de 2024 às 12h20.
Última atualização em 26 de janeiro de 2024 às 12h45.
Eu confesso: nunca tinha escutado esse termo na minha vida — e a minha aposta é que você também não. Trata-se de uma gíria que vem do inglês, uma abreviação de charisma (ou "carisma", em português).
O engraçado é que muitos jornais que noticiaram a escolha de “rizz” como a palavra do ano pelo dicionário britânico Oxford comentaram exatamente a mesma coisa que eu: eles nunca haviam escutado tal expressão.
Se ela é tão desconhecida por uma parte da população, por que, então, foi eleita como o vocábulo que traduz o “zeitgeist” de 2023? Por que essa palavra reflete o espírito da época e as características do tempo em que vivemos?
Não vou entrar no mérito da escolha, afinal, existe uma equipe de linguistas e outros especialistas por trás dessa avaliação. O que me interessa, na verdade, é refletir sobre a influência cada vez maior da nova geração. Mais do que isso, fiquei pensando no quanto a liderança atual das empresas está inteirada sobre as mudanças que esse grupo vem provocando na sociedade.
Será que o comportamento da geração Z tem sido levado em consideração na hora de desenvolvermos produtos, serviços e ambientes de trabalho? Ou será que achamos que só os mais velhos “dão as cartas”?
O dicionário Oxford é uma publicação centenária, tradicional, e me chamou muito a atenção a escolha de uma expressão que não é comum a todas as pessoas, mas popular entre a “gen Z”. Revela um entendimento de que a influência do grupo jovem é crescente e deve ser estudada.
Não que, para exercer uma boa liderança, você precise estar em dia com todas as gírias, expressões e trends das redes. Longe disso!
O que a escolha da Oxford me fez pensar é que a influência da geração Z tem ganhado proporções cada vez maiores e isso exige uma postura diferente das empresas.
Sei que não é de hoje que esse grupo provoca transformações, mas fica a dúvida se a liderança das companhias está dando a importância devida a esse movimento.
Você, na posição de líder, está verdadeiramente pronto para gerenciar, inspirar e desenvolver pessoas mais novas? Você entende e sabe dialogar com esse público? Você se preocupa com isso?
Ano após ano, a Cia de Talentos conduz a pesquisa Carreira dos Sonhos e uma de nossas descobertas na última edição foi que já não dá para fazer aquela gestão de pessoas padronizada e genérica, uma abordagem de "tamanho único". Como expliquei em outro artigo, a personalização é o novo “padrão”.
Para isso, é necessário conhecer a sua equipe de maneira mais profunda e abraçar as diferenças — fazer o que, em algum grau, a equipe do dicionário fez.
Uma liderança atenta às mudanças da época e que vai garantir o sucesso do negócio nos próximos anos é uma liderança genuinamente interessada nas pessoas que já ocupam o mercado de trabalho e naquelas que estão entrando nesse espaço. É uma liderança interessada nos profissionais de diferentes idades, origens, histórias e dedicada a promover o encontro de gerações.
Conhecer a gíria “rizz” é um detalhe, mas saber dialogar com quem usa essa expressão é fundamental.